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terça-feira, maio 27, 2014

Terceiro alerta de nível do rio Paraguai é emitido por pesquisador da Embrapa Pantanal

Atualização foi feita devido à quantidade de chuvas na região
O pesquisador da Embrapa Pantanal Carlos Roberto Padovani lançou nesta sexta-feira, dia 23, o terceiro alerta de nível do rio Paraguai para 2014. De acordo com Padovani, o nível do rio na região de Ladário deverá ultrapassar a marca de 5,5 metros, podendo chegar a cerca de 6 metros em meados de junho.

A causa do novo alerta, segundo o pesquisador, é a grande quantidade de chuvas que tem caído no Pantanal como um todo – principalmente no caminho das águas que vai da região norte para a região sul, indo até Ladário. “Isso deve fazer com que o rio Paraguai, ao invés de perder água para a planície, acabe até ganhando água tanto da planície quanto do rio Cuiabá/São Lourenço”, afirma Padovani.

De acordo com o pesquisador, as cheias em que o nível do rio Paraguai atinge de 5 a 6 metros não são raras. Ele afirma que desde o início das medições, no ano de 1900, até 2014, 34% das inundações tiveram o nível do rio registrado entre esses valores. Nos últimos 40 anos, essa porcentagem sobe para 40%. “A cheia deste ano pode ser comparada às de anos semelhantes, como 1974, 1985, 1989, 2006 e 2011”.

Padovani afirma ainda que os ribeirinhos, criadores de gado e arrendatários devem considerar não apenas o nível do rio, mas também a duração dessa cheia e as regiões que devem ser inundadas. “Quando as inundações são grandes, com água vindo de várias fontes – como no caso da região do Porto da Manga até a região do Porto Esperança – o esperado é que elas se prolonguem por mais tempo”.

Por isso mesmo, a recomendação do pesquisador para quem irá procurar refúgio nas regiões mais altas é que se tenha cautela. “Muitas vezes, no Pantanal, a região mais alta pode se transformar em uma ilha, rodeada por uma inundação que pode se prolongar”, afirma Padovani. “A Estrada Parque, por exemplo, já tem trechos com água e há uma chance muito grande de ela se isolar”, finaliza.

Mais informações e o acompanhamento da situação das cheias no Pantanal podem ser acessados na página GeoHidro-Pantanal, mantida pelo pesquisador e por colaboradores no Facebook, através do link:

A seguir, o texto integral do 3° alerta publicado pelo pesquisador Carlos Roberto Padovani:

23 de maio de 2014, 17:10 horas

TERCEIRO ALERTA DE NÍVEL DO RIO PARAGUAI EM LADÁRIO PARA 2014

O rio Paraguai deve ultrapassar o nível de 5,5 metros, podendo chegar em torno de 6 metros em Ladário para meados de junho.

RECOMENDAMOS MAIS UMA VEZ AOS CRIADORES DE GADO, PARA AQUELES QUE AINDA NÃO O FIZERAM, A RETIRADA DO GADO DAS ÁREAS QUE SERÃO INUNDADAS CONFORME OS NÍVEIS INFORMADOS NOS ALERTAS COM A MÁXIMA URGÊNCIA.

Um terceiro alerta, com atualização da estimativa de nível, foi necessário devido às chuvas fortes que continuam caindo sobre o Pantanal na faixa de influência do rio Paraguai acima de Ladário. Essa abordagem aproximativa, com mais de um alerta, visa assegurar a confirmação dos fatores que influenciam no desenvolvimento da cheia. Como mencionado no segundo alerta, a frente de inundação do rio Paraguai geralmente perde água para a planície em seu caminho. As áreas permanentemente alagadas, as grandes baías (lagoas) na sua margem direita e as suas várzeas absorvem parte da água. A baixa declividade do Pantanal (2 cm/km de norte a sul) também favorece o amortecimento da onda ou frente de inundação. Porém, se ocorre uma entrada extra de água vinda das chuvas nas áreas de influência do rio Paraguai, este não perde água para a planície, transferindo toda a água rio abaixo, podendo haver, inclusive, ganho de água.

Chuvas intensas também têm caído no pantanal do Paiaguás, influenciando o rio São Lourenço/Cuiabá, o que tem mantido o seu nível na estação de Porto Alegre/Zé Viana oscilando e estacionado quando já deveria estar na fase de vazante (veja os mapas de chuva acumulada semanais e mensais e as imagens de satélite).

