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sexta-feira, julho 02, 2004

Brasil e Etiópia pesquisam juntos o café descafeinado

Os pesquisadores brasileiros que descobriram três variedades de café arábica naturalmente descafeinado poderão fechar um acordo de pesquisa com parceiros etíopes. O contato entre a Ethiopian Agricultural Research Organization (Earo), uma entidade de pesquisa na área agrícola daquele país, com a Unicamp e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), foi iniciado nesta semana. De acordo com Paulo Mazzafera, professor e pesquisador do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB/Unicamp), um dos responsáveis pela descoberta, o pesquisador etíope Tsedeke Abate quer conhecer mais detalhes da pesquisa brasileira e iniciar uma cooperação.
A sugestão do grupo de pesquisadores do Brasil é identificar quais as variedades do banco de germoplasma cada país possui, avaliar o teor de cafeína em variedades ainda não investigadas e posteriormente criar uma expedição para fazer novas coletas em áreas de floresta da Etiópia. Segundo Mazzafera, por enquanto, está descartada a transferência de material genético do Brasil à Etiópia. Todo banco pesquisado no Brasil pertence ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
A descoberta brasileira, publicada na edição da semana passada da revista britânica "Nature", causou polêmica mundial. Um representante da Associação de Exportadores de Café da Etiópia sugere em entrevista à Agência Reuters que o material genético pesquisado teria sido retirado do país sem autorização do governo etíope. O membro da associação diz ainda que o anúncio da descoberta deveria ter sido informada ao governo do país.
"Acho isso um grande absurdo", diz Mazzafera. "O Brasil não foi o único a receber esse material. O banco de germoplasma foi colhido por uma delegação de pesquisadores coordenados numa expedição da FAO, órgão da ONU para alimentação e agricultura, em 1965". Além do Brasil, países como Índia, Tanzânia, Peru, Costa Rica e a Etiópia receberam o material , disse.
O professor apresentou documento que detalha a missão à Etiópia em 1964. Segundo o documento, o governo do país conhecia os objetivos da expedição e participou dela. O projeto teve o objetivo de colher variedades de café silvestres nas florestas daquele país, berço do café. O objetivo foi preservar material genético diante da ameaça de desmatamento. Para Mazzafera, o desmatamento pode ter extinto variedades de café hoje existentes no IAC.
Todo acervo plantado na Estação Experimental do IAC, em Campinas, derivou desta expedição. O material chegou ao Brasil em 1973. Depois de um período de quarentena, em Jundiaí, as plantas foram trazidas para Campinas.
O IAC e o Instituto de Biologia da Unicamp fizeram uma varredura em três mil plantas que formam este banco de germoplasma. A concentração mínima de cafeína foi observada em apenas três variedades que receberam os nomes de AC1, AC2 e AC3, em homenagem a um dos mais importantes pesquisadores de café Alcides Carvalho.

Fonte: Gazeta Mercantil

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