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segunda-feira, outubro 06, 2014

Aécio Neves é o maior vencedor do primeiro turno das eleições, diz especialista





Cunha aponta as principais fragilidades de Dilma e Aécio. No caso da presidente, ele menciona as recentes denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras.


Por Gabriel Garcia em O Globo


O candidato Aécio Neves (PSDB), estreante em disputa para presidente da República, foi o maior vencedor do primeiro turno da eleição deste ano.

Para o especialista em comunicação da Universidade de Brasília (UNB), Paulo José Cunha, o resultado é reflexo do esforço de Aécio, “que percorreu 20 estados” enquanto a presidente Dilma Rousseff fazia um discurso de autopromoção na Organização das Nações Unidas (ONU).


Dilma e Aécio se enfrentarão neste segundo turno.
Cunha acredita que o ex-presidente Lula sai queimado após a reeleição, em primeiro turno, do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Maior eleitor de poste do país, aquele político que nunca disputou uma eleição, Lula bancou a candidatura do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.

Mesmo com todo esforço do ex-presidente, Padilha amargou o terceiro lugar, ficando com 18% dos votos válidos, quando descontamos brancos e nulos.

Cunha aponta as principais fragilidades de Dilma e Aécio. No caso da presidente, ele menciona as recentes denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras. No de Aécio, a maior dificuldade é vencer a desconfiança do novo, sobretudo em relação à manutenção de programas sociais.


Quem o senhor apontaria como grande vencedor desta eleição?
Aécio, sem dúvida. Havia uma expectativa negativa desde a morte do Eduardo Campos. É um cara que ficou em baixa até do ponto de vista emocional, mas se recuperou incrivelmente. Quando a Dilma foi à ONU fazer um discurso de campanha, o Aécio meteu o pé na estrada e percorreu 20 estados. O resultado reflete muito desse esforço dele.


Lula perdeu a campanha para o governo de São Paulo. O ex-presidente saiu derrotado da eleição?
Não sai derrotado porque a Dilma venceu no primeiro turno. Agora sai extremamente queimado, chamuscado em São Paulo. Sem dúvida aquela liderança fortíssima que Lula tinha ela se esfarinhou com essa reeleição espetacular do Geraldo Alckmin. O Lula tem que rever um pouco esses métodos de campanha radical, essas posições extremamente sectárias. Esse método acabou e não rende mais, perdeu eficácia.


A agressividade adotada pela campanha de Dilma terá o mesmo impacto no segundo turno?
Não acredito. Agora nós temos uma eleição dicotômica. É um ou outro. Dilma vai ter que ser firme porque não tem como fugir, mas não poderá ser tão agressiva. Porque as fragilidades do governo são muito grandes. Há uma questão muito séria do ponto de vista ético. O PT carrega nas costas a história do mensalão, sem contar com o histórico da Petrobras que está fervendo neste exato momento. O PT precisa ter muito cuidado se quiser patinar com segurança.


Dilma está à frente do Aécio no segundo turno. Como reverter a diferença?
Não há consistência nas pesquisas para segundo turno. Por uma razão simples, o eleitor está raciocinando com a cabeça de primeiro turno quando faz pesquisa de segundo turno. Historicamente, sempre há uma diferença incrível. É impossível ter um registro razoável. Existe tanta variável em segundo turno. É melhor esperar as coisas se fixarem. O segundo turno é uma nova eleição. Põem os dois candidatos do ponto zero e vamos começar de novo. Já vi muitas campanhas começarem bem e quebrarem a cara adiante.


A equiparação no horário eleitoral é capaz de favorecer o Aécio no segundo turno?
Sim, claro. Já vi várias eleições acontecerem. Agora é a hora dos apoios. Quem é que tem garrafa para vender. O eleitor da Dilma vai continuar com Dilma? O Aécio vai receber água da campanha de Marina? É preciso ver tais coisas e como a campanha se desenrola. Aécio vai adotar a plataforma de Marina? Se não adotar, ficará muito difícil.


Como derrotar o discurso do medo, sobretudo em relação ao Bolsa Família?
Não creio que Aécio consiga superar esse discurso com aquela afirmação de que manterá os programas sociais e até os ampliará. É muito difícil. O eleitor brasileiro, sobretudo o de baixa renda, tem tendência à acomodação. Ele teme que o novo retire o seu benefício. O discurso de Aécio vai ter que ser um discurso de campanha muito centrado na manutenção desses benefícios sociais, mas com uma consistência muito prática. Se ele não fizer isso, corre o risco de falar para o vazio. Neste momento, o Aécio precisa pensar em dois pontos. Primeiro, é a questão dos programas sociais. Segundo, o apoio do PSB e de Marina.


Quais os principais pontos vulneráveis de Dilma e Aécio?
A vulnerabilidade de Dilma está relacionada à questão da corrupção e à questão econômica. Os pífios desempenhos da economia do Brasil no governo Dilma: inflação alta, crescimento baixo, juros altos. No caso de Aécio, o ponto mais fraco é o novo, que sempre assusta. Apostar no novo só se fosse com muita segurança, apesar de existir um desejo de mudança latente.


Quais os principais pontos positivos de Dilma e Aécio?
A principal virtude do Aécio é a persistência. No Brasil, o fato de candidato jovem estar na disputa é muito importante. O eleitorado está sensível à presença da novidade. Estou falando do ponto de vista da imagem pública, do ponto de vista de comunição de massa. Já a Dilma continua tendo uma imagem muito associada à da boa gerente, apesar dos problemas da economia que não pesaram tanto na decisão do eleitor.

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