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quarta-feira, março 18, 2015

EMBRAPA: Transferir tecnologia é falar o que o produtor deseja e precisa escutar



Dinapec 2015 cumpre a missão ao abordar assuntos e problemas da rotina rural 



Mosca-da-bicheira, do berne, dos chifres e dos estábulos. Pragas para a pecuária nacional que podem causar prejuízos econômicos para os produtores, principalmente, em condições inadequadas de manejo e próprias para a proliferação. Em 2011, nos dados do IBGE, esses parasitas ficaram somente atrás do carrapato-do-boi,Rhipicephalus (Boophilus) microplus, em números significativos de perda de rentabilidade para os bovinocultores de leite e corte do País. São mais de US$ 3,60 bilhões de dólares em impactos negativos no bem-estar animal e na produtividade e economia brasileira.



Nos últimos anos, com os incentivos federais para a expansão do setor sucroalcooleiro em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Minas Gerais, a mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans), antes ectoparasita presente e de pouca relevância, passou a praga temida e perseguida pelos pecuaristas vizinhos às usinas de cana-de-açúcar. A situação piora quando se observa o Brasil em 1º produtor mundial de açúcar fortalecendo o setor energético e consolidando a vizinhança indigesta.



A mosca-dos-chifres (Haematobia irritans), por sua vez, com o passar dos anos, desenvolveu populações resistentes a alguns pesticidas, causando um déficit nos programas de controle sanitários. As duas espécies de mosca e o carrapato-do-boi foram assuntos de um dos últimos roteiros tecnológicos da Dinâmica Agropecuária – Dinapec, em Campo Grande-MS, e atraiu grande número de produtores, estudantes e técnicos para a vitrine tecnológica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, dada a importância dos temas para o setor agropecuário.



Fazenda e usina – A convivência do produtor com a nova vizinha o faz reconhecê-la sem lupa. A mosca-dos-estábulos é encontrada próxima a estábulos e confinamento e apesar de semelhante a doméstica diferencia-se por seu aparelho bucal e sua marca registrada é a picada forte que incomoda o animal, causando desinteresse pelo alimento, perda de peso e morte.



“Tínhamos uma situação X, na qual o pecuarista convivia com uma pequena quantidade de moscas dentro de sua propriedade, que se alimentava de matéria vegetal em decomposição. Então, chegou a usina. A palha não pode ser mais queimada por lei. A vinhaça não tem onde ser jogada e ainda há a torta de filtro. A mosca que antes não tinha espaço, agora tem uma grande área para se reproduzir e alimentar e aí o cenário muda”, explica Paulo Henrique Duarte Cançado, pesquisador da Embrapa.



De acordo com Cançado, a nova situação por hora não tem solução mágica, as pesquisas estão em andamento e, enquanto isso, pecuaristas e usineiros devem adotar medidas simples e rotineiras, além de bom senso. “Temos um longo caminho a trilhar tanto de desenvolvimento de soluções quanto de treinamento e conscientização. É um trabalho em conjunto e a participação dos dois lados é importante. Nos municípios em conflitos com uma parte culpando a outra, a situação só piorou. Entretanto, naqueles onde caminharam juntos, cada um tentando fazer a sua parte, se ajudando, os problemas não foram 100% resolvidos, mas amenizaram”.



Entre as medidas, cita o médico-veterinário, para a propriedade são: a higiene das instalações, a remoção e o destino adequado dos resíduos alimentares, dejetos e matéria orgânica, a drenagem da água da chuva e revolver o material de compostagem. Para a usina, há critérios - quantidade, loção e período - para se jogar corretamente a vinhaça, subproduto da cana-de-açúcar, sobre a palha, e um manejo adequado da torta de filtro, outro produto secundário e produzido em toneladas diárias, para acelerar seu processo de reciclagem.



Rápida e inquieta – Acelerado é seu ciclo de vida. No verão, por exemplo, facilmente se tem duas gerações; e irritante seu comportamento, essa é a mosca-dos-chifres. Enquanto a mosca-do-bagaço se alimenta e não volta, a do chifres permanece 24 horas sobre o hospedeiro, picando entre 25 e 40 vezes ao dia (macho ou fêmea), por três a quatro minutos, fazendo-se lembrada, mesmo com metade do tamanho.



Segundo o entomologista Antonio Thadeu Medeiros de Barros, o controle pode ser biológico, por meio de competidores, como o besouro rola-bosta; de parasitoides, como a vespa; e de predadores, as formigas. Há também o controle cultural, com armadilha, no qual 50% da infestação é reduzida, porém não serve para gado de corte, pois a adoção é diária; e com a redução de massa fecal, que para grandes rebanhos é impraticável; e ainda há o integrado e o químico, “mais fácil, simples e de alta eficácia”, sublinha Thadeu.



