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quarta-feira, julho 30, 2014

#ÉMentiradoPT: Pérolas e mentiras de Dilma na Sabatina da Folha!

Durante sabatina realizada na segunda-feira (28/07) a presidente Dilma Rousseff tropeçou em suas próprias mentiras ao falar de temas como sua rejeição, o Minha Casa Minha Vida em SP e tentar explicar por que guarda mais de R$ 150 mil em casa.




Isto é melhor que programa humorístico! Vai concorrer com o PÂNICO e CQC!

O QUE É R$ 10 MIL? PARA DILMA É NADA!

REINALDO AZEVEDO: Terror petista – Cabe perguntar, a partir de hoje, as análises que bancos fazem a seus clientes buscarão atender aos interesses de quem?

Muito bem! A analista que foi considerada a responsável por ter anexado a extrato de correntistas uma análise sobre o comportamento dos indicadores econômicos vis-à-vis à posição de Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais foi demitida. Lula pediu a cabeça da moça a seu amigão, Emilio Botín, presidente mundial do Santander, e o banqueiro deu o que ele queria. Vale dizer: o chefão petista investiu e obteve os devidos dividendos eleitorais. A partir de agora, uma questão está criada — e não só para o banco que troca cabeças por gentilezas do petismo.

Bancos também atuam como consultores de investimentos. Não são meros lugares em que se deposita o dinheiro. Em qualquer democracia do mundo, um episódio como esse nem mesmo seria notícia. Por aqui, virou um escândalo em razão da mistura sempre explosiva de ignorância com má-fé política. Não só isso. Somos também um país viciado em arranca-rabo de classes. Os que receberam a tal avaliação eram correntistas com contas acima de R$ 10 mil. Foram tachados de “ricos” por setores da imprensa. Ricos? Bem, num país em que uma família com renda per capita de R$ 300 já é considerada pelo governo “classe média”, tudo é possível.

Pergunto: doravante, as análises que o Santander e os demais bancos oferecerem a seus clientes têm alguma validade ou serão redigidas pelo medo e pela patrulha? Quando os consultores das instituições financeiras emitirem as suas opiniões, estas terão sido, antes, submetidas ao Comitê de Censura do Petismo? Se uma opinião considerada incômoda a um partido rende pedido de desculpas e demissão, devo entender que as que não rendem podem até estar em desacordo com a realidade, mas adequadas àquilo que pensam os poderosos de turno?

De resto, insisto num aspecto: a moça demitida do Santander não disse nada que não tenha sido dito na Folha, na VEJA, no Estadão, no Globo, na Globo ou na Jovem Pan. Aí o idiota grita: “Ah, mas essa é a mídia golpista”. Errado! A bancária demitida não afirmou nada além do que o próprio Lula vem afirmando, com uma única diferença: ao fazê-lo, ele usa o episódio para exaltar Dilma. A ex-analista do Santander se limitou a fazer uma constatação.

Esse episódio é vergonhoso e dá conta da cultura autoritária de um partido político, incapaz de conviver com a divergência. A presidente Dilma, numa avaliação tacanha, considerou que a análise enviada aos correntistas era uma tentativa de o mercado interferir nas ações de governo. É mesmo? Ainda que assim fosse, o que haveria de errado? Quando a CUT, o MST, o MTST e um sem-número de siglas tentam interferir nas políticas públicas, tal inciativa é ou não legítima? E olhem que há uma diferença brutal: com alguma frequência, esses entes que cito não se manifestam apenas por meio de notas, mas da ação direta, que cassa direitos de terceiros sob o pretexto de defender… direitos.

Nesta quarta, por exemplo, falaram na Confederação Nacional da Indústria os presidenciáveis Eduardo Campos, Aécio Neves e Dilma Rousseff. Já no evento da CUT — uma entidade financiada com dinheiro público, dos trabalhadores, forçados a financiá-la por meio do imposto sindical —, só o petismo tem voz; só o petismo é convidado a se manifestar, numa afronta escancarada à Lei Eleitoral.

A síntese é a seguinte: a analista do Santander foi demitida sem ter descumprido um milímetro da lei. Dilma será aplaudida amanhã, em evento da CUT, transgredindo a lei. Ou tentem me provar que estou errado.

