Haron Abrahim Magalhães Xaud
Mapas, imagens de satélite e levantamentos oficiais, mostram o avanço do desmatamento sobre regiões florestais de Roraima alcançando em 2003 a casa dos 7.000 km2, segundo o Instituto nacional de Pesquisas Espaciais. Este quadro evolui sem que tenha havido um planejamento do poder público referente ao uso sustentável para as florestas que são normalmente exploradas seletivamente, derrubadas, queimadas e finalmente transformadas em áreas de agricultura e/ou pasto, esgotando-a como importante recurso natural, às vezes entrando em processo de sucessão secundária ou capoeira (chamada regionalmente de “juquira”).
Ao se estudar ambientes amazônicos, a pesquisa se depara com o grande desafio representado pelo insuficiente número de pontos amostrados versus a imensidão geográfica desta região. Mesmo abordando apenas o Estado de Roraima, alguns tipos de florestas, principalmente as de transição, ainda não haviam sido estudadas. Por outro lado, as florestas equatoriais da Amazônia Central favorecidas pela existência de três atuantes pólos científicos com herbários reconhecidos internacionalmente: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) e Embrapa Amazônia Oriental (CPATU), são os ecossistemas mais bem estudados da região
O pesquisador, Dr. Bruce Walker Nelson, em sua tese de doutorado, publicada em 1994 pelo INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), comprovou que existe uma concentração de estudos botânicos em áreas próximas a estes três centros em detrimento da vasta Amazônia. A facilidade de acesso, rapidez nas coletas e custo de locomoção mais baixo, levam a uma tendência geográfica na super-amostragem de algumas áreas mais próximas aos herbários e sub-amostragem para outras mais longínquas.
Observando este contexto, a Embrapa Roraima a partir do ano de 2000 tem dedicado pesquisas em florestas naturais de Roraima, enfatizando inicialmente as florestas de transição, visando levantamento de parâmetros regionais específicos para as condições do Estado. Estes estudos são executados mediante a realização de Inventários Florestais, que nada mais são que uma forma organizada de se obter informações de interesse da floresta como: nº de árvores existentes por área, nº de espécies, altura (total e comercial), diâmetro (a 1,30m do solo) e o mapeamento com a localização das árvores na área inventariada.
E por que a geração destas informações é importante? Qual será a utilidade destes estudos? Da mesma forma que não se pode cultivar a terra com sucesso sem conhecer o solo, o clima, além do manejo das plantas, não se pode também fazer bom uso (sustentável) dos recursos florestais sem antes conhecê-los, sem observar a complexidade de sua dinâmica.
Existem diversas perguntas a serem respondidas: Em quantos anos uma árvore jovem se tornará adulta e apta a servir como matéria prima? A partir de qual tamanho (diâmetro e altura) uma espécie apresenta maior mortalidade? As espécies estão se regenerando naturalmente? A velocidade de crescimento das florestas de Roraima segue o mesmo padrão determinado nas pesquisas para as florestas da Amazônia Central? Qual o potencial madeireiro e não madeireiro destas florestas? Qual a quantidade de Biomassa e Carbono estocada? Qual a biodiversidade contida nestes ecossistemas?
Buscando responder à boa parte destas perguntas a Embrapa Roraima vem a intensificando os inventários florestais realizados no Estado. Tanto a preocupação com a preservação destes ecossistemas, quanto sua conservação através de uso sustentado, estão embutidos nestes estudos. As informações que estão sendo geradas e publicadas devem fornecer subsídio para que os órgãos públicos ambientais, de planejamento e desenvolvimento, possam desenvolver políticas mais consistentes para o desenvolvimento adequado do setor florestal em Roraima. Planos de Manejo Florestal Sustentado que podem ser realizados por pequenos, médios ou grandes proprietários, também encontrarão subsídios técnicos nestas informações.
Cabe aos pesquisadores a busca de um melhor conhecimento das florestas que ocorrem no Estado, principalmente aquelas com condições ambientais de clima, solo, relevo, composição florística, estrutura e potencial madeireiro diferenciadas de outras áreas da Amazônia Central, como as citadas florestas de transição. Exatamente nestas florestas encontram-se os setores onde a expansão da fronteira agropecuária tem ocorrido de forma mais acelerada no Estado.
Em Roraima, os estudos dos recursos florestais ficaram muito tempo estacionados nos levantamentos do RADAMBRASIL (1975) com raras incursões novas. Na medida em que vai se estabelecendo uma maior ocupação humana rural e, à medida que, o recurso florestal passa a ser vislumbrado à utilização, cabe às instituições de pesquisa buscarem conhecimentos mais detalhados para que esta utilização seja realizada sobre critérios de sustentabilidade e promova a efetiva conservação destes recursos.
Haron Abrahim Magalhães Xaud
Pesquisador da Embrapa Roraima
haron@cpafrr.embrapa.br
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