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quarta-feira, março 14, 2018

CNC - Balanço Semanal de 05 a 09/03/2018


BALANÇO SEMANAL — 05 a 09/03/2018

CNC debate cenários futuros para a sustentabilidade econômica da cafeicultura brasileira e confirma seminário de estatísticas com diretor executivo da OIC

ESTATÍSTICAS — Na sexta-feira passada, 2 de março, o Conselho Diretor do CNC se reuniu em Ribeirão Preto (SP), oportunidade na qual se definiu o dia 11 de maio para a realização do Seminário de Estatísticas de Café – Aprimoramento Doméstico e Alinhamento Internacional, que contará com a presença do diretor executivo da Organização Internacional do Café (OIC), José Sette, em Brasília (DF).

O encontro é resultado dos contatos iniciados em novembro de 2017 com o principal representante do organismo internacional e tem o objetivo de conhecer a metodologia utilizada pela OIC para estimar os números que tem divulgado sobre o café do Brasil, em especial os relacionados a produção e estoques e buscar, junto às instituições públicas nacionais de pesquisa, um alinhamento da estratégia para que haja convergência dos números (mais informações no Balanço Semanal de 12 a 16/02 - http://www.cncafe.com.br/site/interna.php?id=13929).

A reunião do Conselho Diretor também envolveu debate sobre uma série de questões referentes à cafeicultura brasileira, visando a um melhor posicionamento a ser adotado pelo setor para manter sua competitividade e ampliar seu market share, as quais são apresentadas na sequência.

COMPETITIVIDADE — A discussão sobre como o País pode ser mais competitivo na produção de café e ampliar sua participação no mercado internacional gerou a conclusão de que quem "faz a qualidade" é o consumidor, uma vez que há público para todos os tipos e sabores da bebida. Nesse cenário, destacou-se que é importante estar atento à diversidade e compreender que há espaço para todas as qualidades de café.

A questão da diversidade também foi mencionada, havendo consenso que o conceito "one stop shopping" – encontrar no mesmo local uma ampla gama de produtos – é muito valorizado. Para isso, no entanto, é necessário entender as peculiaridades de cada região produtora e as interações entre colheita e pós-colheita e o que isso pode oferecer ao consumidor. Embora o Brasil tenha bancos de germoplasma bastante completos, não se pode ignorar os 'BAGs' de outros países, sendo preciso refletir sobre como a interação e a troca de conhecimentos pode beneficiar a cafeicultura nacional.

Presente no debate, o gerente agrícola de cafés da Nestlé, Pedro Malta, anotou que a diversidade é muito importante porque diminui a complexidade logística da indústria de comprar em origens diferentes. "Se um café suave centro-americano puder ser encontrado no Brasil, certamente a indústria preferirá comprar tudo aqui, ao invés de ter que administrar três ou quatro pontos de compra".

Ele completou que, no que se refere a serviços, a transparência de mercado favorece a realização de negócios no País, sendo oportuno que as instituições apresentem especificações das origens cafeeiras e permitam que os consumidores conheçam com mais intensidade regiões brasileiras ainda pouco conhecidas.

CUSTOS DE PRODUÇÃO — O debate foi voltado a encontrar soluções que reduzam os gastos para cultivar café e, a esse respeito, chegou-se ao entendimento de que investimento em tecnologia é fundamental, envolvendo genética e sistemas de monitoramento das áreas produtivas.

Também foi alertado que o uso da tecnologia requer educação, por isso é importante o aumento do investimento realizado pelas cooperativas em capacitação de produtores, haja vista que a velocidade de disponibilização de novas tecnologias é alta.

Os conselheiros também foram informados que é fundamental saber quem vai usar a tecnologia, garantindo que seja aplicada corretamente, pois a sua má aplicação causa efeito reverso de elevar o custo e reduzir a sustentabilidade.

Outro aspecto apresentado foi que permanece o dilema do médio produtor: ser grande demais para dar conta do serviço com o trabalho familiar e pequeno demais para arcar com investimentos expressivos em tecnologias.

Como uma alternativa de solução a este problema, o representante da Nestlé propôs o processo de diferenciação do café, de forma que se alcance um preço médio levemente superior do que este produtor médio vem experimentando.