UCHO.INFO: Pressionada durante entrevista, Gleisi sai em defesa de ex-assessor, o pedófilo Eduardo Gaievski




Depois de fugir da imprensa durante longos meses para não falar sobre o hediondo escândalo envolvendo Eduardo Gaievski, seu ex-assessor especial e preso pelo estupro de 28 meninas – todas pobres, menores de idade (14 delas vulneráveis, menores de 14 anos, uma delas de 5 anos) – Gleisi Hoffmann, candidata do PT ao governo do Paraná, ficou sem saída durante entrevista à “Rádio Banda B”, de Curitiba, na terça-feira (29), e teve de falar sobre o pedófilo.

Gleisi acabou defendendo o pedófilo, mas abusou do cinismo ao alegar que levou Gaievski para a Casa Civil da Presidência da República como assessor especial e encarregou-o de cuidar das políticas do governo federal para saúde e para crianças e adolescentes. Ressaltou a petista que Eduardo Gaievski foi um grande prefeito de Realeza, cidade do interior do Paraná. “Foi eleito com uma grande vantagem e reeleito com 80% dos votos e foi um prefeito que ganhou prêmio com relação à saúde. Foi um dos motivos que me levou a convidá-lo para me ajudar num programa de saúde do governo federal”.

Sobre as vítimas de Gaievski, nem uma palavra de solidariedade (embora o pedófilo esteja sendo processado por 28 estupros comprovados, a estimativa é que tenha molestado até 200 meninas). A petista limitou-se a dizer que ficou “muito triste” e que, como a cidade de Realeza, “eu não tinha nenhum conhecimento sobre o caso”.

Existem muitas dúvidas sobre a alegada ignorância de Gleisi Hoffmann sobre as atividades monstruosas de seu ex-auxiliar. Gaievski jamais fez segredo dos seus estupros e gabava-se, em roda de amigos, de manter relações com menores de idade. O pedófilo carregava no celular as fotos de mais 50 adolescentes nuas com quem havia mantido relações sexuais. Os abusos de Gaievski eram bastante conhecidos não apenas na cidade de Realeza, mas também e principalmente na cúpula do PT paranaense.

O Ministério Público investigava Gaievski há mais de dois anos quando Gleisi levou-o para a Casa Civil. Até hoje não se sabe como o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a quem cabe investigar o currículo dos indicados a cargos palacianos, não encontrou a ficha do pedófilo que à época já estava disponível na internet. A única explicação viável – além de uma sobrenatural incompetência dos serviços de informação do governo – é que alguém bancou a indicação de Gaievski, apesar dos alertas sobre a inconveniência de levar alguém com esse perfil para o Palácio do Planalto e que durante meses trabalhou a poucos metros da presidente Dilma Rousseff.

Sobre André Vargas, coordenador de sua campanha ao governo do Paraná, Gleisi também abusou do cinismo e defendeu o deputado. Afirmou que Vargas era um deputado com grande importância, era vice-presidente da Câmara e tinha muitas relações políticas. Alegou também a senadora-candidata que ficou surpresa com a “situação que o acabou afetando”. André Vargas é causado pela Policia Federal de ser o sócio oculto do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato.

Os “homens fortes” de Gleisi compartilham situações complicadas. André Vargas, coordenador de campanha, foge da Comissão de Ética da Câmara Federal, numa tentativa de evitar a cassação de mandato. Eduardo Gaievski, preso em uma penitenciária em Francisco Beltrão, aguarda a sentença, que pode sair a qualquer momento, pelos seus muitos crimes hediondos praticados contra meninas pobres.

Fonte: Ucho.info

ALEXANDRE SCHWARTSMAN: O maior perdedor é o debate econômico!

¡Que venga el toro!

Artigo de Alexandre Schwartsman na Folha em 30/07/2014

Antes de tudo, um alerta: para quem não sabe, fui economista-chefe do Santander entre 2008 e 2011, demitido após discussão pública com o então presidente da Petrobras. Digo isso porque quero hoje tratar do imbróglio que envolveu o banco na semana passada, quando foi publicada análise relacionando o desempenho da presidente nas pesquisas eleitorais ao comportamento da Bolsa, do dólar e de outros ativos.

A análise nada trouxe de controverso. Aqui mesmo na Folha, no dia 19, lia-se na página B3: "Bolsa chega ao maior nível em 16 meses", notando que "as ações de empresas estatais dispararam na BM&FBovespa e impulsionaram o principal índice da Bolsa brasileira nesta sexta-feira (18), após pesquisa Datafolha ter apresentado empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB)". Acrescentou ainda que, "desde que começaram a ser divulgadas pesquisas apontando perda de espaço da presidente (...), o mercado de ações nacional, que caía e acentuava queda (...), mudou de tendência".

