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terça-feira, setembro 21, 2004

Brasil produz clone de vaca em escala comercial

O mesmo país que não consegue aprovar uma Lei de Biossegurança já começa a produzir em escala comercial clones de bois e vacas. O primeiro de uma série de animais clonados para comercialização nasceu no último dia 9, na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, em Pirassununga, e atende pelo nome de Independência. Outras 15 gestações estão em andamento.
O nascimento da bezerrinha e dos futuros clones é fruto de uma parceria firmada entre a universidade e a empresa de biotecnologia Vitrogen, especializada em reprodução bovina. Enquanto os cientistas estudam a expressão de genes que regulam a fase inicial do desenvolvimento embrionário, os empresários buscam oferecer aos clientes uma nova tecnologia de reprodução voltada para animais de elite.
— Como já produzíamos embriões para pesquisa e houve essa demanda, estamos tentando oferecer a técnica do ponto de vista comercial — explicou Flávio Meirelles, coordenador do Laboratório de Morfofisiologia Molecular e Desenvolvimento e responsável pelo trabalho.

Clonagem custa, em média, R$ 60 mil
Independência e os demais clones foram criados a partir de técnicas de manipulação genética semelhantes às usadas na criação da ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado do mundo. A bezerrinha é clone de uma vaca considerada de elite, por seu alto valor reprodutivo. Um animal desses pode custar mais de R$ 500 mil, mas a clonagem sai, em média, por R$ 60 mil.
— Trouxemos a fecundação in vitro de bovinos da universidade para o laboratório e, agora, pretendemos fazer o mesmo com a clonagem — explicou o veterinário André Dayan, presidente da Vitrogen. — Trata-se de transformar uma metodologia que não existe em escala comercial num procedimento de rotina. No ano que vem, para não ser muito ambicioso, eu diria que teremos um nascimento por semana em média.
Para dar garantias mínimas de que o clone não apresentará problemas de saúde, o animal só será entregue para venda depois de 30 dias de nascido. Independência, por exemplo, está sendo submetida a uma série de exames e, embora tenha nascido nove dias antes do esperado, é aparentemente saudável.
— Como ela é um pouquinho prematura, seu pulmão ainda não está 100% maduro e ela tem um problema no umbigo — explicou Meirelles. — Fora isso, ela é aparentemente normal.
Os estudos da equipe de Meirelles revelaram ainda que há uma diferença significativa entre a expressão de genes em clones e em animais normais.
— Alguns genes são mais freqüentes nos clones, enquanto outros só aprecem nos normais. São genes que regulam as mais diversas funções, como morte celular, regulação do sistema imune, entre outras coisas — informou o cientista.
Para Meirelles, o resultado indica que as técnicas de clonagem podem ainda ser aprimoradas. Mas não significa, garantiu, que o animal terá problemas futuros.


Fonte: O Globo

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