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quinta-feira, agosto 21, 2014

A HIPOCRISIA DO PT: A grande seita dos cínicos deveria ao menos poupar a família de Eduardo Campos do espetáculo do farisaísmo




A grande seita dos cínicos deveria ao menos poupar a família de Eduardo Campos do espetáculo do farisaísmo, registrou o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, depois de registrar a colisão frontal entre dois palavrórios de Lula sobre o mesmíssimo ex-aliado que ousou desgarrar-se do rebanho. No primeiro, despejado em março numa conversa com empresários, o ex-presidente enxergou em Eduardo Campos uma versão pernambucana do Fernando Collor de 1989.

(Em 1993, numa entrevista ao jornalista Milton Neves, o agora amigo de infância de Collor disse o que pensava do arrivista escorraçado do cargo pela pressão popular. Segue-se um trecho transcrito sem correções: “Ao invés de construir um governo, construir uma quadrilha como ele construiu, me dá pena, porque deve haver qualquer sintoma de debilidade no funcionamento do cérebro do Collor. Lamentavelmente a ganância, a vontade de roubar, a vontade de praticar corrupção, fez com que o Collor jogasse o sonho de milhões e milhões de brasileiros por terra”)

Nesta quarta-feira, numa nota encomendada a algum assessor capaz de escrever, o ex-presidente resolveu compensar o insulto que Campos ouviu em vida com uma promoção póstuma. Segundo Lula, o Brasil acabou de perder “um homem público de rara e extraordinária qualidade” na queda do Cessna que, caso se espatifasse cinco meses atrás, teria apenas dispensado o país de perder o sono com uma reencarnação da figura que descreveu no parágrafo anterior.

Ou coisa pior, vinham avisando os disparos dos bucaneiros alocados pelo PT no front da internet. A fuzilaria se intensificou em janeiro, com publicação na página do partido no Facebook de um artigo que retrata Eduardo Campos como “um playboy mimado”, “um tolo deslumbrado”, “um ambicioso que traiu Lula, Dilma e a memória do avô Miguel Arraes”. Fora o resto.

O serviço sujo se estendeu à área de comentários, infestada de militantes que amam concluir o desfile de adjetivos grosseiros com a ofensa anabolizada por letras maiúsculas e o buquê de pontos de exclamação: CANALHA!!!!! Surpreendidas pela morte do alvo, as milícias redescobriram em segundos que Eduardo Campos era um bom companheiro. Os generais do lulopetismo já veem no Judas de ontem um forte candidato à canonização. Dilma só não chorou na TV por falta de treino. E a tropa toda ensaia com muita aplicação a cara de viúva inconsolável recomendada a penetras de velório.

Em países afeitos ao convívio dos contrários, ninguém estranha a presença de líderes de distintos partidos na cerimônia do adeus a um velho adversário. Se a luta pelo poder obedece a regras civilizadas, se não são permitidos golpes abaixo da cintura, não há razão para constrangimentos. Esse rito ecumênico só acontece em países que erradicaram a selvageria política. Não é o caso de um Brasil governado por gente que acha que, numa eleição, só é proibido perder.

Lula divide o país em “nós”e “eles”. “Nós” são os que se curvam sem mugidos aos desígnios do chefe. “Eles” são o resto, e como restos merecem ser tratados. Os celebrantes de missas negras revogaram o sentimento da honra e removeram a fronteira que separa a crítica dura do agravo que fere a alma. Alguém precisa ensinar-lhes que infâmias imperdoáveis não são anuladas por notas hipócritas.

Até lá, os cínicos profissionais continuarão aparecendo nos velórios dos afrontados com o mesmo desembaraço que exibem em festanças no clube dos cafajestes.

DORA KRAMER: Rasteira do destino




Desde o início esta eleição estava marcada pela imprevisibilidade. Mas o inesperado acabou vindo antes do resultado, trazendo consigo a mais impactante das surpresas no acidente que matou o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, e outras seis pessoas que estavam no avião que caiu em Santos (SP) na manhã de ontem.

Uma rasteira do destino que corta de forma brutal a trajetória de um político vivaz, habilidoso e, característica rara, com um bom humor que o grande público não teve oportunidade de conhecer. 

Na tarefa de se tornar conhecido nacionalmente, o ex-governador de Pernambuco estava empenhado em mostrar suas qualidades de governante. Natural, não poderia nessa fase ocupar seu tempo mostrando aos eleitores suas qualidades de exímio comediante.

