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segunda-feira, julho 11, 2016

Embrapa Pantanal atende demandas e leva conhecimento a outros países






Guilherme Ferraz - Mapa mostra atuação da Embrapa Pantanal em países como Bolívia e Camarões, além de países parceiros em publicações
Mapa mostra atuação da Embrapa Pantanal em países como Bolívia e Camarões, além de países parceiros em publicações



Instalada em Corumbá (MS), município que faz fronteira com a Bolívia, a Embrapa Pantanal tem sido frequentemente requisitada por instituições para colaborar com o desenvolvimento da agropecuária do país vizinho. O pesquisador Alberto Feiden, da equipe de agricultura familiar, foi procurado em abril para transferir tecnologias a produtores bolivianos que pretendem cultivar hortaliças no modelo agroecológico.



Eles representavam a Secretaria de Desenvolvimento Produtivo do Governo de Santa Cruz, a FTE (Fundacion Trabajo Empresa) e a Sedacruz (Serviço Departamental Agropecuário de Sanidade e Inocuidade Agroalimentar de Santa Cruz). A preocupação dessas entidades é com o uso de agrotóxicos pelos agricultores familiares bolivianos.

No dia 30 de junho, a primeira ação prática foi realizada no assentamento 72, em Ladário (MS). Em parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a Embrapa Pantanal transferiu tecnologias a um grupo de agricultores familiares bolivianos.

As demandas da Bolívia não são tão recentes. Em julho do ano passado, um grupo formado por autoridades do Governo Departamental de Santa Cruz e por representantes da WWF Bolívia e WWF Brasil realizou uma visita técnica à Embrapa Pantanal e ao campo experimental Fazenda Nhumirim afim de realizar uma troca de experiências.

Essa visita foi uma demanda do Governo Departamental de Santa Cruz /Bolívia que, há dois anos, lançou um programa de Boas Práticas na Produção Pecuária para conhecer os trabalhos que a Embrapa vem desenvolvendo sobre a prática da pecuária sustentável e sobre o sistema de controle de trânsito animal no Brasil, que eles querem implantar no país vizinho. 

Na ocasião, o secretário de Desenvolvimento Produtivo de Santa Cruz, Luis Alberto Alpire, afirmou que o aprendizado com a Embrapa é de suma importância, pois Santa Cruz havia acabado de se tornar área livre de febre aftosa. "Para a conquista de mercados além mar é preciso ter um eficiente trabalho de vacinação, controle de entrada e saída de animais, manejo de gado, rastreabilidade, entre outros, e a Embrapa Pantanal é um exemplo em modelo de pesquisa nesta área, por isso queremos poder contar com uma parceria com a instituição, onde temos muito a aprender e a ensinar também."

A partir desta visita, foi iniciado um estudo sobre possível convênio entre o Governo Departamental de Santa Cruz de La Sierra e a Embrapa Pantanal com o objetivo de transferir tecnologias, gerar intercâmbio de conhecimentos e produzir publicações técnico-científicas e eventos científicos em conjunto.

Em junho deste ano, cerca de 40 estudantes do curso de veterinária da Udabol (Universidade de Aquino daBolívia) estiveram em Miranda (MS) para conhecer parte do trabalho realizado no curso técnico em agropecuária oferecido aos alunos da Fundação Bradesco. A Embrapa é parceira da fundação e organizou esse intercâmbio.

O pesquisador Frederico Lisita, da Embrapa Pantanal, também participou da visita para conversar com os alunos sobre o uso da bocaiuva, mandioca e moringa na alimentação de aves poedeiras – um trabalho de pesquisa desenvolvido por ele e pela pesquisadora Raquel Soares, da mesma instituição, em parceria com a Fundação Bradesco.

Os mesmos pesquisadores e seus conhecimentos sobre a alimentação alternativa para galinhas poedeiras estiveram recentemente envolvidos com pesquisas em agricultura familiar desenvolvidas em Camarões, na África. Um projeto desenvolvido naquele país abordou o uso de moringa e mandioca na alimentação das poedeiras de sistema semiextensivo em substituição ao milho e à soja. "A raiz da mandioca substitui o carboidrato do milho; a proteína da soja pode ser trocada pela da moringa", afirmou Raquel. Os resultados são relevantes para a região, pois Corumbá não produz soja e milho.

Em um segundo momento, outro projeto foi aprovado pelo CNPq, reunindo a Embrapa Pantanal, a Fundação Bradesco (Miranda-MS), a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e o pesquisador africano Christian Keambou Tiambo, da Universidade de Buea, em Camarões. Eles fizeram experimentos na Fundação Bradesco e na África confirmando que a bocaiuva poderia ser usada como um aditivo alimentar, uma fonte de energia da dieta das galinhas.