O governo e o partido podem não concordar com a avaliação do mercado, mas, conforme descrito pelo jornal, trata-se de um fato: para bem ou para mal, a percepção é que uma mudança de orientação de política econômica terá efeitos positivos sobre as empresas brasileiras, em particular as sujeitas a controle acionário governamental.

E é bom notar que o tal mercado pode ter as preferências ideológicas que quiser, mas, na hora de comprar ou vender uma ação, o que menos interessa é ideologia; é sempre a perspectiva de lucro que move esses agentes. Posto de outra forma, ninguém rasga dinheiro em nome de suas convicções políticas.

O texto do banco, enviado a correntistas com renda mensal superior a R$ 10 mil, supostamente mais propensos a operar no mercado financeiro, nada mais fez do que compartilhar esses fatos, e por um motivo muito claro. Bancos têm um dever fiduciário com seus clientes: não podem omitir ou distorcer informações relevantes para sua tomada de decisão.

Em particular, a opinião das áreas de pesquisa deve refletir exatamente esse tipo de preocupação. Analistas não estão certos o tempo todo, mas é claro que suas conclusões não devem ser guiadas pelos interesses da instituição financeira. Não por acaso as regras buscam (nem sempre com sucesso, diga-se) isolar a pesquisa econômica das posições próprias do banco e mesmo de áreas que gerenciam as aplicações de clientes (fundos de investimento), precaução devidamente apelidada de "muralha da China".

Nesse sentido, a decisão de demitir os analistas que expuseram, mais que uma opinião, um fato representa uma violação desse procedimento. A alegação de que a análise conteria "viés político ou partidário" não se sustenta diante da própria diretriz interna que "estabelece que toda e qualquer análise econômica enviada aos clientes restrinja-se à discussão de variáveis que possam afetar a vida financeira dos correntistas". Não há, como se viu, a menor dúvida de que as perspectivas acerca da eleição presidencial são mais que relevantes para afetar a vida financeira dos clientes.

A consequência desse comportamento é óbvia (e aqui falo em termos gerais, não do banco em si).

Se a autonomia da pesquisa é ameaçada, a credibilidade da análise fica comprometida, a despeito das qualidades do analista. Quem, de agora em diante, pode confiar em relatórios se não sabemos a que tipo de filtros estes se encontram sujeitos?

O maior perdedor é o debate econômico, ainda mais numa conjuntura em que –em face de desafios nada triviais no futuro próximo– ninguém se aventura a discutir a sério o que precisa ser feito para colocar a economia brasileira de volta nos eixos. Se até o óbvio, amplamente noticiado (ainda bem!) pela imprensa, vira objeto de censura, pouco falta para que fujamos da controvérsia como quem tem um miúra nos calcanhares.

BRAVA GENTE BRASILEIRA: Simpatizo com ideia de contratar a demitida do Santander, diz analista da Empiricus


Analista do Santander que escreveu informe contra governo Dilma foi demitida.
Para Empiricus, o cliente do Santander ficou na mão!

Por Arthur Ordones

As ofensivas do PT e do governo contra o Santander e a Empiricus Research são o tema mais comentado no mercado financeiro nos últimos dias. Os bancos e as casas de análise estão assustados com toda a repercussão dos casos e agora não se sentem mais confortáveis em falar sobre o governo, com medo de represálias. Por ordem da Justiça Eleitoral, a campanha da Empiricus que envolvia Dilma teve que ser tirada do ar. Já petistas dizem que a funcionária responsável pelo relatório do Santander sedrá demitida.

Felipe Miranda, cofundador e analista da Empiricus e autor do relatório “O Fim do Brasil”, que gerou toda a polêmica com o governo, afirmou, em entrevista ao InfoMoney, que tudo isso que está acontecendo é muito grave e ameaça a liberdade de expressão no país. “Eu fiquei decepcionado e triste em ter a liberdade expressão cerceada por um governo que não aceita críticas. Pelo que parece, hoje é proibido dar opinião. Muito ruim e muito triste tudo isso”, diz.