Melhor dizendo, de imitador. Inesquecíveis as performances em que reproduzia hipotéticos diálogos de Lula falando sobre ministros de seu governo, destacando as peculiaridades mais engraçadas de cada um. 

O “elenco” era amplo. Ciro Gomes, Marina Silva, Dilma Rousseff, Jaques Wagner, Fernando Henrique e muitos outros. Na verdade, todos. Nenhum dos “colegas” escapava ao espírito gozador de Eduardo Campos. 

Juntando-se à leveza de alma a consistência política, uma conversa com ele era sempre proveitosa e prazerosa. Na medida dos limites da estratégia, era transparente. Quando indicava seus passos podia até omitir, mas não mentia. Cabia ao interlocutor pesar, medir e concluir.

Ocorreu assim anos atrás quando, em diálogo rápido num restaurante em Brasília, deu sinais de que abriria (sem querer querendo) com sutileza as portas de saída ao PSB a Anthony Garotinho. Aconteceu de novo em 2013. 

O cenário era de indefinição sobre se seria ou não candidato a presidente, se deixaria ou não a área de influência do PT - surgiram especulações a respeito da possibilidade de Eduardo Campos aceitar a proposta do PT de concorrer à Presidência apenas em 2018 e desistir da disputa em 2014. 

Diante do quadro, o então governador de Pernambuco dizia: “Tem gente que ainda está esperando o cumprimento de compromissos de 1989”. Portanto, não seria ele a acreditar em promessa futura diante de acertos descumpridos do passado. Sem que ele dissesse de maneira explícita, estava claro que sairia candidato.

O projeto, construir um caminho político-eleitoral independente das duas forças preponderantes no País, PT e PSDB. Construção difícil, mas não impossível à qual Eduardo Campos começou a se dedicar com o discurso da “nova política” mais objetiva que a agenda “sonhática” de sua companheira de chapa Marina Silva. 

Campos costumava lembrar exemplos da história do Brasil para mostrar que seria perfeitamente possível governar sem lotear os cargos da administração pública entre partidos. O engajamento da sociedade na agenda política, segundo ele, seria a chave, tal como já ocorrera por ocasião da campanha pela redemocratização do País, no governo de transição depois do impeachment de Collor e à época da implantação do Plano Real. 

Na opinião dele, a urgência de renovação dos meios e modos de se fazer política poderia motivar o mesmo tipo de mobilização, a depender da disposição do governante eleito de utilizar a força obtida nas urnas para unir o País em torno de uma pauta inovadora desse tipo. 

Nessa concepção, caberia às lideranças, no caso específico ao presidente, transformar a apatia decorrente da indignação social com os políticos e os partidos em motor da geração de uma força coletiva de vontade de renovação. 

Sem mau humor, sem descrença, sem divisões, sem “eles”. O Brasil de todos nós. Agregador, assim era Eduardo Campos, um político de quem se podia discordar, mas uma pessoa de quem era absolutamente impossível não gostar.

DORA KRAMER: A sangue quente




Se ainda não há fatos a comentar, só nos resta raciocinar sobre hipóteses. É assim, meramente hipotético, que se desenha o horizonte eleitoral a partir da morte do candidato do PSB, Eduardo Campos.

No necessário afã de analisar o quadro por ora presumido (inexistente do ponto de vista estrito da realidade), as premissas não necessariamente estão corretas e, portanto, as conclusões de hoje podem ou não se realizar.

De onde convém conferir a elas peso relativo. Rezou o consenso nas análises políticas feitas a sangue quente logo após a confirmação do acidente que a eleição presidencial virou de cabeça para baixo, voltou ao ponto zero, sofreu uma mudança radical e que nada do que aconteceu até agora pode ser considerado.

Houve até quem dissesse que as pesquisas de opinião deveriam ser rasgadas, por inúteis. Um exagero, pois não medem apenas as intenções de votos entre os candidatos. Por outra, registram as respectivas taxas de rejeição, as posições do eleitorado de acordo com as faixas etárias, de renda, escolaridade, distribuição de votos por regiões, dados importantes que não se perdem como referência.

Evidentemente, haverá mudança no cenário. Só não é possível - fora do terreno da especulação - dizer ainda qual a dimensão dela nem em que qual direção será. Nos mais das vezes as variáveis mais lógicas contrariam o resultado esperado. A realidade costuma ser desobediente.

