AgroBrasil - @gricultura Brasileira Online

+ LIDAS NA SEMANA

segunda-feira, julho 19, 2004

O reflorestamento é alternativa na agricultura familiar

Helio Tonini

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas, o desmatamento na Amazônia até o ano 2000, foi de 59 milhões de ha, o que corresponde a cerca de 15 % da área total. Desta área desmatada, cerca de 18 milhões de hectares foram transformados em pastagens, existindo estimativas de que pelo menos a metade desta área estaria atualmente degradada ou em estado de degradação.
O reflorestamento destas áreas, além dos benefícios ecológicos, aumentaria a oferta de madeira reflorestada na região, aumentando a renda na propriedade rural e diminuindo a pressão sobre as florestas naturais remanescentes.
O plantio de espécies florestais em propriedades rurais traz uma série de benefícios indiretos como a ocupação de áreas abandonadas, proteção das nascentes e cursos de água, recuperação do solo, entre outros, sendo, contudo, também considerado como uma atividade econômica, tal como a agricultura tradicional.
Além da madeira (principal produto a ser colhido em plantios florestais) diversos produtos não madeireiros podem ser aproveitados tais como óleos, resinas e sementes, diversificando a produção e aumentando a renda destas populações.
No oeste do Pará, os índios Parakanã, depois de receberem treinamento em colheita e comercialização de sementes oferecidos pela Embrapa Amazônia Oriental vem comercializando sementes de mogno e tatajuba tendo atualmente a possibilidade de ganhar até R$ 10.000 por ano só com a venda de sementes.
No entanto, ainda existem poucas plantações florestais na Amazônia, sendo que área reflorestada na região corresponde a apenas 6% da área destinada a silvicultura no Brasil, que por sua vez, ocupa apenas 1% do território nacional. Apesar de ocupar uma área tão pequena, a madeira oriunda de reflorestamento responde por 32% da madeira consumida no país, desempenhando papel fundamental na substituição da madeira oriunda de florestas nativas.
Um dos grandes problemas para a silvicultura regional,refere-se ao pouco conhecimento sobre o comportamento das espécies nativas e exóticas nas diferentes condições ecológicas da região Amazônica. As recomendações de espécies para plantios florestais devem estar baseadas em informações experimentais conduzidas por centros de pesquisa como a Embrapa, Inpa, Universidades e algumas empresas e organizações não governamentais.
O projeto de pesquisa da Embrapa denominado “Zoneamento edafo-climático para o plantio de espécies florestais de rápido crescimento na Amazônia” foi uma das melhores iniciativas de gerar informação a respeito do crescimento de espécies florestais na região. Neste projeto foram selecionadas inicialmente 26 espécies plantadas em diferentes condições ambientais em cinco estados (PA, AM, RO, RR, AP). Como resultado, a Acacia mangium, o Eucalyptus urograndis, o paricá (Schizolobium amazonicum) e o taxi-branco (Sclerolobium paniculatum) foram as espécies que obtiveram melhor desempenho, sendo consideradas as mais promissoras para reflorestamentos na Amazônia.
Para Roraima, em área de floresta, o Eucalyptus urograndis e o Paricá são as espécies que tem apresentado, até o momento, maior crescimento com um incremento médio anual em volume de 57,2 m3/ha ano e 32,6 m3/ha ano aos 5 anos de idade. O eucalipto, originário da Austrália, é um dos gêneros mais plantados no mundo podendo ser utilizado tanto para produtos serrados como energia e celulose. O Paricá, de madeira mais leve, pode ser utilizado na industria de laminação e compensados.
Outras espécies que vem se destacando são o para-para ( Jacaranda copaia) e a castanheira-do-brasil (Bertollethia excelsa) com incrementos médios em volume de 37,4 m3/ha e 14,6 m3/ha aos sete anos de idade. Ambas as espécies podendo ser utilizadas no mercado de produtos serrados.
Este bom desempenho apresentado por algumas espécies florestais, indica que é possível praticar agricultura e silvicultura em uma mesma área, planejando e ocupando a propriedade de forma racional, trazendo benefícios ecológicos (proteção do solo e cursos de água), econômicos (diversificação da produção) e sociais (geração de emprego e ocupação de mão-de-obra) para os produtores.

Helio Tonini
Pesquisador da Embrapa Roraima
helio@cpafrr.embrapa.br

Nenhum comentário:

+ LIDAS NOS ÚLTIMOS 30 DIAS

Arquivo do blog