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quarta-feira, novembro 26, 2014

Jorge Serrão: Em busca da Elite Moral Perdida



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão



A História da Civilização é clara. Toda Nação só evolui por vontade e liderança de uma Elite Moral. Os melhores entre os mais capacitados indicam soluções e resolvem o problema no mundo real. A maioria do povo segue os bons. Ou copia os ruins e medíocres, se parecer conveniente. Tudo depende de quem exerce a hegemonia.


O Brasil não sai da vanguarda do atraso, na eterna promessa de "País do Futuro", porque nos falta o protagonismo desta Elite Moral - que aponte caminhos, com liberdade, democracia e patriotismo. Nossas Zelites, que só fazem merda, se mostram cada vez mais perdidas. Precisamos de exemplos bons e corretos que perdurem historicamente.


Em busca dessa Elite Moral Perdida, que precisamos achar depressa, sinto a obrigação de comentar três manifestações essenciais no Facebook de um dos mais consagrados apresentadores da televisão brasileira - e muito mal aproveitado pelo Jornalismo da rede em que trabalha - Marcos Hummell. A primeira: O esforço diário de milhões de pessoas para destruir o país está tendo sucesso. Parabéns, você conseguiram. A segunda: Ler as notícias todos os dias só com Isordil. Sim, mas só os que se importam com o Brasil. A terceira: Hoje, o número de acusados de corrupção é imenso. E ninguém assume uma atitude decente. Estão todos acima do bem e do mal. A palavra vergonha, envergonhada, vai se retirando lentamente do vocabulário.


O leitor Régis Fusaro também manda uma provocação pensativa no e-mail corporativo do Alerta Total, a partir de uma constatação em artigo do brilhante Historiador Carlos I. S. Azambuja. O Kamarada Azamba escreveu: " Mas, conquistar os meios legais para isso – meios legais de informação, organização, comunicação, reunião, etc., – é praticamente impossível". O Fusaro pergunta, pedindo que responda ou comente, se achar prudente: "E qual seria a Solução? Contar com a evolução de todo o povo mais carente de educação (digamos os 30 e pouco % de eleitores que reelegeram a Presidente - se já foram perdidos mais de 500 anos? Ou uma solução mais radical que começasse punindo duramente, em 24 horas, os envolvidos nas mais diversas fraudes ocorridas no país?


Antes de responder, volto ao facebook. Está na página do grande mestre de Jornalismo João Baptista de Abreu, uma análise altamente simbólica sobre estes perigosos tempos de Lava Jato: " A foto de capa do Globo desta terça-feira expressa uma espécie de inversão estética de valores. O papagaio de pirata está em primeiro plano; a celebridade em segundo. A foto, de Paulo Lisboa (Brazil Photo Press) mostra um agente da Polícia Federal com jeito de Rambo olhando fixamente para a câmara. Atrás um homem idoso, último suspeito de envolvimento no escândalo da Petrobrás a se entregar, permanece de cabeça baixa. Foto difícil de legendar porque o personagem que deve ser citado está atrás do protagonista anônimo. Caçador e caça trocam de lugar. A ênfase está no caçador, que exibe garboso seu troféu. A investigação policial é indispensável para esclarecer os desmandos e punir os criminosos das altas rodas, mas o espetáculo deve ser encenado em outro espaço, sob pena de se destacar mais a encenação do que o drama".


Não aguentei e comentei no Face do João a resposta que começo a ensaiar ao Régis Fusaro: "O falso moralismo é a contravenção da moral jornalística. Mais uma vez, diante do quadro geral de impunidade, a mídia celebra a repressão simbólica como solução. Reprimir é atacar o efeito e não a causa. Tal postura é mais uma comprovação de nosso atraso democrático. Não temos, no Brasil, Segurança do Direito. Celebra-se a barbarie e o autoritarismo, sem privilegiar o respeito à Lei e aos Direitos fundamentais. Pior ainda: não aprimoramos o aparato legal (que funciona muito mal), não evoluímos na questão processual (causa da lentidão e impunidade) e não fazemos Justiça de verdade. O jornalismo de justiçamento, falso moralista, nos leva a lugar algum - a não ser ao de sempre: ditaduras, disfarçadas ou explícitas".