Por exemplo: quando Eduardo Campos e Marina Silva anunciaram a inesperada aliança, em outubro de 2013, a interpretação da maioria dos analistas (entre os quais me incluo) foi a de que haveria um abalo na eleição, que a tradicional polarização entre PT e PSDB estaria definitivamente ameaçada e que aquela união alteraria o quadro de maneira acentuada.

A tragédia do avião que caiu em Santos não permitiu que soubéssemos o restante da história, mas até aqui o roteiro não havia obedecido ao previsto: com a exposição inicial proporcionada pelo lance político, o candidato do PSB chegou a alcançar 15% nas pesquisas, mas depois voltou ao patamar entre 8% e 9%, enquanto foi se confirmando concentração da disputa entre Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves.

Eduardo Campos estava com dificuldade para explicar seu discurso sobre a "nova política", era muito cobrado a respeito das fontes de recursos para executar as propostas que apresentava, carregava a tarefa de aparar arestas em setores refratários à sua vice Marina Silva e, ao mesmo tempo, a missão de seduzir o eleitorado identificado com o simbolismo da antipolítica representado por ela.

E agora? Agora há pouquíssima margem para manobras. A lei eleitoral dá ao PSB dez dias, a contar de ontem (14), para registrar outra candidatura no Tribunal Superior Eleitoral ou abrir mão de disputar a Presidência. O prazo vence no sábado (23).

A direção do partido bem como a candidata a vice até ontem se recusavam a conversar sobre o futuro antes de concluídas as homenagens fúnebres a Eduardo Campos. As lideranças do PSB estavam em São Paulo ocupadas com a liberação dos restos mortais para o velório e enterro, no Recife.

Isso aconteceria no fim de semana ou até depois, pois a viúva de Eduardo Campos, Renata, determinou que o corpo do marido só fosse liberado junto com o das outras seis vítimas. Sobraria muito pouco tempo para uma decisão política. O que encaminha a solução para a saída mais natural, que é o nome de Marina Silva.

Isso por si só zera o jogo? Depende. De vários fatores. Do comportamento do eleitorado que pode não ser o mesmo que deu a ela 20 milhões de votos em 2010; do PSB, cujo controle estava nas mãos de Eduardo Campos; da repercussão no eleitorado do Nordeste; na durabilidade da comoção nacional que lamentavelmente só fez o País despertar para a qualidade de Eduardo Campos após a sua morte.

O PSB fica num dilema: vai com Marina ou racha com ela ou sem ela.

MERVAL PEREIRA: Por baixo dos panos


Ao sentir que há o perigo de o PSB tomar um rumo diametralmente oposto ao traçado por Eduardo Campos em sua campanha, apoiando oficialmente ou em uma aliança branca a reeleição da presidente Dilma, sua família não se furtou a definir uma posição a favor da candidatura da ex-senadora Marina Silva à Presidência da República.


Seu irmão, também membro do diretório nacional do partido, declarou que a vontade de Campos seria que Marina o sucedesse. O filho mais velho, João, postou no Facebook uma mensagem direta: as bandeiras de meu pai precisam ser levadas adiante. 

Quem as representará melhor, Marina, que era sua vice, ou Dilma, que era seu alvo preferencial?

Enquanto a direção nacional do partido, tendo o novo presidente Roberto Amaral à frente, se escudava no luto oficial para adiar a discussão da sucessão, por baixo dos panos as negociações já começaram, especialmente através do ex-presidente Lula, para que o PSB não lance candidato próprio, ou lance um nome de sua base política que não seja Marina, a pretexto de preservar a estrutura partidária.

Na verdade, além do interesse político de recolocar o PSB na base aliada governista, há a preocupação de ala importante da direção nacional da legenda de não perder o controle sobre a máquina partidária. Com a assunção de Marina Silva à condição de candidata oficial do condomínio PSB- Rede, o controle da campanha passará naturalmente para os seus aliados. É Marina, e não qualquer outro político do PSB, que detém hoje uma expectativa de poder altamente avaliada, e por isso os candidatos pelo país afora devem também pressionar a direção nacional para que ela seja a escolhida.

Marina não dará nenhum passo para ser indicada, e terá que ser convidada pela direção nacional dos partidos aliados, na sua maioria já dispostos a apoiá-la. Ela sem dúvida começa a campanha com alto potencial de crescimento, e deverá atrair boa parte dos eleitores que hoje se declaram indecisos, ou dispostos a anular o voto, especialmente os jovens que já começaram nas redes sociais campanha pela sua candidatura.

