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segunda-feira, maio 17, 2004

O que alimenta não é o rancor

Márcio Lopes de Freitas*

O que alimenta um povo não é eucalipto, mas arroz, feijão e milho. Dessa maneira, lideranças ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) justificaram a ocupação de fazendas de eucaliptos em vários pontos do país no início do ano. O que os organizadores ainda não responderam é como essas ações não enterram o conceito, defendido originalmente pelo próprio MST, de que a reforma agrária no Brasil, além de pacífica, deve ser realizada apenas em terras improdutivas.
O que os invasores chamam de “nova luta pela reforma agrária” vem se traduzindo em prejuízos aos proprietários e ao país. Na Bahia, por exemplo, quatro hectares de eucaliptos foram derrubados pelos invasores, em abril. Em Tremembé, na região do Vale do Paraíba de São Paulo, os proprietários de uma fazenda invadida estimam prejuízos de até R$ 1 milhão.
Ao afirmarem que eucalipto não alimenta o povo, as lideranças do MST se esquecem de que o agronegócio, a produção agropecuária de alta tecnologia, bate recordes no Brasil. No primeiro trimestre do ano, o setor agropecuário acumulou um superávit de US$ 6,6 bilhões, um resultado 44,7% superior ao verificado no mesmo período, no ano passado. Logo, não é difícil constatar o peso representado pelo setor na balança comercial brasileira.
Outro dado significativo refere-se à criação de empregos. Apenas as cooperativas agropecuárias de São Paulo, por exemplo, contam com 122 mil associados e empregam, diretamente, 23.200 pessoas, conforme dados de 2001. No Brasil, 80% dos agricultores associados a cooperativas possuem áreas inferiores a 100 hectares. Números como esses comprovam que o agronegócio nada tem a ver com o conceito de latifúndio improdutivo. Sem contar que o agronegócio termina por impulsionar o próprio pequeno produtor, na forma de fornecimento de gêneros alimentícios, por exemplo.
É claro que não se deve ignorar a importância social dos assentamentos de reforma agrária. Mas invasões como as promovidas nos cultivos de eucaliptos podem comprometer o consenso e o trabalho de décadas em favor da paz no campo e obstruir um trabalho silencioso para garantir o acesso a terra e às condições de sustentabilidade do pequeno agricultor nos moldes econômicos atuais.
No desespero de ocupar o cenário político brasileiro e chamar a atenção para suas ações, as lideranças dos sem-terra passaram a ignorar a lei e a invadir terras produtivas, o que rompe a trajetória histórica do movimento.
Não é dessa maneira que teremos inclusão social aliada ao desenvolvimento econômico. É preciso unir a importância do agronegócio com a função social exercida pelos assentamentos criados de maneira pacífica e dentro da legislação vigente. Um dos caminhos para essa harmonia entre o social e o econômico é o cooperativismo, sistema que permite a inclusão dos assentados na cadeia de negócios a partir de uma produção diversificada e de alto valor agregado. Eucalipto, é verdade, não alimenta as pessoas. O que alimenta é a geração e a distribuição de renda – obtidas inclusive a partir do cultivo de florestas –, não com o ataque à produção.

* Presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB)

