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segunda-feira, abril 07, 2014

Pecuária Brasileira: Pequenas atitutes, grandes resultados



Sergio Raposo de Medeiros (Pesquisador Nutrição Animal – Embrapa Gado de Corte)

Há cada 10 segundos, cerca de três toneladas de carne bovina são produzidas no Brasil, o que dá uma boa ideia como ela é grande em nosso país. Somos o maior exportado de carne bovina, atendendo a quase 150 países. Para 2014, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) projeta como meta faturar oito bilhões de dólares em exportações com a carne bovina.

Apesar do seu gigantismo, nossos índices produtivos médios estão muito aquém do potencial. Há vários motivos para isso, mas o super-pastejo, ou seja, o uso de mais animais do que a pastagem suporta, surge em destaque. O resultado é pasto degradado, sem condições de sustentar uma produção bovina com retorno econômico. Hoje, considera-se que mais da metade das nossas pastagens tenham algum grau de degradação.

Para um problema tão complexo, eis que um equipamento extremamente simples e de fácil uso pode contribuir grandemente para sua solução. É a régua de manejo que serve como referência para as alturas máximas e mínimas indicadas para pastejo dos principais capins utilizados no Brasil. Maiores informações sobre ela e em que altura os capins devem ser manejados podem ser obtidas em http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/folderusodaregua.pdf. A disseminação do seu uso pode ser um bom antídoto contra o super-pastejo, que é o primeiro passo para uma pecuária de sucesso no Brasil.

Outra característica marcante da pecuária brasileira é o fornecimento à vontade de misturas minerais nas pastagens, da qual poucos produtores tem dúvida dos benefícios. Com relação à ela, a maior preocupação deve ser quanto ao consumo dos suplementos. Valores médios de consumo, nem que sejam apenas do cálculo decorrente da divisão da diferença de estoque (Estoque Inicial – estoque atual) pelo número de animais e pelos dias que este estoque serviu a eles, são de grande valia. Se o valor obtido desta conta for menor que a recomendação de uso, é preciso estimular o consumo. No caso de ser superior, mas a diferença for pequena, menos mal, pois o maior prejuízo é quando ocorre deficiência dos minerais. É melhor sobrar do que faltar, pois a deficiência limita o desempenho do animal e reduz o retorno do investimento na suplementação. Se o consumo estiver muito superior, pode-se limitar o fornecimento.

Nossa produção quase exclusiva em pastagem nos dá uma grande vantagem, mas, como em grande parte onde se concentra o rebanho brasileiro há uma época seca bem definida, manter apenas com pasto e sal mineral é sinônimo de perda de peso na seca e avançada idade de abate. Felizmente, as técnicas de suplementação na seca estão bem evoluídas e há opções para variadas intensidades de investimento. O sal com ureia é a porta de entrada, com menor desembolso e, consequentemente, com resultado mais modesto: manutenção de peso. Os proteinados, que são misturas múltiplas contendo os minerais, ureia e ingredientes concentrados em proteína e energia, são de maior investimento (Consumo: 1 a 2 gramas/ kg peso), mas que resultam em ganhos de cerca de 300 g/cabeça, com ótima relação de benefício:custo. Por fim, para aqueles que pretendem maiores ganhos, temos o semi-confinamento, quando 10 g/kg peso ou mais é usado, para ganhos próximos a 1 kg/cabeça.dia, geralmente usado para terminação.

Ajuste de lotação das pastagens, mineralização nas águas e suplementação estratégica na seca são atitudes sem grandes complicações, mas que podem trazer grande benefício para o pecuarista. Antes de pensar em quaqluer outra tecnologia e investimento, vale à pena dar uma revisada a quantas andam esses fundamentos na propriedade.




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