Os primeiros números de pesquisas eleitorais, como a do Datafolha que deve ser divulgada domingo ou segunda-feira, devem apresentar um índice bastante positivo a favor de Marina, turbinado pela emoção desses momentos. As pesquisas a partir de setembro, com a propaganda eleitoral já em curso, devem mostrar um quadro mais real.

Embora se apresente como uma alternativa ainda mais viável à polarização PT/PSDB, num primeiro momento Marina deve tirar mais votos de Dilma do que de Aécio Neves, mas pode retardar o crescimento dos tucanos. Uma perspectiva radicalmente oposta ao quadro atual, que Eduardo Campos gostava de lançar nas conversas, era a possibilidade de ele ir para o segundo turno contra Aécio Neves, com a presidente Dilma ficando de fora.

Essa hipótese se torna mais possível, embora altamente improvável, com a candidatura de Marina, que acrescenta elementos novos à disputa. A ex-senadora terá, no entanto, mais dificuldades em sua campanha do que teria Eduardo Campos, já que ela não contará, em qualquer hipótese, com um partido unido a apoiá-la.

O PSB entrará em grande disputa interna, e também com a Rede, o que é perigoso para uma campanha majoritária. Além do mais, acordos feitos por Eduardo Campos em vários Estados poderão reagir a uma candidatura Marina. O PMDB do Mato Grosso do Sul, por exemplo, com a candidatura de Nelsinho Trad, de uma família do agronegócio, já anunciou que reverá a aliança.

Em Pernambuco, o PSDB acha que agora tem espaço para polarizar com a presidente Dilma por que Marina não terá um terço dos votos que o Eduardo teria, e um eleitorado de oposição ficará em busca de um candidato. Em São Paulo desaparece a campanha para o PSB, pois Marina foi contra a aliança.

Os apoios estruturais, montados, com candidatos a deputados, ela não terá em São Paulo, onde foi muito bem votada em 2010. Pode repetir a boa votação na capital, mas no interior a falta de estrutura a prejudicará. Em Santa Catarina, o grupo político dos Bornhausen, que lançou Paulo Bornhausen ao Senado, não tem ligações com Marina e tende a apoiar o candidato tucano à Presidência.

Em Alagoas, Marina se recusava a subir no palanque do senador Benedito de Lira do PP, candidato ao governo apoiado por Campos. Em Mato Grosso, senador Pedro Taques do PDT, que apoiava Campos, já anunciou que mudará para apoiar a candidatura de Aécio Neves.

Com Marina em campo, como se vê, são muitas as alternativas abertas com a saída de cena de Eduardo Campos, e é impossível prever o que acontecerá. Quem disser, a esta altura, que sabe o que vai acontecer, estará errando.

Fonte: Blog do Merval

EDUARDO CAMPOS: Programa eleitoral iria ao ar com uma mensagem totalmente de Oposição ao fisiologismo do governo Dilma Rousseff




POR ALEX RIBEIRO, EM 15.08.2014

Nos últimos dias, antes da sua morte em um acidente de avião, o então candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, estava dividindo seu tempo entre as viagens de campanha pelo País e as gravações para a propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV, que terá início no próximo dia 19.

Muito se falou do formato que seria utilizado pelo presidenciável para passar a sua mensagem. Ficou definido que uma conversa com convidados em um espaço tipo arena seria o ideal para passar o que a coligação tinha a dizer.

Num dos vídeos, Eduardo fala sobre os representantes da “velha política”, e cita os senadores José Sarney (PMDB), Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Collor (PTB). Enquanto o presidenciável falava, a ex-senadora Marina Silva (PSB) assistia o pronunciamento do companheiro de chapa. O ex-governador lembrou das manifestações de junho de 2013 e disse que era preciso “colocar a sociedade para cumprir o seu papel”.

“Encheram aquela esplanada de estudante, desceu gente desempregada daquela periferia de Brasília, funcionário público, encheram aquela rampa. Em 15 dias, sem que o povo tivesse nenhum ministério, nenhum cargo, só dando pressão, aquele calor, em 15 dias eles votaram mais do que um ano em que Dilma (Rousseff-PT) dando tudo que eles queria”, relatou Campos, num dos trechos do vídeo.

Agora, com a morte de Eduardo, o PSB aguarda a identificação e sepultamento dos corpos dos ocupantes do avião para, só então, discutir quem substituirá o socialista na cabeça de chapa, bem como o nome do vice.

