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quinta-feira, maio 19, 2005

CRISE DE RENDA NO SETOR RURAL DERRUBA PIB DA AGROPECUÁRIA

Os números do Produto Interno Bruto (PIB) da atividade agropecuária registrados em 2004 são prova de que o setor está passando por um momento de crise. Segundo estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA/USP), o PIB do setor agropecuário caiu 0,61% nos dois primeiros meses deste ano, na comparação com o resultado consolidado do final de dezembro de 2004. Apenas em fevereiro, a queda do PIB da agropecuária foi de 0,58%. “As perdas se concentraram na safra de grãos”, explica o chefe do Departamento Econômico (Decon) da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Getúlio Pernambuco. Exceções foram segmentos como os de café, cana-de-açúcar e laranja, os quais apresentaram recuperação de preços.
“Os dados mostram que a agropecuária brasileira está enfrentando o segundo ano consecutivo de perdas, de queda na renda.”, diz Pernambuco. Os dados acumulados do primeiro bimestre permitem projetar que o PIB da atividade primária da agropecuária deverá encerrar o ano na marca de R$ 154,91 bilhões, 3,7% a menos que os R$ 160,65 bilhões do ano passado. Em 2003, o PIB da agropecuária foi de R$ 162,06 bilhões. “No atual momento, o produtor rural é o principal prejudicado, pois já está enfrentando dificuldades para honrar seus compromissos. Mas em um segundo momento, a sociedade começa a sentir os reflexos dessa crise, com a queda na contratação de mão-de-obra. E se nada for feito, o impacto será a redução do plantio na próxima safra, levando à queda da oferta de alimentos e aumento dos preços dos produtos da cesta básica.”, alerta Pernambuco.
Isoladamente, a pecuária deverá apresentar PIB de R$ 65,28 bilhões em 2005, crescimento de modesto 0,09% na comparação com os R$ 65,22 bilhões do ano passado. A agricultura, por sua vez, tem PIB projetado em R$ 89,63 bilhões, uma queda de 6% frente os R$ 95,43 bilhões do ano passado. O conjunto do agronegócio (que envolve não apenas a produção primária, “dentro da porteira”, mas também os segmentos de insumos, indústria e distribuição) deverá apresentar PIB de R$ 545,08 bilhões em 2005, em crescimento de 2,07% na comparação com os R$ 533,98 bilhões do ano passado. Segundo Pernambuco, em breve os demais segmentos do agronegócio sentirão os impactos da crise no setor primário. “Haverá retração da compra de insumos, fertilizantes, agroquímicos e maquinário agrícola”, diz o chefe do Decon. Pernambuco destaca que a sobrevalorização cambial contribui na geração de resultados negativos para o campo. “Cerca de 20% da produção da agropecuária é exportada, e com o dólar desvalorizado, o resultado final é renda menor para o produtor”, analisa.
Dados do faturamento dos 25 principais produtos da agropecuária nacional, medido por meio do conceito do Valor Bruto da Produção (VBP), são mais uma prova da crise no setor rural. De janeiro a março, faturamento bruto do setor caiu 13,6%, na comparação com igual período de 2004. Isso permite estimar que o VBP da produção agropecuária brasileira será de R$ 169,9 bilhões este ano, frente R$ 196,6 bilhões, no ano passado. A queda no faturamento deve-se, principalmente, à fatores como queda da produção e redução dos preços médios reais.
No caso da soja, o VBP é estimado em R$ 24,99 bilhões para 2005, 38,1% a menos que os R$ 40,3 bilhões do ano passado, resultado da queda dos preços médios. A produção do grão ficou estagnada em torno de 50 milhões de toneladas, nas últimas duas safras. Houve recuperação do VBP em situações pontuais, como no café, produto cujo faturamento bruto é estimado em R$ 10 bilhões para 2005, 16% a mais que os R$ 8,7 bilhões do ano passado.


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