Embrapa abre inscrições para cursos e palestras do Ciência para a Vida 2004

Que tal aprender a preparar pratos deliciosos com amaranto e quinoa? Ou elaborar produtos a partir da farinha de castanha-do-brasil? E descobrir como fazer o famoso cabrito mamão assado ou ainda lingüiça e hambúrguer com carne de bode? E fazer temperos utilizando ervas aromáticas? Ou mais interessante ainda: produzir perfumes, repelentes de insetos e xaropes a partir de plantas medicinais? Tudo isso o público de Brasília poderá aprender durante o Ciência para a Vida 2004, exposição que será montada, de 18 a 23 de maio, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
São mais de 60 cursos e palestras, voltados tanto para a dona-de-casa quanto para pequenos produtores interessados em ampliar seus negócios. Os treinamentos serão realizados em duas cozinhas experimentais, onde as pessoas terão a oportunidade de colocar em prática imediatamente tudo o que irão aprender. O Sebrae-DF promoverá também no local cursos e palestras gerenciais sobre técnicas de vendas, como encantar o cliente, como falar em público, motivação da equipe e como vender mais e melhor.
As inscrições já estão abertas e poderão ser feitas de 9 às 16 horas, no hall da sede da Embrapa, localizada no Parque Estação Biológica, no final da W3 Norte, perto da Ponte do Bragueto. As vagas são limitadas a 20 participantes por cada curso. No ato da inscrição, os interessados deverão doar cinco quilos de alimento não-perecível por cada curso escolhido. Mais informações poderão ser obtidas pelos telefones (61) 448-4504 e 448-4413.
O Ciência para a Vida tem como principal objetivo aproximar o público urbano dos resultados da pesquisa agropecuária, mostrando como o trabalho de institutos de pesquisa como a Embrapa melhoraram a qualidade dos alimentos e da vida da população brasileira. O evento reúne as 40 Unidades da Embrapa e empresas parceiras, como universidades, instituições estaduais, órgãos de fomento à pesquisa, governamentais e não governamentais, organismos internacionais e empresas públicas e privadas do Brasil e do exterior.
Para conferir toda a programação da Cozinha Experimental do Ciência para a Vida 2004:
http://www.embrapa.br/ciencia/cursos/index.htm

Robinson Cipriano - Jornalista
Assessoria de Comunicação Social da Embrapa
Contatos: (61) 448-4113 - robinson@sede.embrapa.br

EMBRAPA : Ciência para a Vida traz novidades

De 18 a 23 de maio, as novidades geradas pela pesquisa serão apresentadas na IV Exposição de Tecnologia Agropecuária – Ciência para a Vida, uma promoção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e sua vinculada Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa. Qualidade ambiental, informática para agropecuária, produção de grãos, frutas e hortaliças, biotecnologia, recursos genéticos e agricultura familiar são alguns dos segmentos contemplados na Exposição. Além da mostra e lançamento de tecnologias, fazem parte da programação do evento cursos em cozinhas experimentais, debates e rodadas de negócios organizadas em parceria com o Sebrae.
"É uma oportunidade única para que a sociedade confira os resultados que a pesquisa agropecuária traz para a economia do país, para a melhoria da qualidade dos alimentos e para o dia-a-dia do cidadão", afirma o diretor-presidente da Embrapa, Clayton Campanhola. "É importante que se forme, cada vez mais, a consciência de que investir na pesquisa é a melhor alternativa para o país continuar enfrentando a competição acirrada dos mercados e das economias, para garantir a segurança alimentar e diminuir as desiguais condições econômicas e sociais da sua população", conclui.
O evento reúne as 40 Unidades da Embrapa e empresas parceiras, como universidades, instituições estaduais, órgãos de fomento à pesquisa, governamentais e não governamentais, organismos internacionais e empresas públicas e privadas do Brasil e do exterior. O ambiente favorece o intercâmbio entre as instituições, empresas e profissionais.

Fórum Ciência e Sociedade
Como parte da programação da Exposição Ciência para a Vida, ocorrerá o Fórum Ciência e Sociedade, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz. O Fórum, voltado para a comunidade escolar do ensino médio da rede pública, propõe a articulação entre instituições de pesquisa, de ensino e de cultura, com o objetivo de introduzir os jovens participantes nas atividades de produção e divulgação do conhecimento científico. Durante dois dias, pesquisadores, alunos e professores vão debater temas relacionados ao ambiente, à saúde e à qualidade de vida.

Vitrine de Tecnologias
Ao lado do pavilhão da Exposição, estará montada a Vitrine de Tecnologias. É a oitava edição da Vitrine. Desta vez estarão expostos exemplares da fauna e da flora do Nordeste e tecnologias para a agropecuária da Região. Ao todo, são 410 itens em exposição, entre variedades de plantas, espécies animais, máquinas e sistemas de produção, desenvolvidos pelos pesquisadores da Embrapa e dispostos em canteiros ornamentais espalhados pelos 30 mil metros quadrados de área. O desenho dos canteiros preenchidos com soja, milho, feijão, cevada, sorgo, ervilha, girassol, forragens e trigo sugerem símbolos da cultura nordestina, a exemplo do Lampião, do mandacaru, do cacto, do Farol da Barra e dos bonecos do carnaval pernambucano.
Um convênio entre a Embrapa e o Zoológico de Brasília permitiu a construção de um viveiro de animais silvestres, a ser percorrido pelos visitantes através de um túnel. Araras-vermelhas, gatos selvagens, serpentes e tracajás podem ser vistos nesse espaço.