Pela legislação eleitoral, a coligação ainda tem oito dias para tomar essa decisão. No entanto, como o guia eleitoral terá início na próxima terça-feira (19), a decisão deve ser acelerada e anunciada após os funerais. Até para ter tempo de ajustar os programas que irão ao ar já na terça-feira. O PSB vai correr contra o tempo.




QUEM MATOU EDUARDO CAMPOS? No Recife o povo só fala de 'atentado' contra Campos


Capital pernambucana deixa a política de lado em luto a Eduardo Campos

Aliados e adversários do ex-governador fecharam comitês e retiram campanha das ruas

POR CAIO BARBOSA NO O DIA

Recife (PE) - A capital pernambucana respira política. Ainda mais com um candidato a presidência da República. Mas a morte do ex-governador Eduardo Campos tirou o povo das ruas. Aliados e adversários fecharam comitês e retiraram os cavaletes com propaganda política das esquinas em respeito ao filho da terra, morto nesta quarta-feira, num trágico acidente aéreo, em Santos (SP). Mais seis pessoas morreram na queda do avião.


No comitê central da campanha de Campos, no bairro Parnamirim, tudo fechado. E uma imensa faixa preta em sinal de luto. Na porta, apenas o seu Ricardo, camelô que vende café sempre fresquinho aos socialistas do Recife.

"Eduardo era muito respeitado aqui no Recife. Por todos. E os que não gostavam dele, respeitam por causa do avô. Igual ao Velho Arraes não tinha, não. Era o homem que parava Pernambuco, querido na capital e no Sertão. O Estado está de luto em respeito ao neto do Arraes, um homem sem igual", contou Ricardo, de 57 anos.

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Amigo da família e militante do PSB, Artur Cunha disse que a cidade só voltará a falar de política após o enterro de Eduardo Campos. "Ninguém tem cabeça para isso. Não faz sentido fazer campanha num momento como este. Está todo mundo muito chocado com a notícia. Vamos esperar tudo acabar para ver o que fazer", disse Cunha.

Os correligionários de Armando Monteiro Neto (PTB), candidato ao governo do Estado que lidera as pesquisas e é adversário de Eduardo Campos, também retiraram a campanha das ruas. "O chefe mandou retirar tudo. Na política é preciso haver respeito", disse um dos garotos que carregava um cavalete de Armando Monteiro.

Recife amanhece falando em 'atentado' contra Campos

Eduardo Campos, morto no mesmo dia que o avô, o também ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, já virou lenda no Recife, capital de Pernambuco, cidade onde nasceu e construiu sua vida política. Nas ruas, não se fala em outro assunto. E pouco importa o que dizem os jornais. Para a maioria dos pernambucanos, simpatizantes ou não de Eduardo Campos, a morte não foi acidente, mas atentado.

"Ele sabia que corria esse risco. A família sabia. Tanto que nunca viajava no mesmo avião que o primogênito, João. Assim como ele também evitava viajar no mesmo avião que o avô Arraes. Político que pensa no povo não pode durar muito porque os poderosos não deixam", insinuou Múcio Santana, garçom num restaurante de Boa Viagem, bairro nobre do Recife.

Querido pelos amigos e respeitado pelos adversários, que retiraram a campanha das ruas após o anúncio da morte do ex-governador, Eduardo Campos, para os pernambucanos, fez como o ex-presidente Getúlio Vargas, deixou a vida para entrar para a história.

"Não tem um pernambucano que não desconfie dessa morte. O avião virou uma bola de fogo em pleno ar. Como assim? Era um dos aviões mais modernos do mundo. Tem treta nisso daí, pode crer que tem", apostou Marivaldo Gomes, jornaleiro.

A família de Eduardo Campos ainda não levantou a hipótese de atentado. Ainda muito abalados com a tragédia, segundo amigos, todos creem que tenha sido mesmo uma fatalidade.

O coordenador da campanha de Eduardo Campos no Rio de Janeiro, Rubens Bomtempo, prefeito de Petrópolis, também não acredita que o amigo e companheiro de partido tenha sido vítima de nenhum atentado.

"Prefiro nem acreditar numa coisa dessas. Acho que não dá para descartar nada nesse mundo, mas acho que não foi isso. É natural que os pernambucanos tenham esta impressão, já que Eduardo era um grande líder e virou uma espécie de herói regional. Mas prefiro crer que não", disse Bomtempo, ainda abalado com a tragédia.


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Fonte: O Dia

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