O analista afirmou ainda que, caso a funcionária do Santander seja mesmo demitida, ela pode ir fazer uma entrevista para trabalhar na Empiricus - afinal, ela já teria mostrado ser corajosa e ética. “Claro que uma contratação não passa apenas pelo boa ética, que ela já mostrou ter, mas sou totalmente simpático a esta ideia”, afirmou.

Confira a entrevista completa com Felipe Miranda:

IM - Depois destes episódios recentes e particularmente com a decisão da Justiça de mandar tirar a campanha do ar da Empiricus, você acha que a liberdade de expressão, de forma geral, está ameaçada?

FM: Sim, com certeza. O que você viu com o Santander e com a gente foi uma censura muito grave. Agora os bancos, em geral, já estão adotando novos procedimentos para se relacionar com seus clientes a respeito de eleições. Então a liberdade de expressão já está prejudicada gravemente. Isso é algo muito sério e preocupante para o nosso país.

IM - Era essa a intenção do governo em sua opinião? Você acha que tem um terror que inibe as pessoas e instituições a fazerem críticas?

FM: Esse é um governo que já provou não aceitar críticas. E quem não aceita críticas não caminha para frente. Só ouvindo elogios e censurando as críticas, como eles terão um bom diagnóstico da situação? Tem que ouvir e admitir os erros, afinal, ficar só se elogiando e barrando o resto é fácil.

IM - O que você tem a dizer da declaração em que o Lula diz que "a analista do Santander não entende porra nenhuma do Brasil"?

FM: Eu sabia que o Lula sabe tudo sobre o país, sobre o continente, sobre o planeta e sobre a galáxia, mas não sabia que ele entende mais de ações do que uma analista que estudou isso a vida inteira.

IM - Há boatos (não confirmados pelo banco, mas sim vindos do PT) de que uma pessoa, que foi a responsável pelo relatório, foi demitida. Se for verdade, o que você acha disso?

FM: Um grande absurdo. A analista não fez nada. O que estava escrito no relatório era uma simples decorrência lógica do que tem acontecido e que todo o mercado já sabe. Se o banco a demitiu, isso prova que a instituição é governada por outros interesses, e não apenas em prol dos clientes. O cliente agora ficou na mão e não foi priorizado. A analista teve uma atitude louvável e se ela foi demitida eu poderia até estudar sobre ela vir trabalhar aqui. Claro que uma contratação não passa apenas pela boa ética, que ela já mostrou ter, mas sou totalmente simpático a esta ideia.

IM - Você considera toda a repercussão que deu o caso positiva para vocês? É uma espécie de mídia espontânea bem-vinda ou vocês estão preocupados com alguma atitude mais rígida por parte do governo?

FM: De forma alguma. Eu não acho nada disso bem-vindo. Eu fiquei decepcionado e triste em ter a liberdade expressão cerceada por um governo que não aceita críticas. Pelo que parece, hoje é proibido dar opinião. Muito ruim e muito triste tudo isso.

IM - Vocês estão se sentindo pressionados pelo PT? Se sim, a Empiricus pode se curvar à essas pressões em algum momento?

FM: Jamais. Não vamos nos curvar a ninguém, a não ser que seja na marra. Mas, neste caso, já estaremos caminhando rumo a uma Venezuela, de fato. No momento que eu parar de dar as minhas opiniões eu acabo com a empresa, afinal, ela nasceu para isso. No caso do Santander é diferente.

IM - Agora mais voltado ao relatório que você escreveu. O PT disse que vocês tentam assustar as pessoas para vender consultoria. Você acredita no que escreveu? Você realmente acha que o Brasil vai acabar?

FM: Quem está assustando as pessoas são eles, com a estagflação. Inflação acima de 6,5% e crescimento abaixo de 1%. Isso sim assusta. No meu texto houve uma metáfora, não é o fim do Brasil de forma literal. Quem leu o relatório sabe disso, então isso que o PT falou não faz o menor sentido. O que eu falo é o fim do Brasil que foi construído em 1994 com o Plano Real e consolidado em 1999 com a criação do tripé econômico. É esse Brasil que está acabando, afinal tudo isso está sendo ignorado. Tudo que foi construído está sendo destruído. Essa afirmação do PT é descabida. E outra coisa. Essa é a minha análise. Quem concordar compra a ideia, quem não concordar não compra, mas eu tenho o direito de escrevê-la.

IM - A Justiça mandou tirar a campanha do ar, mas, ao abrir o site de vocês, a primeira coisa que aparece é justamente a campanha. Por que ela não foi tirada do ar?