Programação para escolas
O espaço da Vitrine de Tecnologias, do ponto de vista educativo, funciona como uma sala de aula a céu aberto para alunos do ensino fundamental, médio e superior, das rede pública e privada. A Vitrine vai estar aberta ao público durante todo o período da Exposição Ciência para a Vida e, depois, se estenderá até 30 de setembro. A Embrapa marca visitas monitoradas por técnicos da Empresa e por alunos da Universidade de Brasília (UnB), da União Pioneira de Integração Social (UPIS) e da Faculdade da Terra (FTB).

Cozinha Experimental
Serão oferecidos seis cursos de culinária em cada dia da Exposição Ciência para a Vida. Desidratação de frutas, pratos à base de carne ovina, culinária do amaranto e quinoa, alimentos enriquecidos para combate à desnutrição e processamento caseiro de doces em massa, em calda e de geléias serão alguns dos cursos oferecidos pela Embrapa e parceiros.


Serviço
IV Exposição Ciência para a Vida
18 a 23 de maio – das 10 às 22 horas - Sede da Embrapa
Parque Estação Ecológica – Final da Avenida W3 Norte – Final - Brasília (DF)

Inscrições para cursos de culinária: a partir de 10 de maio, de 9 às 16 horas, no hall da sede da Embrapa, mediante doação de cinco quilos de alimentos não perecíveis. Informações: 448.4413

Vitrine de Tecnologias
Visitas agendadas durante os dias da Exposição: Telefone (61) 448-4227 e 448-4212.
Visitas após 23 de maio: Telefone (61) 448.4218 e 448.4040


Jornalista Marita Féres Cardillo – 2264 DF
Assessoria de Comunicação Social da Embrapa
Contatos: (61) 448.4039/448.4113 - marita@sede.embrapa.br

Água de coco em pó aguarda produção em escala

A água de coco em pó, que demorou quatro anos para ser desenvolvida, precisa agora de um equipamento especial para ser produzida em escala industrial.
Os pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará, responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, buscam parcerias com empresas privadas para que o produto possa ser comercializado.
A água de coco em pó pode ser usada na medicina como conservante de órgãos transplantados e como membrana para queimaduras; na veterinária, como diluente em processos de inseminação artificial de animais; e na agroindústria, ela aumenta o tempo de duração das vacinas para as aves.
Também pode ser usada para repor as energias de atletas ou na reidratação de crianças. Em pó, o produto mantém todas as suas características originais, tem maior validade e menor custo do que outros diluentes.


Fonte: Abr

Flyfim oferece controle efetivo contra moscas domésticas

Flyfim é uma isca mosquicida que possui um novo princípio ativo. O produto atua com eficácia mesmo em moscas resistentes à inseticidas organofosforados, carbamatos e piretróides.