Antes de responder completamente ao Régis Fusaro, cito outro caboclo provocador que baixa neste Alerta Total. Agora se dizendo muito feliz e esperançoso com a declaração da pop celebridade Anitta - que afirma se relacionar com gordinhos ("Não escolho pela estética; escolho pelo carisma") e porque a gata informou que incentiva seus fãs mirins a estudar -, o fantástico especialista em generalidades Carlos Maurício Mantiqueira advertiu sobre o risco do "magnicídio" (manifestação radical que não se restringe à recente ferocidade racial negra nos EUA, que o Mantiqueira nem podia prever, pois escreveu seu artigo domingo à noite, bem antes da reativa violência estourar por lá nos States).


Assim escreveu o sábio amigo Mantiqueira sobre o Magnicídio: "Penso que o estopim do magnicídio é a falência no cumprimento da lei. Desesperado com um executivo truculento, um legislativo subserviente e um judiciário em decomposição, o indivíduo busca reparo moral pelos agravos sofridos. Não se importa com o que vai lhe acontecer no momento seguinte. Elimina o canalha símbolo de sua exasperação". Só faltou o Mestre das Serranias deixar claro que o Magnicídio é um aperto radical e violento do famoso botão "Phodda-se!". Estamos muito próximos disto no Brasil da constante apologia ao crime e exaltação dos anti-valores bandidos? Responda quem puder...


Vale a pena remar contra a maré? O ilustre conselheiro de Napoleão Bonaparte, o diplomata e ex-primeiro-ministro francês Charles Maurice de Talleyrand-Périgord (1754-1838) advertia que não valia tal esforço... Aliás, contam os biógrafos que, no início da Revolução Francesa (1789 a 1799), o pragmático Talleyrand tomou três decisões – algumas delas que valem para toda a vida e para qualquer situação: 1) Não remar contra a maré; 2) Não abandonar seu País, salvo corresse grande perigo pessoal. 3) Salvar o que pudesse ser salvo.


Os conselhos do Talleyrand são justos e perfeitos para nossos loucos tempos de Lava Jato, nos quais até a Dilma Rousseff admite que "não ficará pedra sobre pedra"... Não precisamos de soluções mágicas. Necessitamos de objetividade, racionalidade, criatividade e, sobretudo, honestidade de propósitos. O Brasil precisa se reinventar, urgentemente, pois merece ser salvo. O probleminha gigantesco é que não queremos que isto aconteça... Vide o resultado recente da eleição presidencial. A maioria (com ou sem fraude eleitoreira) optou pela ingovernabilidade. Agora, aguenta...


Repito o que aqui se escreveu em 9 de novembro passado: "Nem nas tragédias estamos aprendendo nada. Aqueles 7 a 1 que tomamos da Alemanha não serviu de lição para mudarmos nosso modelo - não apenas do futebol -, mas cultural, civilizatório e educacional. Os alemães continuam investindo em seus centros de formação esportiva que vão muito além da atividade fim. Seu foco não é apenas formar atletas de qualidade, mas sim cidadãos com instrução qualificada em todas as áreas básicas do conhecimento. Por isso, ainda vamos tomar muitas goleadas deles (e de outros povos) em várias áreas".


Ainda no replay de mim mesmo, aqui na proa do PTitanic - conforme um irônico leitor me sacaneia todo dia nos comentários: "O tempo ruge e urge contra nós. O prazo para o Brasil mudar para melhor se esgota a cada ano que passa. Em 2040, chegaremos ao deadline. Seremos uma nação com mais velhos do que jovens. Isto significa que nossa vontade e capacidade de mudança tendem a ser menores. Um país jovem tem, em tese, mais disposição para aceitar mudanças. Uma nação mais envelhecida pode até fazer isto. Mas a tendência natural é agir mais lentamente. Precisamos de definições concretas e práticas, não de discursos vazios a cada eleição".



