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quarta-feira, setembro 22, 2004

Chefe do Banco Mundial se diz preocupado com soja

O presidente do Bird (Banco Mundial), James Wolfensohn, disse ontem a ambientalistas brasileiros estar "preocupado com a introdução da soja" na Amazônia e disse que irá analisar pedido feito por eles de exigir avaliação ambiental rigorosa de um projeto do banco para financiar a expansão da lavoura em Mato Grosso.
Durante uma teleconferência com representantes do Fórum das ONGs brasileiras, que reúne 19 entidades, Wolfensohn afirmou que se sentaria com colegas do banco e do IFC (braço do Bird que cuida de financiamento à iniciativa privada) para "discutir a classificação desse projeto".
A Folha adiantou no último domingo que as ONGs tentam convencer o Banco Mundial a classificar de forma diferente um pedido de financiamento de US$ 30 milhões do Grupo André Maggi -de propriedade da família do governador do Estado, Blairo Maggi- para expandir em 250 mil toneladas anuais a produção de soja no leste de Mato Grosso.
A categoria proposta pelos ambientalistas é a A (alto risco ambiental). O pedido feito pela empresa ao IFC propõe que o projeto seja posto na categoria B (menor risco). A proposta deve ser votada amanhã pelo Conselho do IFC.
Nos últimos dois meses, as ONGs escreveram a Wolfensohn duas vezes pedindo que o banco reavaliasse o projeto. "Só ontem [anteontem] tomei conhecimento de sua carta", afirmou.
O Grupo Maggi afirma que a expansão da soja não é um fator de alto risco ambiental. Os sojicultores geralmente ocupam áreas nas quais a floresta já havia sido derrubada -primeiro seletivamente, para a extração de madeira, depois em corte raso, para pasto.
"A soja praticamente não abre fronteira", disse à Folha o diretor ambiental da Maggi, Ocimar Villela.
Ele afirma que o grupo empresarial nunca foi consultado pelas ONGs sobre a reclassificação do pedido de financiamento, mas que já havia sido comunicado pelo próprio IFC que o projeto estava sendo reavaliado. "Nunca nos chamaram para conversar."
Para Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra, a questão diz menos respeito ao Grupo Maggi que ao Bird, que tem um registro histórico de financiamentos a projetos social e ambientalmente danosos no passado.
"Ao dizer que pode emprestar [dinheiro] para a Maggi na categoria A, [o banco] pode emprestar também para a Bunge ou para a Cargill, por que não?" Segundo Smeraldi, isso pode criar "um precedente para soja, algodão e até gado na Amazônia".
Villela diz que a questão do precedente é relativa. "Primeiro, é preciso saber de que parte da Amazônia se está falando."
A área para a qual se pleiteia o financiamento, o leste de Mato Grosso, compreende as cabeceiras do rio Xingu e o próprio Parque Indígena do Xingu. Ela está na chamada mata amazônica de transição, o ecossistema mais ameaçado da Amazônia.
A conta de Smeraldi é que uma expansão de 250 mil toneladas de soja ao ano -equivalentes a 80 mil hectares de plantações novas- necessitaria de até 300 mil hectares de propriedades, para cumprir a exigência de reserva legal.
"Ali, para instalar propriedades de 300 mil hectares, ou você entra em áreas novas ou desloca pecuária", disse.

Fonte: Folha de SP

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