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quinta-feira, fevereiro 19, 2004

DICAS PARA UMA BOA VACINAÇÃO EM BOVINOS

Por José Carlos Morgado

A experiência de muitos anos com vacinas mostra que grande parte dos problemas de campo atribuídos a esses produtos deve-se à aplicação incorreta. O sucesso da vacinação depende não só da aquisição de produtos confiáveis como também da utilização de cuidados básicos na sua aplicação. São as seguintes as principais recomendações nas vacinações de bovinos:

1. Adquirir a vacina de fabricantes e revendedores idôneos. O preço de uma dose de vacina não deve ser o fator decisivo na escolha do produto. Composição, qualidade e conservação são muito mais importantes do que o preço na seleção de uma boa vacina. Em muitas doenças basta evitar a morte de um animal na fazenda para pagar a vacinação de várias centenas de bovinos. Em caso de dúvida na escolha da vacina ideal para a sua fazenda, o pecuarista deve conversar com o seu médico veterinário sobre os produtos disponíveis no mercado e quais os que apresentam maior eficácia e menor risco de reações adversas na região.
2. Verificar se todos os animais da fazenda estão sendo vacinados. Conferir o número de animais vacinados e verificar se coincide com o número de animais registrados nesse lote. Respeitar a dose, via de aplicação e programa de vacinação. As vacinas devem ser aplicadas sempre antes do aparecimento da respectiva doença e não durante a ocorrência do surto no rebanho: após a aplicação da vacina, o organismo precisa de um certo tempo para poder produzir os anticorpos que o vão proteger contra determinada doença. Durante esse “período negativo de imunidade”, o animal, embora vacinado, não está protegido contra os micróbios causadores da doença.
3. Não vacinar animais doentes ou estressados. Evitar correria. Como o animal tem de produzir anticorpos para ficar protegido, é necessário que ele esteja em boas condições de nutrição e sanidade durante e após a vacinação. Assim, um animal estressado, doente, parasitado ou com carências alimentares fica prejudicado na sua capacidade de desenvolver uma resposta imunitária adequada aos componentes da vacina. Evitar, se possível, o estresse do transporte, desmame ou mistura de lotes simultaneamente com a aplicação da vacina. Imunizar os bovinos de preferência nos horários mais frescos do dia. Aplicar a vacina com tranqüilidade, sem a preocupação de bater recordes de animais vacinados por hora.
4. Manter a vacina em geladeira ou caixa de isopor com gelo, inclusive durante a aplicação. Não colocar em congelador. A temperatura correta para conservação é de 2oC a 8ºC. Colocar, se possível, um termômetro de máxima e mínima na geladeira.
5. Agitar o frasco antes de usar.
6. Não guardar frascos com vacina já usada; uma vez abertos, utilizar todo o conteúdo. Sobras de vacinas não utilizadas devem ser destruídas. Quando retiramos a vacina para colocar na seringa, normalmente introduzimos contaminantes. Assim, quando se estoca uma vacina já aberta, ela pode ter seu poder de proteção reduzido e provocar abscessos nos animais vacinados.
7. Usar apenas seringas e agulhas limpas e esterilizadas. Lavar e esterilizar por fervura as seringas e agulhas, após utilização. Não usar desinfetantes para limpeza de seringas e agulhas.
8. Antes de aplicar a vacina, verificar se a agulha é a indicada e se a seringa está calibrada para o volume da dose, tomando precauções para evitar bolhas de ar. Na aplicação subcutânea, usar de preferência agulhas 10 x 15 ou 15 x 15; na aplicação intramuscular, escolher agulhas 30 x 15.
9. O local correto da aplicação das vacinas é na tábua do pescoço, evitando as regiões de carnes nobres (linha dorso-lombar e posterior). Não vacinar em regiões do animal com presença de barro ou esterco.
10. Durante a vacinação, trocar de agulha com freqüência. Substituir imediatamente as agulhas com a ponta romba, aparência de sujas ou que tenham caído no chão.
11. Ao comprar gado, verificar se foi vacinado contra as doenças mais importantes nas regiões de origem e destino. Na dúvida, revacinar duas semanas antes de transportá-los. Ao chegar à fazenda, isolar os animais de fora e mantê-los em quarentena durante pelo menos por três semanas.
12. Quando vacinar os animais pela primeira vez contra qualquer doença (primovacinação), não esquecer de aplicar a segunda dose 1 a 2 meses após a primeira, ou de acordo com o programa de vacinação recomendado pelo fabricante ou o seu veterinário. Verificar se todos os animais receberam as duas doses de vacina, principalmente se forem bezerros com anticorpos maternos. Na primovacinação, a segunda dose é fundamental para obter níveis ótimos de proteção. Em muitas vacinas, a proteção dada por uma única dose é pequena e de curta duração, particularmente em presença de anticorpos maternos. A segunda dose de antígeno estimula as células de memória dos animais primovacinados, o que permite obter, rapidamente, resposta imunitária maior e de longa duração.

Em resumo, o sucesso de uma boa vacinação depende:
§ Da qualidade das vacinas adquiridas. A vacina eficaz é o melhor seguro que o produtor pode fazer para garantir a saúde do seu rebanho.
§ do esquema de vacinação utilizado na fazenda e do vacinador, que responde por todo o manejo da vacinação:
§ conservação da vacina
§ higiene do material empregado
§ modo de aplicação do produto
§ manejo dos bovinos vacinados

José Carlos Morgado é gerente técnico de Biológicos para Grandes Animais da Merial Saúde Animal Ltda, empresa líder em produtos para saúde animal no Brasil.

Texto Assessoria de Comunicações: Tel. (11) 3675-1818
Jornalista responsável: Altair Albuquerque (MTb 17.291)

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