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quinta-feira, março 13, 2014

DESABAFO DE UM AGRICULTOR BRASILEIRO: Eu quero ser cubano!

Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel 
Vice Presidente da Farsul

Ao longo da semana, as notícias das deserções dos médicos Ramona Rodriguez e Ortelio Jaime Guerra do Programa “Mais Médicos” agitaram o noticiário. Os dois profissionais saíram do festejado programa do ministro-candidato Alexandre Padilha revelando detalhes sórdidos que vão do tráfico humano ao enriquecimento ilícito da ditadura dos irmãos Castro, passando pela suspeita de financiamento irregular de campanhas eleitorais. No entanto, como produtor rural, me sinto um pouco na contramão destes médicos, sem entender por que eles querem abandonar aquela ilha de prosperidade e liberdade. Eu, como produtor rural, já decidi: quero ir para Cuba.
 
Decidi que quero ser produtor rural em Cuba depois da notícia da inauguração do moderno Porto de Mariel, anunciado como um dos mais modernos do Caribe. Ao menos lá existe investimento do BNDES, instituição que nasceu para fomentar o desenvolvimento econômico e social... do Brasil! Mas felizmente, não há investimentos a fazer no Porto de Rio Grande. Nem no Porto de Santos, por cujo atraso tecnológico e burocrático se escoa mais de 80% da produção nacional. Menos ainda investir no Porto de Marabá, que poderia ser uma alternativa mais barata para a produção rural e industrial das regiões Norte e Centro-Oeste. Felizmente, diante da absoluta falta problemas de logística no Brasil, faz todo sentido que nosso banco de fomento invista em outros países. Afinal, colocar todo esse dinheiro onde?
 
Decidi que quero ser cubano ao investigar que, além desta generosidade brasileira, o Ministério da Agricultura tem disponibilizado equipes da Embrapa para parcerias tecnológicas de aperfeiçoamento e ampliação de lavouras...em Cuba. Sim, a Embrapa que é um dos orgulhos da produção científica brasileira, certamente já cobriu todo o território nacional com pesquisa e extensão aos produtores nacionais, o que justifica esses acordos de cooperação onde só um lado tem benefícios.
 
A deficiência estrutural nas estradas e portos brasileiros quase paralisou a safra do ano passado. Neste ano, uma nova super-safra será colhida, e a deterioração de rodovias e portos avança em todo o Brasil. Mas apesar de tudo isso, é o produtor brasileiro quem continua sustentando a balança comercial e o desempenho da economia nacional, fazendo do país um campeão mundial de produção de alimentos em uma área total menor que de todas as reservas indígenas somadas. 
 
Não.. pensando bem, não quero ser produtor rural cubano. Tenho satisfação demais em ser produtor rural brasileiro para pensar numa coisa dessas...mesmo com todo o dinheiro do BNDES.
 

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