FM: Há uma liminar concedida pela Justiça falando das campanhas pagas envolvendo eleições. Então o TSE mandou tirar os banners que tinham menções positivas sobre o Aécio Neves e a que falava “como se proteger da Dilma”. No entanto, a análise econômica “O Fim do Brasil” não tem nada a ver com isso. O link dava para ela, mas é apenas uma análise econômica. O problema foi só os banners envolvendo o nome dos políticos. Sobre o “Fim do Brasil”, eles podem até tentar tirar do ar, mas seria algo descabido, afinal, é uma análise econômica.

IM - Vocês esperavam toda essa repercussão?

FM: Não. Quer dizer, eu esperava uma grande repercussão sim, mas não essa censura e esse terrorismo todo. De jeito nenhum. O que nós e o Santander fizemos foi algo totalmente natural.

EDITORIAL O GLOBO: Cacoete autoritário limita análises econômicas


Reação violenta de Dilma, PT e Lula à análise do Santander sobre pesquisas eleitorais lembra críticas à imprensa no mensalão e levará bancos a praticar a autocensura


Podia-se creditar apenas ao estado de nervos no núcleo da campanha da presidente Dilma a reação violenta dela, do seu partido e do ex-presidente Lula à análise feita para clientes preferenciais do banco Santander em que altas da Bovespa são relacionadas a pesquisas eleitorais negativas para o projeto da reeleição.

Para o PT, segundo seu presidente, Rui Falcão, tratou-se de “terrorismo eleitoral”. A própria Dilma considerou “inadmissível para qualquer país”, disse em sabatina na “Folha de S.Paulo”, a interferência do mercado financeiro no processo eleitoral. Já Lula, em um evento na CUT, pediu a demissão da analista responsável pelo texto. Talvez seja o primeiro político de origem no sindicalismo a defender publicamente a demissão de um assalariado.

Mas a explicação para reação tão violenta não é conjuntural. O vozerio petista tem a ver com o cacoete autoritário de frações hegemônicas no partido contra a liberdade de expressão. Mesmo de departamentos de análise de instituições financeiras, as quais, daqui para frente, praticarão a autocensura, como foi obrigada a fazer a imprensa durante a ditadura militar. Talvez este seja o objetivo da resposta petista em uníssono.

A imprensa profissional conhece esta reação típica petista diante de informações que não agradem o partido. Foi assim no escândalo do mensalão, em cujo início o próprio presidente Lula pediu desculpas ao país. Logo depois, ele e partido passaram a negar o malfeito e a acusar a divulgação dos fatos como parte de um projeto “golpista”. O Santander, grupo financeiro espanhol, sabe agora o que significa contrariar o PT. O presidente mundial do banco, Emilio Botín, por coincidência em viagem ao Brasil, acompanha de perto a pedagógica experiência.

Para azar do banco espanhol, no Brasil, em que o Estado tem grande ingerência na economia, o setor financeiro é particularmente vulnerável à ação regulatória dos governos. A mudança de uma resolução do Banco Central, numa penada, pode produzir milhões: em lucros ou prejuízos.

Entende-se, portanto, que mesmo campanhas publicitárias de grandes conglomerados financeiros privados reproduzam um certo ufanismo nacionalista típico da visão que o Planalto tem do país nesses tempos eleitorais. O que aconteceu na Copa do Mundo foi típico.

Em alguma medida, o Brasil de Dilma lembrou a Argentina de Cristina Kirchner. Lá, quando a economia estava subordinada ao truculento secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, escritórios de consultoria que divulgassem estimativas independentes da inflação eram punidos com pesadas multas. Moreno e Casa Rosada queriam impedir comparações com a inflação oficial, manipulada.

O Brasil, felizmente, devido a suas instituições, está muito distante da Argentina kirchnerista. Mas os governos têm cacoetes muito parecidos.