Pulverização com bombas costais manuais é o método químico mais barato e “onde mais se erra, porque não foi pensado para tratar 100-200 mil cabeças. Ao final, o técnico está ‘benzendo’ o gado, não protegendo. A aplicação de volumes bem menores que o recomendado (4 a 5 litros/animal) reduz o período de eficácia do produto e compromete a eficiência do tratamento”, alerta o pesquisador. Para ele, o aconselhável é o uso do brinco inseticida, que respeitando o prazo de validade (90 e 150 dias), as chances de erros são menores e a eficácia maior.



Os tratamentos, por sua vez, são táticos e estratégicos. “Os táticos são de ação imediata, em função de uma alta infestação no rebanho. Podem ser realizados em qualquer época do ano, normalmente, no período chuvoso. O importante é ser realizado quando for efetivamente necessário, do contrário, causa mais prejuízo que benefício”, adverte. Um critério para a tomada de decisão é o comportamento animal, como o aumento na freqüência de movimentos, entre eles, a cabeçada. Já os estratégicos, segue Thadeu, são estudos ecológicos sobre a dinâmica populacional da mosca, seus picos de infestação. “É possível colocar o planejamento estratégico no calendário sanitário da propriedade. Mais que escolher o método, é usá-lo adequadamente”.



Encerramento Dinapec – Com o dobro de público estimado, a 10ª edição da Dinapec encerrou-se na última sexta-feira (13). Com uma herança familiar e vindo de Aquidauana-MS, o produtor Nilton de Carvalho Filho participou durante os três dias de Dinâmica, acompanhando até o final os roteiros de manejo de pastagem, melhoramento animal, sanidade, dentre outros. Advogado por formação “foi um aprendizado intensivo, com novos conceitos a serem incorporados. Nos roteiros, notamos que fazemos algumas coisas erradas na propriedade e na volta ajustaremos”.



Parceira de outras edições, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer/MS) se organizou com os escritórios do interior e trouxe ao evento, aproximadamente, 360 pessoas, entre pequenos produtores e técnicos do Estado. O envolvimento maior da instituição, com mais de 30 funcionários colaborando, permitiu, para o pesquisador Vitor Corrêa de Oliveira, que os produtores levassem um aprendizado consistente, pois “além de despertarem nas palestras, as oficinas práticas demostravam que era possível melhorar a atividade. Isso fortalece a confiança na extensão rural”, afirma.




Esse estímulo não aconteceria sem o empenho da Unidade da Embrapa em Dourados. “Todo o processo foi realizado conjuntamente: a definição do tema central a ser abordado, a partir de a prospecção prévia de demandas; a definição dos subtemas (atividades a campo) e as oficinas; a metodologia a ser utilizada e os profissionais”, detalha o pesquisador da Embrapa, Milton Parron Padovan. Ao final, o especialista em agroecologia acredita que bovinocultores de leite conseguirão promover melhorias em seus sistemas de produção e, consequentemente, na qualidade de vida de suas famílias.



Para o presidente da Câmara Setorial de Ovinocaprinocultura de MS e coordenador do Núcleo Regional Centro-Oeste da Embrapa, Fernando Alvarenga Reis, os produtores interessados em iniciar a atividade, cerca de 70% visitantes no roteiro, também saíram munidos de novas informações e ânimo. “Abordamos os temas das últimas versões - ovinos na integração lavoura-pecuária (Embrapa), confinamento de cordeiros (UFMS) e ovelha pantaneira (Anhanguera-Uniderp) - e trouxemos o PDOA, embarque coletivo de cordeiros, conduzido pela Asmaco, Sistema Famasul e Iagro. As questões ligadas à comercialização são pertinentes e o modelo disponível permite a formalização do negócio, mesmo para aqueles com poucos animais na criação”.



Reis ainda frisa que “os contatos estabelecidos e a troca de experiência foram fundamentais. Mesmo com o fácil acesso à tecnologia virtual, o contato faz falta”. E a Dinapec, com o passar dos anos, tornou-se nisso, “um evento mais prático e dinâmico, no qual o visitante interage com o palestrante”, completa Websten Cesário da Silva, um dos coordenadores da Dinâmica. O analista de transferência de tecnologia (TT), enxerga que este é o momento da Empresa repensar seu formato clássico de TT, criando mais espaços para ouvir o produtor. “A Dinâmica nesta edição buscou isso: escutar mais e falar menos”. Para 2016, um grupo de trabalho formado pelas Unidades da Embrapa e parceiros, como Fundação MS, Senar/MS e Agraer, pensará a nova edição. 







