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quinta-feira, abril 22, 2004

Projeto inova ao criar plantas em antigo lixão no Paraná

O local que serviu para receber todo o lixo proveniente da população de Campo Mourão (PR), durante cerca de 30 anos, começa a ser recuperado graças a um projeto científico desenvolvido por dois formandos do curso de Tecnologia Ambiental do Cefet - Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Considerado ecologicamente “morto” devido aos resíduos inorgânicos, parte do lixão poderá se transformar em um bosque, se o projeto vingar.
Além de serem plantadas em um local inusitado, as 1,2 mil mudas receberam adubação com lodo de esgoto doméstico proveniente das duas estações de tratamento da Sanepar. A conjugação dos dois fatores – uso do lixão com adubo de esgoto – valeu ao trabalho um lugar entre os finalistas do prêmio Superecologia, concurso promovido pela revista Superinteressante, da Editora Abril. Além dele, outro trabalho paranaense, de Cascavel, concorre ao prêmio em outra categoria.
O lodo de esgoto está garantindo o desenvolvimento das plantas. “Pouco a pouco, a vida está voltando ao local”, diz Marcelo Galeazzi Caxambu, professor orientador do estudo.
Os acadêmicos Nílson André Toneti e Roberto Ragazzi, ambos de 36 anos, desenvolveram a idéia a partir de sua experiência profissional. Toneti trabalha há seis anos como fiscal ambiental da prefeitura de Campo Mourão e Ragazzi atua há 13 anos na área comercial da Sanepar.
O primeiro se preocupava com a degradação da área que abrigava o antigo lixão da cidade. O segundo pensava em alternativas para lidar com o lodo de esgoto da empresa em que trabalha. Os dois decidiram associar as idéias e arquitetaram o projeto.
Mesmo com poucos recursos – eles receberam R$ 1 mil – , os formandos estão conseguindo bons resultados. “Trata-se de uma nova idéia. Talvez seja por essa razão a repercussão de nosso trabalho”, diz Toneti. A inovação decorre do emprego do lodo de esgoto (que normalmente é um problema para as estações de tratamento da Sanepar) nas covas onde são plantadas as mudas.
As plantas começaram a ser plantadas em 2003. Hoje já se observa um bom desenvolvimento da maioria delas. A quebra de 19,74% é considerada normal. “Quanto mais lodo de esgoto, melhor está sendo o crescimento das espécies”, diz Ragazzi. Os pesquisadores estão analisando o desenvolvimento das plantas. Após seu crescimento, eles vão verificar a fixação ao solo. Dependendo dos resultados, o bosque poderá ser ampliado. “Em alguns locais, temos até três metros de profundidade repleto de lixo doméstico. Ainda não sabemos como as mudas vão se comportar.”
Mesmo em meio a pneus, sapatos velhos, restos de tijolos e, até embalagens de produtos agrotóxicos, o atual estágio de desenvolvimento das plantas começam a dar uma nova vida ao local.
De acordo com o orientador do projeto, caso as árvores se desenvolvam e, conseqüentemente, formem um bosque, a idéia poderá ser uma alternativa para 60% dos municípios brasileiros, que ainda continuam com lixões a céu aberto. “Quem sabe não está aqui a solução para a recuperação de áreas degradadas em todo o país”, disse.

Fonte: Gazeta do Povo

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