As moscas são insetos que se reproduzem rapidamente, fazendo seis a oito posturas de 100 a 120 ovos durante seu curto período de vida, que compreende 25 a 45 dias. Após a postura, os ovos eclodem em menos de 24 horas e as larvas se desenvolvem em 4 a 6 dias. Depois de se transformam em pupas, com mais 5 ou 6 dias, nascem as moscas adultas. Cada larva da mosca doméstica necessita cerca de um grama de esterco para alimentar-se. Assim, pode-se avaliar o potencial de criação de moscas em um plantel de poedeiras, onde centenas delas são mantidas confinadas.
As medidas de controle têm por objetivo proteger as aves do principal problema ocasionado por essas pragas: a transmissão de doenças. Pesquisas demonstraram que as moscas transmitem agentes patogênicos como: Salmonella pullorum ; Salmonella typhimurium ; Pasteurella multocida; Erysipelothrix rhusiopathiae; Staphilococcus sp, cólera e outras bactérias entéricas, oocistos de protozoários, viroses. Transportam mecanicamente ovos de helmintos e servem de hospedeiro intermediário de tênias (Hymenolepis carioca, Raillietina cesticillus, Choanotaenia infundibulum).
As moscas produzem perdas significativas para os animais de produção, que vão desde o estresse constante em bovinos de leite, corte e suínos a transmissão de doenças de origem bacteriana e viral aos animais, como as mastites. Na avicultura de postura e corte há uma preocupação constante no controle de moscas. A alta população de moscas em uma granja causa prejuízos devido a constante mão de obra no seu controle, pela necessidade re-lavagens nos ovos para retirar as fezes das moscas, o que contribui para um afinamento da casca do ovo diminuindo assim a sua qualidade além de elevar o número de quebras.
Além de transmissão de doenças aos animais, a mosca também é um vetor na transmissão de doenças aos seres humanos. Elas possuem uma afinidade grande por matéria orgânica em decomposição, ex. fezes e cadáveres. Um controle efetivo de moscas deve ser realizado através de um programa de tratamento, onde se consorcia medidas preventivas e terapêuticas. O tratamento correto do esterco com larvicidas e a manutenção da higiene do ambiente contribui para uma queda na sua reprodução em matéria orgânica em decomposição. Tais medidas devem ser aplicadas em conjunto com a utilização de mosquicidas sobre a forma de iscas e pós ou grânulos solúveis em água para pincelamento em instalações.
O Laboratório Clarion (Goiânia/GO) está lançando este ano uma completa linha de produtos que serão utilizados num programa integrado de controle das moscas. Destaque para o produto Flyfim, uma isca mosquicida de alta eficácia contra a mosca doméstica, inclusive as resistentes a outras iscas mosquicidas. O fato de seu princípio ativo pertencer a um novo grupo químico resulta num excelente efeito sobre populações de moscas: o Imidacloprid possui DL50 dérmica em ratos maior que 5.000mg/kg e contém em sua formulação o Benzoato de Denatônio (BITREX), substância amargante que impede a ingestão do produto por crianças e animais domésticos, evitando intoxicações acidentais com o produto.
Flyfim pode ser utilizado em programas de controle de moscas domésticas em associação a IGRs (Inibidores de Crescimento) em granjas de aves e suínos, haras, matadouros, currais, estábulos, laticínios e outros locais infestados por esses insetos. Cada envelope de 25g trata, efetivamente, uma área de 12,5m2 e a embalagem de 1kg trata, efetivamente, uma área de 500m2. Flyfim é apresentado em display na cor laranja fluorescente, com 50 sachês de 25g e 50g, recipientes descartáveis acoplados no próprio display, e em frascos plásticos de 1kg.

Sobre o Clarion Biociências – www.clarionbio.com.br
O Clarion Biociências, localizada em Goiânia/GO, é uma empresa 100% brasileira e voltada para pesquisa, desenvolvimento e lançamento de produtos veterinários ampliados. A empresa busca incessantemente apresentar ao mercado produtos que tragam inovações e vantagens para criadores, comerciantes sem se esquecer de melhorar a qualidade de vida dos animais de produção, de trabalho e de companhia.


XCLUSIVE PRESS
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Dinheiro supera ciência nos OGMs

A discussão sobre os organismos geneticamente modificados (OGMs) no Brasil está sendo levada para o lado financeiro. A liberação ou não do plantio e comercialização de transgênicos é uma questão ligada diretamente ao dinheiro e ao poder, deixando em segundo plano a questão científica - ou seja, se esses alimentos podem provocar algum tipo de dano ao ser humano ou ao meio ambiente.
Assim pensa o engenheiro ambiental Luiz Eduardo Rodrigues Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que detecta uma guerra midiática entre pessoas que defendem ou condenam os transgênicos, motivadas por algum fator que as favoreça. Ele dá um exemplo: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a elevação do Limite Máximo de Resíduo (LMR) de glifosato (herbicida da Monsanto vendido com o nome comercial Roundup, que é considerado altamente cancerígeno e que causa dano à fertilidade), de 0,2 miligramas por quilo (mg/kg) para 10 miligramas por quilo, no último mês de março. Ou seja, 50 vezes mais.
Carvalho explicou que nessa discussão as pessoas não falam abertamente o que pensam: "No bairro do Leblon há uma discussão entre os moradores que não querem que os bares tenham cadeiras na calçada. Mas na verdade a disputa não é contra as cadeiras e sim contra o barulho que os freqüentadores de bares fazem, mas isso não vem a público. Na questão dos OGMs, favoráveis e contrários usam argumentos científicos para tentar convencer as pessoas de suas teses, mas na verdade só o fazem motivados economicamente", afirmou.
Para ele, essa divisão está bem clara: de um lado os interessados diretamente em que os transgênicos sejam liberados, como a Embrapa e a Monsanto, que usam seu poder econômico para defendê-los na mídia. "Também se diz que os cientistas são favoráveis. Não são. O apoio se restringe aos geneticistas, que são entusiastas. É como perguntar a quem voa de asa delta se há risco de cair, ele vai dizer que é mínimo", disse, destacando que muitas instituições favoráveis aos transgênicos acabam pegando cientistas dentro das universidades e os pagando para defender os OGMs: "Criaram o cientista de passeata, que ganha jeton para defender uma causa. Isso é muito ruim, mostra a deficiência que existe em nossas universidades. Esse cientista acaba usando o nome da instituição onde trabalha para defender o que lhe pagam para defender", criticou. "E isso ocorre também em outros países, onde a máquina não precisa tanto das universidades como aqui."
O engenheiro afirmou que, com toda essa guerra, sobra muito pouco espaço para idéias independentes. "Se me perguntarem se sou contra ou a favor, vou dizer que sou favorável, afinal é uma fantástica invenção humana. Mas cada situação deve ser analisada individualmente. A produção de insulina ou até mesmo o coalho para se fazer queijo é feita com a modificação de gene, ou seja, é transgênica", disse.