A metodologia que estamos empregando baseia-se, principalmente, na análise estatística de regressão não linear entre os dados diários e das máximas anuais da estação de Bela Vista do Norte (rio acima) e a estação de Ladário (rio abaixo). São ajustados os melhores modelos que representam, por meio de uma linha ou curva média, o conjunto de dados. Os modelos logístico e quadrático foram os que se ajustaram melhor, mas há uma variação inerente ao sistema. Essa variação em torno da média, também chamada de desvios ou resíduos, se deve ao fato de outras variáveis não medidas influenciarem na transferência de água entre a estação de Bela Vista do Norte e a estação de Ladário. Essas outras variáveis são as citadas acima, no caminho até a estação de Ladário. A análise da variação citada (análise dos resíduos) é objeto de pesquisa que estamos desenvolvendo para melhorar as estimativas.

Há uma forte relação entre o nível do rio Paraguai e a área inundada na região da régua de Ladário e rio abaixo até Forte Coimbra. Porém, há também a variação que depende da influência de outras variáveis descritas abaixo (veja a animação das inundações do Pantanal entre os anos de 2001 a 2009. Observe com detalhes a dinâmica da inundação para o ano de 2006, que inundou de forma semelhante ao que será inundado em 2014).

Chuvas fortes também têm caído no Pantanal da Nhecolândia, que influencia, por meio de corixos como o Corixão, a região do Porto da Manga no rio Paraguai. Tem chovido mais do que geralmente chove nessa época nas bacias dos rios Miranda e Aquidauana, que influenciam o rio Paraguai pouco acima da estação de Porto Esperança (onde a linha do trem cruza o rio Paraguai) e na altura da estação de Forte Coimbra. Também tem chovido bastante nas bacias do rio Aquidabã, na face oeste da serra da Bodoquena, que influencia o Pantanal entre o rio Nabileque e a fralda da serra. Por fim, tem chovido mais do que geralmente se registra para essa época na bacia do rio Apa, que influencia o rio Paraguai na região de Porto Murtinho (veja os mapas de chuva acumulada semanais e mensais e as imagens de satélite).

As chuvas atrasadas, que também estão caindo nas cabeceiras do rio Paraguai, estão provocando um novo pico ou repiquete no nível do rio Paraguai em Cáceres. O mesmo está ocorrendo nas bacias dos rios Aquidauana e Miranda. Essa água atrasada deve influenciar na demora da vazante das águas. No Pantanal sul, com mais água chegando pelo Corixão da Nhecolândia e do rio Miranda, é esperado que a frente de inundação do rio Paraguai “empurre” a frente de inundação do rio Miranda e Corixão, aumentando a área de inundação e a duração da vazante na região acima das suas confluências com o rio Paraguai. A Estrada Parque, que já está com água em alguns trechos, e a região do Porto da Manga serão afetadas. Já é possível observar as áreas inundadas pelo rio Miranda e corixos em trechos da BR-262 que atravessa o Pantanal sul.

Nas áreas sob influência do rio Paraguai, as comunidades de ribeirinhos e os proprietários ou arrendatários de terras para criação de gado devem ficar em alerta e tomar as providências necessárias. NO CASO DOS CRIADORES DE GADO SE RECOMENDA, PARA AQUELES QUE AINDA NÃO O FIZERAM, A RETIRADA DO GADO DAS ÁREAS QUE SERÃO INUNDADAS CONFORME OS NÍVEIS INFORMADOS NOS ALERTAS, COM A MÁXIMA URGÊNCIA. É importante que os possíveis afetados fiquem atentos e acompanhem as informações disponibilizadas na GeoHidro-Pantanal. Estamos monitorando e informando.

Os dados de nível dos rios utilizados no monitoramento, análises e estimativas são da Marinha do Brasil, Agência Nacional de Águas (ANA) e Serviço Geológico Brasileiro (CPRM). Veja os links para acesso a essas instituições aqui na Hidro Pantanal.



3° alerta de nível do rio Paraguai escrito por Carlos Roberto Padovani,
pesquisador da Embrapa Pantanal em Corumbá, MS



Nicoli Dichoff
Jornalista - 3252/SC 
Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO)
Embrapa Pantanal/ Corumbá - MS 
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa

nicoli.dichoff@embrapa.br 
Telefone: +55 67 3234-5958 | Skype: nicoli.dichoff 







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