O IMPLICANTE: O costume petista de perseguir e censurar os mensageiros das notícias ruins


Os casos Santander e Empiricus são apenas os dois mais recentes de uma lista que já conta até com o FED e o NY Times.
Há alguns dias, o banco Santander enviou a seus clientes de alta renda uma mensagem na qual sugeria que, caso Dilma Rousseff fosse reeleita, a economia brasileira pioraria, com alta de juros, câmbio desvalorizado e queda da bolsa.
“Difícil saber até quando vai durar esse cenário e qual será o desdobramento final de uma queda ainda maior de Dilma Rousseff nas pesquisas. Se a presidente se estabilizar ou voltar a a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir”, diz o texto sob o título “Você e seu dinheiro”. “O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam alta e o índice da Bovespa cairia, revertendo parte das altas recentes. Esse último cenário estaria mais de acordo com a deterioração de nossos fundamentos macroeconômicos”, acrescenta a análise.
Após o ocorrido, a presidente classificou o episódio como inadmissível e lamentável, ignorando o fato de que a economia de fato melhora com a sua possível queda. No entanto, funcionários do banco acabaram demitidos por falar a verdade, o que apenas evidencia a tendência petista de culpar o mensageiro que traz as más notícias.
Mas este não foi o únco caso recente. A Empiricus Research, empresa de análise de ações. teve peças publicitárias retiradas do ar pelo Google por determinação judicial. Elas, segundo o PT, faziam “terrorismo econômico”. A empresa, no entanto, recusou-se a pedir desculpas.
A Empiricus diz que fez o mesmo que o Santander, que também foi acusado de fazer campanha a favor dos candidatos de oposição em relatório enviado aos clientes do varejo de alta renda, com renda acima de R$ 10 mil, ao afirmar que os mercados financeiros reagiriam mal á reeleição da presidente Dilma. “A diferença é de que nós não pediremos desculpas por falar a verdade e aconselhar, sem qualquer parcialidade, apoiados apenas em fatos, nossos clientes e leitores”, diz o relatório. Para a consultoria, a coligação tenta censurar a Empiricus.
No início do ano, a maneira petista de lidar com os problemas respingou até mesmo no FED, o banco central dos Estados Unidos. Mesmo com todas as evidências, a senadora Gleisi Hoffmann apresentou no Plenário do Senado voto de censura a uma avaliação do banco que classificou a economia brasileira como a segunda mais vulnerável entre os 15 países emergentes presentes em uma lista.
Gleisi Hoffmann acusou o FED de ter extrapolado “seu mandato”, argumentando que “o banco central de um país não pode fazer, oficialmente, avaliação da situação econômica de outro”. Segundo a parlamentar, foi uma ação tendente a interferir nos mercados, “uma vez que os investidores, com base nas conclusões do FED, poderão alterar suas decisões de futuros investimentos”.
A própria Gleisi também já foi a causadora de problemas no IBGE. Após o órgão alterar a forma de levantar a taxa de desemprego, com a divulgação da PNAD Contínua, que é mais ampla, os índices apresentaram alta, o que não deixou a então ministra satisfeita. Desta forma, a então ministra pressionou para que a divulgação da pesquisa fosse interrompida, fato que não foi bem recebido no Instituto.
Após a decisão do IBGE de interromper as divulgações trimestrais da Pnad Contínua, a diretora de Pesquisas do instituto, Marcia Quinstlr, pediu exoneração do cargo, o mais importante da diretoria do IBGE.
A coordenadora da Escola Nacional de Estatísticas e integrante do conselho diretor do IBGE, Denise Britz do Nascimento Silva, também discordou da decisão do colegiado e pediu exoneração.
Contudo, a prática petista de perserguir os profissionais que trazem ao mundo informações que desagradam o partido vem desde o mandado de Lula, quando ficou notório o caso de Larry Rohter, correspondente do New York Times, que foi expulso do Brasil após afirmar que o então presidente Lula teria problemas com álcool.
O perigo de tantas atitudes aparentemente inofensivas aos brasileiros mora no fato de o PT pretender num segundo mandato de Dilma finalmente desengavetar o que chamam de “Controle Social da Mídia”.
Em recente reunião no Palácio da Alvorada, Dilma deixou claro a petistas não ter a intenção de regular conteúdo, mas sinalizou que topava tratar da parte econômica: “Não há quem me faça aceitar discutir controle de conteúdo. Já a regulação econômica não só é possível discutir como desejável”, disse.

Se por ingenuidade ou esperteza, só a presidente poderá esclarecer. Mas “regulação econômica” de veículos de mídia é sim, mesmo que indiretamente, uma regulação de seu conteúdo. Basta que as manchetes soem desagradáveis a quem se encontra no poder e o governo poderá pressionar seus autores da mesma forma que agiu com o Santander. O melhor exemplo talvez se encontre nas atitudes do governo venezuelano, parceiro do brasileiro no Mercosul, que não se furtou de cortar o fornecimento de papel a publicações que criticavam a administração do país. Fato é que poucas coisas soam tão obscuras quanto um possível segundo mandato de Dilma. Ela já andou dizendo que que não repetirá os erros de seus primeiros anos na presidência. Falta ficar mais claro, no entanto, se o que ela considera “erro” está em sintonia com o que o eleitor também considera.