Nossas elites não assumem seu papel moral. Agem apenas como dirigentes do caos. Não definimos um projeto de Nação. Ficamos reféns de um modelo estatal capimunista - nem capitalista e nem socialista. Nossa União funciona como o império de uma federação de araque. O erro conceitual é tão gritante que já se fala, escancaradamente, em separatismo, sem antes falar na implantação do federalismo de verdade, para jogar no lixo o milagre que nossos antepassados conseguiram de unir um lugar tão grande, com tantas diferenças culturais, climáticas, sociais, econômicas e etc...


Que Brasil queremos? Não definimos corretamente... Sem isto, não se pode cuidar da prioridade máxima, que é a implantação de um sistema educacional que tenha custos racionais e consiga formar o brasileiro integral, capaz de ler, escrever, traduzir, interpretar, dominar a matemática, pensar logicamente e raciocinar de modo empreendedor, a fim de produzir riquezas como fruto do trabalho - e não da especulação ou do ganho socialmente fácil das esmolas oficiais.


A responsabilidade pelo erro se perpetuar e pelo certo ter dificuldade de vigorar é da omissão da elite moral que o Brasil deveria ter para indicar os rumos da Nação. Nossa elite moral parece tirar férias permanentes em Miami, Las Vegas, Punta del Este ou na paradisíaca PQP. Até os militares, categoria com a formação educacional mais sólida do País, claramente, não têm mais vontade política de indicar rumos. Em sua maioria, transformaram-se em meros funcionários públicos fardados - fadados ao marasmo e sob risco de virar uma mera "guarda nacional".


O ideal positivista-tenentista, que por quase um século direcionou os rumos da Nação, parece envergonhado pelo massacre ideológico pós-1964. A culpa é dos próprios Generais que falharam em seu projeto de poder. Sem trocadilho infame, foram generalistas demais. Atacaram o inimigo errado, e acabaram engolidos pelos agentes ideológicos do verdadeiro inimigo da soberania do Brasil. Azar deles e, maior ainda, infortúnio nosso. Seguimos sendo a velha e rica colônia de exploração mantida artificialmente na miséria com a promessa de ordem e progresso no futuro que nunca chega...


Os resultados judiciais da Operação Lava Jato, graças à transação penal, são um inegável avanço. No entanto, o Brasil precisa ir ao infinito e além... Quando a corrupção é sistêmica, é necessário mudar o sistema - e não apenas prender uns corruptos que serão substituídos por outros. Eis o risco que corremos, além do rigor seletivo do "justiçamento" virar "usos e costumes" em um País ignorante, corrupto e injusto.


O Brasil certamente tem pessoas com potencial para ser Elite Moral. Os bons precisam se juntar, pensar soluções corretas e agir depressa. Os netosdaputa já fazem isto naturalmente, por sobrevivência e pragmatismo. Deles a maioria começa a ficar de saco cheio. No entanto, a reação contra a governança do crime organizado não acontece de forma eficaz. A inação é mais fácil e cômoda. Este ciclo de sacanagem e esperteza precisa ser rompido para se implantar um inédito ciclo de honestidade, correção, transparência e responsabilidade de cada um, sem falsos moralismos, caças às bruxas e medidas autoritárias de força.


Não adianta remar contra a maré. Ou se muda a direção e sentido da correnteza... Ou se constrói um motor com tecnologia e potência para avançar socialmente. Só o exemplo do trabalho vence a vagabundagem. Vamos encarar o desafio com sabedoria, fé, esperança e, sobretudo, amor?



Jorge Serrão é torcedor fanático do Clube de Regatas do Flamengo.

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