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quinta-feira, março 04, 2004

A diversidade na adaptação do Sistema Plantio Direto

Os desafios na adoção do plantio direto em nível mundial foi tema da VII Conferência Mundial da Soja, que acontece até sexta-feira, dia 05, em Foz do Iguaçu, PR. A tecnologia desenvolvida pelo Brasil desde a década de 1970 sofre adaptações para ser implantada nos maiores paises produtores de grãos.
O Sistema Plantio Direto surgiu no Brasil frente a necessidade de tornar mais sustentável a produção agrícola, minimizando os custos com insumos e otimizando o aproveitamento da área de plantio. Além da questão econômica, o sistema também consiste em reduzir o impacto ambiental causado pela agricultura. Dentro deste novo paradigma de produção, o planto direto passou a ser orientado por três procedimentos base, conhecidos como projeto “3Rs”: rotação de culturas, resíduos no solo (plantio na palha) e roots (raiz, no sentido de imobilidade do solo e reciclagem de nutrientes).
De acordo com o pesquisador Paulo Galerani, da Embrapa Soja, na década de 1990 o plantio direto começou a ganhar espaço no sul dos EUA, Argentina e, mais timidamente, na Europa e Ásia. “As técnicas desenvolvidas no Brasil passam por constantes adaptações frente a diversidade de ambientes encontradas em cada país. Aqui mesmo no Brasil, o sistema plantio direto sofre alterações em função de características regionais. Desta forma, o plantio direto no Sul do país é bem diferente das técnicas usadas no Cerrados, que enfrenta os rigores da estiagem, uma situação parecida com as dificuldades encontradas na Austrália para a implantação do sistema”, avalia o pesquisador.
Na Argentina, segundo o pesquisador Roberto Peiretti, da CAAPAS, a rotação de culturas passou a integrar as técnicas tradicionais de manejo, como o terraceamento e o plantio em curva, na adaptação do sistema brasileiro. O resultado foi uma produção que duplicou o rendimento em 10 anos, mantendo a área plantada. Atualmente, cerca de 12 milhões de hectares de soja no país são produzidos no sistema plantio direto.
As experiências com plantio direto na China só iniciaram no final dos anos 90. O país conta com uma área agrícola de 126 milhões de hectares, divididos entre as culturas de soja 3,1%, arroz 25%, trigo e milho com 68%. As propriedades têm, em média, dois hectares, estruturados em meio a montanhas e vales. “Os sistemas agrícolas da China se mantém há cinco mil anos, mas os problemas com erosão já afetam 36% dos agricultores, tornado as terras improdutivas e aumentando os custos de produção”, explica o representante da Northeast Agricultural University, Wenbin Li. Nos últimos anos, a China intensificou a pesquisa em plantio direto, com o sistema atingindo uma área de 3,6 milhões de hectares em 2003. Entre os principais problemas enfrentados por Li, estão a adaptação de máquinas e implementos à topografia acidentada, e a incidência de neve no topo das montanhas que impede a manutenção da cobertura no inverno e a necessidade de ventilação do solo nos períodos subseqüentes.
Mais de três décadas de desenvolvimento do plantio direto no país que originou a tecnologia, não foram suficientes para superar todos os desafios que o sistema impõe aos pesquisadores brasileiros. Conforme o especialista da Associação de Plantio Direto no Cerrado, John Landers, o sistema ainda demanda o estudo de novas espécies de plantas para cobertura do solo durante a rotação, avaliações de efeitos alelopáticos de algumas culturas que inibem o crescimento da cultura subseqüente, redução na dependência de herbicidas e trabalhos específicos para controle de pragas e indicadores de qualidade de solo em plantio direto. “O plantio direto não é uma receita pronta, que pode ser aplicada da mesma maneira em todos os lugares. É um processo em constante mudança. Mas não há dúvidas de que o sistema vai continuar a revolucionar a agricultura em países de todo o mundo, da mesma forma como aconteceu no Brasil”, conclui Paulo Galerani.

Jornalista Joseani M. Antunes RP 9693
Tel: (45) 529-0123

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