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quarta-feira, outubro 08, 2014

LUCIANO AYAN: Lá vem golpe (mas com vacina junto): PT vai dizer que Aécio é contra o Bolsa Família usando vários embustes e ardis



Este blog vai antecipar o primeiro grande truque que o PT tentará para atacar Aécio Neves. Como se sabe, um dos recursos mais poderosos na guerra política é chamar o adversário de “mentiroso” ou “hipócrita”. Então, vão dizer que “Aécio foi contra o Bolsa Família”.
Mas como executarão este truque se o candidato jamais disse qualquer coisa em termos de ser contra o benefício?
Basicamente, eles vão distorcer declarações e usar citações fora de contexto. Vão usar, por exemplo, este texto do site do PSDB, publicado em 2004, com o título “Bolsa Esmola”:
Para um governo comandado por um partido que historicamente se fortaleceu sob a bandeira da redenção dos pobres de todo o país, o balanço das políticas federais de inclusão social tem sido profundamente desapontador.
O programa Fome Zero, eixo central do discurso de campanha do então candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, sofre de inanição desde a sua festejada criação e atabalhoada execução. Para superar as deficiências congênitas, o governo, sensatamente, uniu-o ao Bolsa Escola, formando o Bolsa Família – em resumo, a unificação de vários programas assistenciais, a maioria já existente na gestão de Fernando Henrique Cardoso, como o Bolsa Alimentação, o Cartão Alimentação e o Auxílio Gás. O que parecia uma saudável correção de rota tem sido enxovalhado pela evidência de que o governo deixou de fiscalizar, por exemplo, a freqüência em sala de aula dos alunos beneficiados pelo Bolsa Família.
O principal programa social petista reduziu-se, enfim, a um projeto assistencialista. Resignou-se a um populismo rasteiro. Limitou-se a uma simples distribuição de dinheiro, sem a contrapartida do comparecimento à escola, condição fundamental para que populações excluídas tenham maiores possibilidades de emprego no futuro, com elevação da renda de maneira produtiva. A ausência de controle também deixa o programa vulnerável a desvios e pouco propício à avaliação de resultados e correção de rumos. Uma expressão do senador Cristovam Buarque (PT-DF) resume o problema: “O Bolsa Escola virou Bolsa Esmola“.
Exposta a crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou, no fim da semana passada, que o chefe da Casa Civil, José Dirceu, assumirá o comando das discussões internas para resolver as falhas na execução do programa. Presidente da Câmara de Política Social, da Câmara de Desenvolvimento Econômico e de outros 19 grupos coletivos dedicados a reuniões na Esplanada dos Ministérios, Dirceu convocará os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Humberto Costa (Saúde) e Tarso Genro (Educação) com o objetivo de encontrar uma solução conjunta para a falta de controle. Deseja-se que novos rumos não sejam turvados pelo hábito palaciano de perder-se em extensos e contraproducentes debates internos.
Três exigências seriam originalmente necessárias para as famílias que recebem o benefício do Bolsa Escola: freqüência escolar, vacinação e acompanhamento de gestantes. A última checagem, admitiu o governo, é de 10 meses atrás. (Tais falhas, convém lembrar, vêm desde a gestão de FHC). Enquanto isso, os três ministérios envolvidos com o programa seguem batendo cabeça sobre as atribuições de cada um no controle das contrapartidas.
Trata-se de um símbolo tristonho da negligência governamental para aquela que seria prioridade absoluta da atual gestão. Os entraves dos programas sociais do governo federal são a evidência clara de uma política embotada pelo apego a números que podem render dividendos políticos musculosos, porém com eficácia social bastante questionável. São 4,5 milhões de famílias beneficiadas, orgulha-se o Palácio do Planalto. O risco é que, ao fim do mandato petista, boa parte delas continue à espera da esmola presidencial.
Observe que neste texto temos rastreado o motivo pelo qual o PSDB usou o termo Bolsa Esmola: foi Cristovam Buarque (deputado do PT-DF na época) que usou a expressão. Vale a pena ver de novo o que Buarque disse: “O Bolsa Escola virou Bolsa Esmola”.
Só se o PT quiser fazer uma maquiagem leninista da realidade para dizer que Buarque era do PSDB, mas todas as evidências (incluindo do TSE e TRE) provarão que o deputado era mesmo do PT. Logo, é muito fácil fazer esse tiro sair pela culatra.
Provavelmente, eles vão usar uma declaração de Aécio Neves de 2013, conforme vemos no Diário do Centro do Mundo: “Para nós, o Bolsa Família é o ponto de partida, para o PT é o ponto de chegada [...] O DNA do PSDB está nos programas de transferência de renda. Começamos isso no sertão de Alagoas. Depois, a esse programa se juntou o Bolsa Escola. Veio daí o Bolsa Família.”
Será preciso de muito cinismo para que o PT diga que isso é “ficar contra o Bolsa Família”.
Mas ainda mais interessante é notar que a proposta de Aécio para melhorar o Bolsa Família causou revolta no PT. Veja o artigo Comissão aprova projeto de Aécio que amplia Bolsa Família; governo critica, do UOL, de maio deste ano:
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou nesta quarta-feira um projeto de autoria do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves, que altera a lei do Bolsa Família, provocando uma dura reação do governo federal, que afirmou que a proposta desfigura o programa.