PUBLICAÇÕES
A atuação internacional da Embrapa Pantanal se reflete também em publicações com cientistas de outros países. O pesquisador Guilherme Mourão, do Laboratório de Vida Selvagem da Embrapa Pantanal, tem publicado ao longo de sua carreira artigos com parceiros internacionais. Nos últimos cinco anos, há registros de publicações com pesquisadores da University of Missouri, na Columbia, e do Southeast Ecological Science Center, na Florida (Estados Unidos), Blaustein Institute for Desert Research (Israel), Royal Zoological Society of Scotland (Escócia), Fundacion Amigos de la Naturaleza (Bolívia), além da coautoria com a francesa Nicole Duplaix, que está na Oregon State University (Estados Unidos). Outro artigo recente do pesquisador foi produzido em conjunto com cientistas da University of Queensland e da James Cook University, ambas da Austrália. 

Na área de limnologia, a pesquisadora Márcia Divina mantém parcerias consolidadas com os cientistas Steve Hamilton (Estados Unidos) e Renata Claudi (Canadá), atuando em publicações conjuntas e trocando experiências frequentemente com esses dois países em sua área de atuação.

O pesquisador Ubiratan Piovezan publicou artigo sobre circovirose com autores de outras instituições, incluindo Giovanni Franzo, da Universidade de Pádua na Itália. "É um artigo que vem sendo bastante citado internacionalmente", comenta. Ubiratan conta que o estudo está relacionado à origem e evolução dos circovírus, encontrado em várias regiões do mundo e também no Pantanal. "Uma cepa havia sido descrita apenas na década de 1980 na Dinamarca. Como explicar a diversidade encontrada, de onde surgiram as cepas?", questiona.

Também com a Itália, o pesquisador vem mantendo uma parceria que estuda a utilização dos pelos guarda na caracterização de raças bovinas locais brasileiras, trabalho que virou tese de doutorado defendida em junho pela bolsista da Embrapa Pantanal Gisele Aparecida Felix, orientada por Ubiratan. Gisele desenvolveu parte de seus estudos em Pádua. A técnica foi aplicada pela primeira vez na área da produção animal na caracterização de raças de ovinas autóctones da região do Veneto. O estudo com raças bovinas de corte é inédito.

Em 2011, Ubiratan publicou um artigo em coautoria com Arnaud Desbiez, da Royal Zoological Society of Scotland (Escócia), Alexine Keuroglian, da WCS (Wildlife Conservation Society-Brazil) e Richard Ernest Bodmer, da University of Kent, no Reino Unido. Até o momento, é um dos artigos mais citados do pesquisador e relata que o porco substitui espécies nativas como alvo da caça no Pantanal.

Ubiratan integra o grupo de especialistas em cervídeos (Deer Specialist Group) da IUCN – International Union for Conservation of Nature, bem como a Species Survival Comission, comissão que coordena esses grupos de especialistas.

O livro Dynamics of the Pantanal Wetland in South America (Dinâmicas do Pantanal na América do Sul), organizado pelos pesquisadores Ivan Bergier, da Embrapa Pantanal, e Mario Assine, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) foi lançado no início de 2016. Nele, participam cientistas da University of Kentucky (Estados Unidos), da Université de Toulouse (França) e da Linköping University (Suécia).

Também no início deste ano, o Pantanal ganhou visibilidade internacional com a publicação Freshwater Fisheries Ecology, livro editado pela Wiley Online Library, do Reino Unido. Na coletânea, o pesquisador Agostinho Catella relata o funcionamento da pesca profissional artesanal e amadora (ou recreativa) no Pantanal e sua relação com o ambiente.

Essas são algumas das parcerias registradas recentemente entre a Embrapa Pantanal e a comunidade internacional. Outros pesquisadores também têm se empenhado em produzir em coautoria com cientistas de outros países. Esses trabalhos têm sido divulgados por meio das próprias publicações e serão, oportunamente, difundidos em matérias como esta.

NO PAÍS
A atuação da Embrapa Pantanal no Mato Grosso do Sul e em outros Estados brasileiros também tem sido intensa. Apesar de o foco dos cientistas ser o Pantanal, o conhecimento acumulado por eles ao longo dos últimos anos tem sido requisitado por instituições parceiras. Esse intercâmbio é favorável também para a Unidade, pois a troca de experiências com outras regiões e outros biomas enriquece o trabalho de pesquisa desenvolvido no Pantanal.

Confira algumas dessas atuações:



Raquel Brunelli d'Avila
Jornalista - DRT/MS 113
Embrapa Pantanal
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Corumbá/MS

raquel.avila@embrapa.br

Fone: +55 (67) 3234-5882
Fax: +55 (67) 3234-5815



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