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quarta-feira, junho 09, 2004

Mais de 90% dos agricultores do Rio não se protegem contra agrotóxicos

O emprego de agrotóxicos nas áreas rurais é muito comum e tem crescido, segundo observação de pesquisadores. No entanto, como na maioria dos casos não há um controle eficaz sobre a venda e uso destes produtos, e como os equipamentos de proteção são negligenciados, os agricultores acabam correndo riscos de intoxicação. É o que mostram Isabella Delgado e Francisco José Paumgartten, ambos da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), com um levantamento feito com agricultores de Paty do Alferes (RJ).
De acordo com artigo publicado no início do ano na revista Cadernos de Saúde Pública, "o risco de efeitos adversos à saúde humana relacionados ao uso de pesticidas depende fundamentalmente do perfil toxicológico do produto, do tipo e da intensidade da exposição experimentada pelos indivíduos e da susceptibilidade da população exposta".
Por isso, os pesquisadores resolveram aplicar um questionário a 55 trabalhadores rurais, onde buscaram avaliar o perfil do informante, os pesticidas usados na região, o emprego de equipamentos de proteção e medidas de higiene, a ocorrência de sintomas de intoxicação durante o trabalho, o destino dado às embalagens vazias, e o tipo de orientação e assistência técnica recebida.
Segundo Isabella e Francisco, todos os agricultores entrevistados relataram usar regularmente pesticidas nas suas lavouras. "Foram encontrados, entre inseticidas, fungicidas e acaricidas, 36 produtos comerciais: 8 da classe I (extremamente tóxico), 12 da classe II (altamente tóxico), 9 da III (medianamente tóxico) e 7 da IV (pouco tóxico), segundo a classificação toxicológica dos ministérios da Agricultura e da Saúde", explicam. A maior parte deles utilizava um pulverizador para aplicar o agrotóxico.
Os pesquisadores observaram ainda que 92% dos entrevistados informaram não usar qualquer tipo de equipamento de proteção individual para preparar e/ou aplicar os pesticidas, seja pela falta de costume, pelo fato de os equipamentos serem desconfortáveis ou muito quentes, ou pelo fato de dificultarem o trabalho e serem muito caros. Em relação ao local de armazenamento do produto, 52% dos agricultores guardam os pesticidas em local trancado. No entanto, não há uma prática única com relação ao descarte das embalagens de pesticidas.
Além disso, Isabella e Francisco ressaltam que a maioria dos agricultores disse não ter recebido assistência técnica e informou fazer as compras do pesticida orientado pelo vendedor, por outro agricultor ou pelo dono da terra. No tocante à intoxicação, "62% informaram já ter 'passado mal' ao preparar e/ou aplicar pesticidas, que na maioria das vezes pertenciam à classe I, estando entre os sintomas mais citados dores de cabeça, enjôo e diminuição da visão". Poucos procuraram atendimento médico, sendo que a maioria se automedicou.
Dessa forma, os dois alertam para o fato de que "a exposição por via dérmica é importante e medidas relativamente simples e baratas, como o uso de luvas e camisas de manga comprida, poderiam desde já reduzi-las substancialmente".

Fonte: Agência Notisa

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