Pressão
Para ele, a força do poder econômico na discussão dos transgênicos foi claramente exposta quando a Anvisa autorizou o aumento do Limite Máximo de Resíduo de glifosato: "O glifosato foi aumentado em 50 vezes. Quem foi que pediu isso, ou será que a Anvisa decidiu por conta própria?", questionou. O glifosato é o herbicida mais vendido no País. Uma tese de doutorado da professora doutora Eliane Dallegrave, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, comprovou dano na fertilidade de ratos Wistar que foram expostos ao glifosato.
Carvalho afirmou ainda que o processo para rotular os transgênicos também é puramente político: "Quem começou tudo isso foi o Greenpeace e o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que são favoráveis à rotulagem. Um outro grupo, formado por pessoas ligadas aos OGMs, era totalmente contra, mas ao ver que perderiam na Justiça, resolveram mudar radicalmente de opinião e fazer parte das comissões que discutem a questão".

Manipulação
E completou: "Hoje eles manipulam para que não aconteça a rotulagem. Armam esquemas para se rotular desde que não se rotule nada. Na idéia deles, o produto não transgênico é que deve levar o rótulo. Afinal, consumidor nenhum vai ao supermercado comprar um produto com rótulo de transgênico", lembrou. Ele disse que, devido a essa manipulação, produtos com até 4% de material transgênico não precisam ser rotulados no Brasil.

Transgênicos têm o aval da OMS, diz Monsanto
Segundo a Monsanto, detentora dos direitos à soja Roundup Ready (RR), plantada no Brasil, é investido diariamente US$ 1 milhão em pesquisas para avaliar a segurança alimentar e ambiental dos OGMs produzidos pela empresa. A Monsanto garante que todos os transgênicos introduzidos por ela no mercado mundial foram aprovados pela Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Monsanto estuda OGMs há mais de 20 anos. A soja RR foi criada na década de 80, mas aprovada para plantio nos Estados Unidos em 1995. Hoje, segundo a empresa, mais da metade de toda soja produzida no mundo é RR. Além da soja, nos Estados Unidos e no Canadá, a Monsanto também produz milho, canola e algodão geneticamente modificados. A empresa também se dedica a pesquisas de uma chamada segunda geração, que traria plantas enriquecidas, com mais óleos e vitaminas, ou mais nutritivas. Também estudam-se alterações genéticas que deixem as plantas mais resistentes ao frio.
As grandes vantagens oferecidas ao produtor, segundo a Monsanto, é a economia e a flexibilidade no manejo das plantas daninhas com o uso do glifosato - que para a Monsanto é um herbicida ecologicamente correto. Conforme o Centro de Política Agrícola e Alimentar dos Estados Unidos (NCFAP), os sojicultores norte-americanos aplicam 16 milhões de doses a menos de herbicida em sua soja por ano. Essa redução faz com que tenham uma economia de US$ 220 milhões anuais.
No Brasil, a Monsanto tem acordos com produtores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que pagam R$ 0,60 por saca de soja transgênica produzida à empresa, pelos royalties relativos à propriedade intelectual da soja RR. Essa cobrança é feita na entrega da safra nas cooperativas ou ao exportador.
Quanto à posição do Estado do Paraná, que proíbe o plantio e a exportação de transgênicos em seu território, a empresa informou que respeita, mas lamenta por privar os agricultores paranaenses da biotecnologia. (LM)