Redação: Dalízia Aguiar (DRT/MS 28/03/14), jornalista Embrapa
Núcleo de Comunicação Organizacional - NCO
Embrapa Gado de Corte
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Campo Grande/MS

LUIZ FLÁVIO GOMES: COMO DILMA PODE SER INVESTIGADA CRIMINALMENTE



POR LUIZ FLÁVIO GOMES


Rodrigo Janot (Procurador-Geral da República) e Teori Zavascki (ministro do STF e relator do caso Lava Jato) estão equivocados (data vênia): não há nenhum impedimento legal ou constitucional para investigar se Dilma Rousseff (e seu partido: o PT) teria recebido, em 2010, sob a forma camuflada de "doação eleitoral", dinheiro gatunamente surrupiado da Petrobras. Ao que tudo indica, a cleptocracia nacional (roubalheira das classes dominantes e reinantes) estaria, de forma surreal (por meio de doações eleitorais) lavando dinheiro infecto vindo da corrupção. Eventuais contradições nas falas de Paulo Roberto Costa e Youssef (delatores-gerais da república cleptocrata) não constituem obstáculos, ao contrário, são motivos energizantes da investigação.

Nada impede tampouco (aliás, tudo recomenda) que se investigue se o dinheiro, eventualmente dado a Sérgio Guerra (R$ 10 milhões) e a Eduardo Campos (R$ 20 milhões), teria também beneficiado o PSDB (campanha de José Serra de 2010) e o PSB (campanha ao governo de Pernambuco em 2010) como "petropropinas que viraram doações eleitorais". Todos os partidos suspeitos (companheiros, atentem, todos!) devem ser devidamente investigados para o efeito de se constatar se é verdadeira a tese (que já ganhou foros de voz corrente) de que eles se transformaram em facções criminosas organizadas para pilharem impiedosamente o patrimônio público. Em caso positivo, devem ser extintos tais partidos, sem dó nem compaixão. O expurgo de tumores corruptivos gera a profilaxia do corpo societal e estatal.

O princípio republicano exige que o Brasil (incluindo a corrupção das suas classes sociais dominantes e reinantes) seja passado a limpo (desde a raiz). Investigar a presidenta (e) Dilma por atos supostamente criminosos e ladravazes não é a mesma coisa que abrir "processo" contra ela. Janot e Teori, neste particular, confundiram as coisas (quando arquivaram a possibilidade de investigação de Dilma, citada 11 vezes nas delações até aqui reveladas). Tudo foi didaticamente bem explicado pelo min. Celso de Mello no Inq 672-DF. Abriu-se investigação apenas contra Palocci (que teria sido o intermediário de um empreendimento criminoso com fachada de "doação eleitoral"). Mas a investigação precisa ir mais fundo, para alcançar os "andares de cima" assim como os pilares corroídos dos partidos políticos. Limpeza pela metade é típica de um País de faz de conta. É uma farsa.

O citado art. 86, § 4º, da Constituição, diz que "O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções". Leiamos com atenção: não pode ser "responsabilizado", ou seja, "processado criminalmente em juízo" e, eventualmente, condenado, por atos estranhos às suas funções. Estranhos ou anteriores às funções, como foram os atos da campanha eleitoral de 2010. O que se prevê na norma citada é uma imunidade temporária do chefe do Estado. Imunidade relacionada com o "processo criminal" (em juízo), não com a investigação (ato de comprovação de um crime). Investigados todos podemos ser (quando há indícios mínimos de uma infração penal). Mesmo porque, se os fatos não forem investigados as provas (com o tempo) desaparecem. Sem provas jamais haverá condenação. Imunidade temporária do Presidente da República não significa impunidade perpétua (que é o privilégio desfrutado pelas classes dominantes e/ou reinantes). Investiga-se o fato e processa-se o presidente depois de cessadas suas funções.

O sistema republicano é absolutamente incompatível com o princípio da irresponsabilidade penal absoluta do Presidente da República. O Brasil é uma república, não uma monarquia. Dilma é presidente (a), não Imperadora ou Rainha. Não existem poderes ilimitados na República. Falar de República é falar de responsabilidade (de todos). Até o Presidente da República é súdito das leis vigentes.

Nos crimes funcionais (praticados "in officio" ou "propter officium") o Presidente da República pode ser processado criminalmente (perante o STF) durante o exercício do seu mandato (exige-se aprovação da acusação por 2/3 da Câmara dos Deputados). Nos outros crimes (estranhos à função ou anteriores a ela) o "processo criminal" não pode ser instaurado, mas pode haver investigação (aliás, pode e deve). É essa lógica incensurável que o STJ aplicou (na semana passada) para autorizar a investigação dos governadores Pezão (RJ) e Tião Viana (AC). Governador não pode ser "processado criminalmente" sem autorização da Assembleia Legislativa. Mas ser "processado" não é a mesma coisa que ser "investigado".

O agravo regimental interposto pelo PPS contra o ato do ministro Teori Zavascki que mandou arquivar de plano as investigações criminais contra Dilma deve ser acolhido. Suas eventuais condutas criminosas não podem ficar no esquecimento. Dilma deve ser investigada criminalmente. Impõe-se, de outro lado, que o Procurador-Geral da República abra uma linha de investigação específica contra os partidos políticos. Se confirmada a tese de que se converteram em facções criminosas organizadas (por terem recebido "petropropinas" numa ação orquestrada), devem ser extintos e banidos do cenário eleitoral brasileiro. Somente assim o Brasil será passado a limpo.

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