JOSIAS DE SOUZA: Demissão de analista do Santander é hipocrisia

Artigo de Josias de Souza em 30/07/2014

A três meses da eleição presidencial, o mercado financeiro vive o seguinte drama: metade da equipe de analistas está nervosa porque Dilma diz que a economia vai bem mas sabe que ela está mentindo e prepara ajustes para o caso de ser reeleita. A outra metade da equipe de analistas está nervosa porque Dilma diz que a economia vai bem e sabe que ela acredita mesmo nisso e não preparou nenhum ajuste. E Dilma está nervosa porque não sabe se diz que fará ajustes que ainda não preparou ou se prepara os ajustes e não diz. Ou vice-versa.

Foi contra esse pano de fundo confuso que o Santander enviou aos seus correntistas endinheirados um boletim sustentando a tese segundo a qual o sucesso eleitoral de Dilma potencializará a deterioração da conjuntura econômica. A plateia não viu a cara do autor do texto. Mas o vazamento da análise fez dele —ou seria ela?— o fantasma mais execrado da República.

O presidente do PT, Rui Falcão, chamou o desconhecido de terrorista. Lula vestiu saia no hectoplasma: “Essa moça não entende porra nenhuma do Brasil”. E endereçou um conselho para Emilio Botín, presidente mundial do Santander: “Ô, Botín, é o seguinte, meu querido: manter uma mulher dessa num cargo de chefia, sinceramente… Pode mandar embora. E dá o bônus dela pra mim, que eu sei como falo.”

Dilma preferiu o timbre de ameaça. “É inaceitável”, ela disse. “É inadmissível”, vociferou. “Eu vou ter uma atitude bastante clara em relação ao banco.'' Emparedado, o companheiro Botín veio à boca do palco para informar que o Santander teria enviado ao olho da rua a pessoa que redigiu o tal informe. Absteve-se de dar pseudônimo aos bois. A sinceridade do gesto é tão confiável quanto o catolicismo do banqueiro que se persígna ao passar pela porta de uma igreja.

Sendo o percentual de admiração e bondade das casas bancárias e dos operadores do mercado muito reduzido, o melhor a fazer antes de sair por aí dando urros, patadas e destilando ódio contra um fantasma, é reparar no ridículo que permeia a cena. Ganha um cargo de direção no Santander e um troféu de ingenuidade quem acreditar que uma análise de conjuntura chegaria às mãos dos correntistas mais ricos de um dos maiores bancos do mundo com conteúdo alheio ao pensamento da casa.

Admita-se, para efeito de raciocínio, que a análise anti-Dilma seja obra solitária de um fantasma com CPF e RG. Nessa hipótese, seu crime teria sido o de deitar sobre o papel raciocínios econômicos sussurrados por onze de cada dez analistas de mercado. Seu propósito não seria o de influir no vaivém das pesquisas, mas o de orientar os investimentos da clientela bem-posta do Santander. Uma caciquia que frequenta a tribo dos que conservam algo como R$ 2 trilhões investidos em fundos mútuos no Brasil —o grosso alocado em títulos da dívida pública.

Essa gente não está interessada na opinião de Rui Falcão, de Lula ou de Dilma. Essa gente quer ganhar dinheiro. E os ganhos aumentam na proporção direta dos desacertos da política fiscal do governo. Funciona assim: o Tesouro gasta mais do que o fisco arrecada. Em vez de apertar o cinto, a Fazenda recorre à criatividade contábil.

Para cobrir suas despesas, Brasília endivida-se até a raiz dos seus cabelos, dos meus, dos nossos cabelos. Não resta ao Banco Central senão elevar a taxa de juros. E ao Tesouro, pagar a remuneração necessária para se manter solvente. Em vez de investir na produção de copos e palitos de fósforos, a tribo dos fundos mútuos investe no papelório do governo. E o PIB definha. Nesse ambiente, a tempestade produzida pela análise do fantasma do Santander surte o mesmo efeito de um tablete de Alkaseltzer: é tempestade num copo d’água. O máximo que pode produzir é a migração para outros bancos dos clientes que se julgarem mal aconselhados.