Diferente solução exposta foi o uso da tecnologia de comunicação para aproximar o produtor do consumidor final estrangeiro, seguindo uma tendência mundial de comércio através de plataformas similares aos serviços oferecidos por Uber, Airbnb, Hinode, Netflix, Spotify, ifood, entre outras, as quais aproximam os consumidores e seus interesses aos produtos que lhes interessam.

Os conselheiros expuseram, ainda, que o investimento em cafés diferenciados encarece a produção e o volume cultivado é pequeno, que há necessidade de qualificação dos cafeicultores para terem ciência de seus custos e, por fim, o crescente aumento nos gastos, apesar dos ganhos de eficiência do produtor brasileiro, o que resulta em margens muito estreitas.

Sobre esse ponto, entendeu-se que os cafés diferenciados, mesmo "mais caros", servem de mola propulsora aos demais tipos produzidos (não diferenciados), pois trazem notoriedade às origens cafeeiras.

Encerrando este debate, o presidente executivo do CNC recordou de um importante trabalho realizado pelo Conselho, em parceria com CNA e OCB, que evitou o aumento da tarifa de importação sobre importantes ingredientes ativos utilizados na cafeicultura, resultando em um maior encarecimento nos custos.

ESTÍMULO AO CONSUMO — O lançamento de um programa que incentive o crescimento do consumo mundial de café, no âmbito da OIC, foi visto com bons olhos por todos. Há a crença que um projeto nesse sentido, no seio da Organização Internacional, é uma excelente iniciativa, pois há formas inteligentes e efetivas para estimular o consumo que já foram usadas no passado e podem ser atualizadas.

MERCADO PARA ARÁBICAS INFERIORES — Aproveitando a participação de Pedro Malta, os conselheiros levantaram questionamentos sobre o cenário futuro de mercado, buscando saber a posição da indústria se futuramente haverá mercado para os cafés arábicas inferiores ou se o crescimento da demanda será voltado apenas para conilon e cafés gourmets.

O representante da Nestlé alertou que, de fato, o avanço da demanda tende a ser voltado ao robusta e aos arábicas superiores, porém os produtores precisam estar atentos às boas práticas e ao uso correto da tecnologia, a exemplo da introdução do manejo do mato na entrelinha do café no Norte do Espírito Santo para a redução do resíduo de glifosato.Do ponto de vista dos gourmets, Malta informou que há boas perspectivas porque o consumo dos países tende a migrar para cafés de melhor qualidade.

Em contrapartida, ele disse que os arábicas inferiores tendem a valer cada vez menos nessa perspectiva de mercado, sendo importante, portanto, que as regiões trabalhem para reduzir a participação desse tipo de café na produção total. Por fim, alertou que é recomendável que os agricultores adotem estratégias de negócio para maximizar o preço médio recebido e que as lideranças das origens produtoras fiquem atentas a oportunidades e riscos.

MERCADO — Os futuros do café arábica tiveram desempenho negativo nesta semana, principalmente em função do fortalecimento do dólar em nível internacional.

No Brasil, a moeda norte-americana foi cotada ontem a R$ R$ 3,2645, valor mais elevado do último mês, representando alta de 0,4% em relação à última sexta-feira. A valorização da divisa dos Estados Unidos reflete a apreensão dos agentes financeiros com a possibilidade de uma guerra comercial, após o Governo Trump decidir taxar em 25% as importações de aço e em 10% as de alumínio.

Em Nova York, o vencimento maio de 2018 do contrato C encerrou a sessão de quinta-feira a US$ 1,2030 por libra-peso, com desvalorização de 190 pontos ante o fechamento da semana anterior. Em tendência oposta, o contrato maio/2018 do café robusta negociado na ICE Futures Europe ganhou US$ 9 e foi cotado a US$ 1.760 por tonelada.

Ontem, os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon se situaram em R$ 430,98/saca e a R$ 304,69/saca, com decréscimos de, respectivamente, 1,4% e 2,5% na comparação com o fechamento da semana antecedente. O mercado físico nacional operou em ritmo lento nos últimos dias, já que o atual nível de preços não gera interesse de vendas.

Atenciosamente,
Deputado Silas Brasileiro
Presidente Executivo
CNC - Sede Brasília (DF)
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