A proposta aprovada estende o benefício do Bolsa Família por até seis meses no caso do beneficiário aumentar sua renda em decorrência de atividade profissional ou econômica. Ela ainda precisa ser avaliado pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) e, uma vez aprovada pela CDH, pode seguir direto à Câmara dos Deputados sem precisar ser submetida a voto no plenário do Senado.
Em entrevista coletiva, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, cuja pasta é responsável pelo Bolsa Família, atacou a proposta, afirmando que ela é “leviana” e “deforma” o programa e estranhar o fato de Aécio se interessar pelo tema em período eleitoral.
“O Bolsa Família tem 11 anos. Onde estava o senador Aécio Neves que não tratou de Bolsa Família e vem tratar agora? Essa é a pergunta que não quer calar”, disparou a ministra, que criticou o fato de a proposta tirar os limites de renda e permanência no programa.
O projeto foi aprovado em placar apertado – 10 votos a 9 – e Campello já sinalizou que o governo trabalhará contra a medida, e chegou a fazer um apelo para que os senadores “leiam” o que está no texto.
Na comissão, Aécio defendeu a proposta como uma forma de incentivar a formalização do trabalho.
“Hoje há um desestímulo às pessoas se formalizarem. Porque têm receio de não dar certo no emprego, ser demitido com um dois meses e aí preferem ter a segurança do Bolsa Família”, disse o senador, comemorando o apoio de alguns senadores da base governista ao projeto.
“Eu duvido que um senador da República queira ir para essa disputa eleitoral ou participar de uma campanha eleitoral dizendo que está contra os beneficiários do Bolsa Família”, afirmou.
Mais tarde, o senador rebateu as críticas da ministra a sua proposta e acusou o PT de querer ter um programa “para chamar de seu” em vez de buscar avanços no Bolsa Família.
“O projeto é um avanço. A questão é que o PT prefere ter um projeto para chamar de seu a um projeto que traga benefícios efetivos àqueles que dependem do Bolsa Família”, disse o senador à Reuters.
“Só que o PT não quer, prefere manipular. Como já começa a acontecer nesta campanha: ‘olha se nós perdermos a eleição, acaba o Bolsa Família?. Balela! A partir de agora, se nós vencermos as eleições, é que o Bolsa Família vai melhorar.”
Relatada pela senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), a proposta prevê que o prazo de seis meses adicionais de benefício será contado a partir da análise das condições da família para enquadrá-la no programa, que ocorre a cada dois anos.
O projeto acrescenta mais um critério para a permanência do beneficiário no programa, que os integrantes da família acima de 18 anos frequentem cursos profissionalizantes, outro ponto bastante criticado pela ministra, que considera ser inviável garantir vagas para todos os participantes do Bolsa Família hoje.
Objeto de crítica também de senadores governistas, o texto aprovado elimina o teto de variação de renda da família equivalente a meio salário mínimo.
Em seu relatório, Lúcia Vânia explica que “o projeto retira esse limite, que, na verdade, é um estímulo à informalização e um aprisionamento da família numa condição de pobreza”.
Notaram o quanto o PT é grotesco nessa questão? Aécio propôs dar um incentivo a quem recebe o Bolsa Família e obtém emprego (ou seja, vai ganhar mais do que ganharia antes, sem mexer no valor de quem já ganha o benefício), e o PT foi contra?
Agora é que a porca torce o rabo: por que o PT foi contra? Por que o PT não quer um programa que reduza a dependência das pessoas pelo Bolsa Família, e não quer ver as pessoas conseguindo melhorar de vida. Quer dizer, o PT é um partido que diz “gostar dos pobres”, mas faz de tudo para prejudicá-los. Mas quando alguém, como Aécio Neves, quer estender o benefício do Bolsa Família por seis meses para quem conseguir emprego, o governo petista estrebucha. Está bem claro quem está contra um verdadeiro Bolsa Família que estimule os empregos, certo?
Acho que já passou da hora do PSDB ter “luvas de pelica” e tratar a questão no devido tom. Pois aqui vamos tratar a coisa no tom que deve ser tratado.
O PT nunca gostou de programas assistencialistas, principalmente aqueles que foram feitos para estimular a geração de emprego. Por isso, na época do Bolsa Escola (que teve origem nas mãos de Cristovam Buarque, uma das raras cabeças lúcidas do PT, que exatamente por isso já saiu do partido), a liderança atual do PT estrebuchava contra todos os programas assistencialistas. Pois somente quando o Bolsa Escola deu certo e o PSDB criou condições para esse tipo de programa, o governo do PT foi forçado a manter o benefício, modificando seu nome. Mas é preciso mostrar evidências. Comecemos:

E que tal lembrar um discurso de Lula de 9 de abril de 2003 dizendo que os usuários de programas como o Bolsa Escola eram “vagabundos”? Leia, conforme citação lembrada por Reinaldo Azevedo:
Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.
Eu vos digo, pessoal do PSDB: não precisam mais ter medo de levar a questão à público. Os fatos estão todos contra o PT.
Como eu já disse, no dia em que a propaganda desonesta do PT for desmascarada efetivamente, os recebedores do Bolsa Família vão perceber que devem ajudar a varrer o PT para fora do governo.

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