Tema acirra disputa entre governador e ministro
A forte influência do fator político na questão dos transgênicos é claramente explicitada no desejo do Estado do Paraná em se tornar livre dos OGMs. Enquanto o governador Roberto Requião (PMDB) garante que tem a anuência do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, desafeto de Requião, informa que como existem produtores paranaenses que assinaram o termo de adesão à produção dos transgênicos, o Paraná não pode ser considerado livre como um todo.
Na visão do governo paranaense, o rótulo de não transgênico funcionaria como o que acontece com a carne do Estado, já há alguns anos livre da febre aftosa. Essas condições especiais trariam preços melhores aos produtos do Paraná no mercado exterior.
Pressionado por produtores de soja transgênica, principalmente gaúchos, além das detentoras das sementes, o governo federal editou a Lei 10.814 que permite, apenas para essa safra, o plantio e a comercialização de grãos geneticamente modificados reservados a partir de 2003. Para poder plantar essa soja, o agricultor teve que assinar um termo de compromisso e responsabilidade.
A maior incidência desses termos acontece na região Sul. No Rio Grande do Sul foram 81.600 agricultores que aderiram aos OGMs. Em Santa Catarina, 557 agricultores. Já no Paraná, 574 produtores assinaram o compromisso. Em todo o Brasil, 15 estados produzem soja. Desses apenas Rondônia, Pará e o Distrito Federal não têm qualquer agricultor que tenha assinado o compromisso. "Segundo a lei, não existe a possibilidade de criação de uma área livre de transgênicos. O que pode acontecer são regiões dentro de um estado que não produzem OGMs", revelou o fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, Marcos Coelho. Segundo Coelho, o mercado internacional não vem negociando a soja geneticamente modificada nem com ágio nem com deságio. Conforme o ministério, o Brasil produziu 57,7 milhões de toneladas de soja até abril. A parcela produzida no Paraná corresponde a pouco mais de 10 milhões de toneladas. (LM)

Orgânicos podem ser boa alternativa aos OGMs
Na contramão dos OGMs estão os alimentos produzidos de forma orgânica, sem a utilização de agrotóxicos. O consultor agroecológico Fábio Sampaio Vianna Ramos, uma das maiores autoridades no assunto no Brasil, destacou que a valorização desse tipo de produto é uma tendência no mercado europeu e asiático. "Em 2005 passa a vigorar na União Européia uma lei determinando que todas as fontes de alimentos infantis sejam orgânicas. É a grande oportunidade que o produtor brasileiro tem em exportar cenoura, beterraba, batata e ganhar muito dinheiro", afirmou.
Conforme o consultor, o mercado europeu vem pagando mais por produtos orgânicos. "A soja orgânica é comprada a um preço 20% maior do que a convencional na Alemanha", revelou, destacando que pesquisas realizadas nesses mercados negam o interesse do consumidor daqueles países em ingerir OGMs. "Eles pagam pela saúde. O orgânico é melhor e dá essa segurança alimentar. Já no caso do transgênico, ainda não foi definido cientificamente se esses alimentos causam riscos à saúde ou ao meio ambiente", observou.
Ramos destacou que a história da cadeia agroalimentar passa pelo poder econômico. "Esse poder dita a regra. Tanto no varejo quanto para a indústria, que precisa viver, então produz patentes de sementes, agrotóxicos, etc.", salientou.
Segundo o consultor, o fiel da balança será o consumidor. "O negócio começa por ele, que tem que se sentir seguro ao consumir. Todavia, há muita imposição de produtos feitos na base do marketing. Para que o consumidor decida o que é ou não bom para si é necessário que a informação seja mais clara."
Ramos parabenizou o governo do Paraná pela posição adotada contra os transgênicos: "Esse movimento é sensato e corajoso. Temos que ter independência para decidir se vamos plantar ou não os OGMs. Não apenas ficar com medidas provisórias nos obrigando a plantar".
E também sugere a criação de programas e créditos para quem trabalha com agricultura orgânica. "Essa é uma área que tende a dar lucro. Vai gerar empregos, segurar o homem no campo e diminuir os problemas sociais nos grandes centros." (LM)