O que provoca a lipoaspiração dos índices de Dilma nas pesquisas não são as análises do mercado, mas os efeitos que a inflação exerce na rotina dos assalariados e dos beneficiários do Bolsa Família. Esse pedaço do eleitorado está interessado no café com leite, não nos boletins do Santander. Num país inflacionário, seu principal problema é que sobra cada vez mais mês no fim da remuneração.

Nesse contexto, a suposta demissão de um analista-fantasma do Santander é mera hipocrisia. Se a moda pega, haverá um desemprego em massa no mercado financeiro. Se Lula e o petismo querem mesmo socorrer Dilma, é melhor esquecer os fantasmas e tentar convencê-la de que atribuir todos os desacertos econômicos à crise financeira internacional é o caminho mais longo entre o projeto reeleitoral e sua realização.

Merval Pereira faz importante alerta ao POVO BRASILEIRO



MERVAL PEREIRA, no O Globo em 30.7.2014

De duas, uma: ou há uma conspiração internacional contra o Brasil, ou o governo brasileiro está flertando perigosamente com o perigo, alheio às advertências que partem de todos os lados sobre as fragilidades de nossa economia. Ontem foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) que colocou o país entre as cinco economias mais vulneráveis do mundo, ao lado de Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul.

Também a agência de classificação Moody’s divulgou um relatório onde afirma que a Petrobras é, entre as empresas petrolíferas da América Latina, a que corre o maior risco financeiro por que está sendo usada politicamente para segurar a inflação com o represamento dos preços de combustíveis no País.

E o que respondem nossos dirigentes? Ao mesmo tempo em que vibram com a derrota política que impuseram ao banco espanhol Santande, tratam de declarar platitudes à espera de que as coisas melhorem por si, sem demonstrar a menor intenção de fazer mudanças no rumo tomado. Ao contrário, consideram que não o que mudar.

A única concessão feita pela presidente Dilma foi admitir que o ex-presidente Lula errou ao julgar que a crise financeira que estourou em 2008 chegaria ao Brasil como uma “marolinha”. A presidente Dilma mais uma vez considera “inadmissível” o pessimismo em relação à economia brasileira, e compara-o ao pessimismo sobre a Copa no Brasil. Para Dilma, não há necessidade de mudanças e nega que a inflação no país esteja 'descontrolada'.

Já o ministro da Fazenda Guido Mantega disse que o FMI comete o mesmo equívoco de outros organismos no passado, quando afirmaram que o Brasil estaria entre as cinco economias mais frágeis. Segundo o ministro, “ninguém mais falou nesse assunto e nada aconteceu”. Para ele, uma instituição financeira respeitável não faria uma análise dessas. Pois foi a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que comentou ontem o relatório sobre o Brasil, reiterando que há 15 meses o Fundo vem repisando “as mesmas fortes recomendações para que reformas estruturais sejam feitas, gargalos sejam reduzidos na economia e que o potencial, a capacidade de o Brasil entregar crescimento seja liberada. E isso não vem sendo feito”.

Lagarde repetiu que o receituário para superar os obstáculos, é único: reformas estruturais, conserto dos problemas macroeconômicos como inflação alta, déficits em contas externas, desequilíbrios fiscais. A previsão do FMI é de que o país será afetado duramente pela retirada de estímulos e aumento de juros especialmente nos Estados Unidos se os emergentes continuarem crescendo abaixo do esperado, como ocorre há três anos.

A queda dos preços das commodities é outro fator que pode complicar a vida dos emergentes, alerta o FMI. Já a agência Moodys destaca que a estatal irá enfrentar também “riscos políticos substanciais”, pois está “cerceada pelas políticas de preços para gasolina e óleo diesel”. A Moody’s ressalta ainda que o cenário macroeconômico do País tem “desacelerado” desde a crise de 2009, e a expectativa da agência é de crescimento de apenas 1,5% no PIB brasileiro, o que é uma previsão otimista tendo em vista que a pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central, já está em 0,9%. 

O tal mercado financeiro está cheio de dúvidas e de advertências à política econômica do governo brasileiro, e nossas autoridades brincam de um nacionalismo canhestro, como se mobilizar sindicatos e militantes políticos para demitir analistas de mercado e desmoralizar banqueiros internacionais fosse melhorar a situação de nossa economia.

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