Global Wind atraca sob a proteção da PF
O navio argentino Global Wind, alvo de duas ações do Greenpeace nas últimas semanas, atracou na sexta-feira no Porto de Paranaguá protegido por homens e embarcações da Polícia Federal. Carregado com 30 mil toneladas de soja transgênica, o navio deve receber mais 10 mil toneladas de soja convencional do Paraná.
Para o Greenpeace, a soja exportada pelo porto paranaense deveria ser, na realidade, protegida da contaminação por OGMs, a fim de não pôr a perder todo o esforço feito para mantê-la livre de transgênicos. Por isso, a organização tentou impedir a atracação e o carregamento do navio nos dias 4 e 8 de maio.
Os portos de Paranaguá e Antonina, segundo o Greenpeace, são os únicos do País a realizarem o esforço contra a soja transgênica. "A Polícia Federal, assim como o governo, deveria estar protegendo os direitos dos consumidores e os interesses econômicos brasileiros em manter sua soja livre de transgênicos", disse Gabriela Vuolo, da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace. "No entanto, o que estamos vendo é exatamente o oposto: as autoridades estão protegendo o carregamento do navio, prejudicando assim as vantagens comerciais brasileiras e permitindo que empresas como a Bunge contaminem a soja brasileira."

Frente italiana
Enquanto isso, na Itália, trinta ativistas do Greenpeace estão, desde a manhã de ontem, ocupando a planta de processamento de soja da Bunge (Cereol) na cidade de Ancona. O objetivo é impedir que o carregamento de soja não transgênica vindo de Paranaguá (PR) seja contaminado ao ser descarregado no local, e de barrar a contaminação da cadeia de alimentos da Itália com a soja transgênica que já está estocada na unidade.
Alguns manifestantes bloquearam os portões da unidade e outros se acorrentaram a uma estrutura da fábrica. Os ativistas também penduraram uma faixa de 20 metros de comprimento no silo, demandando o fim da comida transgênica. Em Ancona, 1,5 mil toneladas do produto são processadas diariamente na planta da Bunge. "As empresas que desenvolveram os transgênicos estão percebendo que não há mercado para seus produtos", disse Federica Ferrario, da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace na Itália.

Alimentos modificados não têm ganho nutricional
Consumir um alimento geneticamente modificado não traz qualquer benefício a quem o consome. A opinião é da professora de Engenharia Alimentar da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Elaine Berges da Silva. Ela destacou que, até o momento, as inovações introduzidas pela genética servem apenas para beneficiar o produtor.
No caso da soja, por exemplo, o produtor ganha em produtividade com a aplicação do herbicida. Todavia, fica obrigado a aplicar apenas um único tipo de produto, além de ter que pagar pelas sementes que são geneticamente modificadas e possuem uma detentora de suas patentes. "Nutricionalmente não há qualquer ganho. Tanto a soja transgênica quanto a convencional são rigorosamente idênticas", relatou.
A engenheira de alimentos destacou que seria interessante para o Brasil diferenciar seu produto, produzindo alimentos convencionais. "Essa é a idéia do governo do Estado. Os mercados externos estão valorizando mais os produtos naturais", disse, destacando que no tocante à segurança no consumo de transgênicos ainda há muito a se discutir. "A modificação genética acontece na proteína, onde está concentrado o DNA da soja. Há a possibilidade de esse gene diferente causar algum tipo de alergia. Daí a importância em rotular os produtos geneticamente modificados, para que os consumidores saibam o que estão consumindo", afirmou.

Perigo
Elaine destacou que o perigo dos transgênicos é justamente onde está a proteína. "Na extração do óleo de soja, por exemplo, não entra a proteína. Mas existem alimentos onde estão concentrados protéicos de soja, ou até mesmo toda a soja moída, como no caso de sucos à base do grão", revelou. Para a engenheira, os transgênicos só seriam úteis caso trouxessem algum benefício nutricional. "Alimentos com quantidade maior de ácidos graxos polinsaturados, da família ômega, podem servir para reduzir o risco de problemas cardiovasculares", destacou.

Fonte: O Estado do Paraná

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