AgroBrasil - @gricultura Brasileira Online

+ LIDAS NA SEMANA

quarta-feira, abril 28, 2004

Bambu barateia tratamento de esgoto doméstico

Um cilindro de aproximadamente um metro e meio de altura por 0,76 m de diâmetro, com fundo de forma cônica. Dentro, 70 quilos de caule de bambu cortados em pedaços de 6 cm de comprimento. Com esses componentes, pesquisadores do DSA - Departamento de Saneamento e Ambiente da FEC - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas, coordenados pelos professores Bruno Coraucci Filho e Roberto Feijó de Figueiredo, desenvolveram um dos mais baratos e eficientes métodos para o tratamento de esgoto doméstico. Esse sistema alternativo aos tradicionalmente empregados, denominado de reator anaeróbio com recheio de bambu, pode ser utilizado no tratamento de esgoto de pequenos e médios municípios brasileiros.
De acordo com o doutorando Adriano Luiz Tonetti, da FEC, esse método, combinado com outros sistemas complementares de tratamento – filtros de areia, valas de filtração, escoamento superficial e irrigação de cultura agrícola – possui a capacidade de produzir um efluente que possa ser reutilizado ou que, no caso de ser lançado em um corpo hídrico, não cause danos ao ambiente. Todos esses projetos são desenvolvidos na Estação de Tratamento de Esgotos Graminha, localizada na cidade de Limeira (SP), a 60 quilômetros de Campinas.

Eficiência compatível
Para a realização do estudo e avaliação da eficácia no tratamento do esgoto, uma parte do material que chega à estação é inicialmente desviada para ser processada por meio dos reatores anaeróbios. Esses reatores cilíndricos, que possuem em seu interior os caules de bambu, recebem o esgoto bruto na sua parte inferior que, no percurso até a região superior, entra em contato com microrganismos que aderem à superfície dos pequenos pedaços de bambu. Esses microrganismos acabam utilizando os compostos orgânicos e nutrientes contidos no esgoto, e seu processo metabólico acaba resultando na decomposição do material poluente.
"Trata-se de um sistema que já apresenta uma eficiência bastante compatível com os métodos tradicionais adotados nas estações de tratamento das grandes cidades brasileiras", segundo Saulo Bruno Silveira e Souza, pesquisador que está concluindo o mestrado na FEC.
O sistema proposto pelos pesquisadores da Unicamp possui baixa utilização de equipamentos mecanizados, uma vez que emprega materiais baratos e facilmente encontrados em diversas localidades, propiciando considerável vantagem de um tratamento simples e visivelmente econômico. No caso estudado, entravam no reator 10 litros de esgoto por minuto e o tratamento efetuado apresentou uma eficiência de aproximadamente 70% quanto à remoção de matéria orgânica "que, se lançada num manancial (ou qualquer outro curso d’água), afetaria consideravelmente a vida aquática do rio", observa o doutorando Adriano Luiz Tonetti.
Depois de passar pelo reator de bambu o esgoto, parcialmente tratado, evidentemente mais limpo, vai para um tratamento complementar, onde o líquido é aplicado sobre um filtro de areia. "O efluente que sai desse segundo reator pode ser reutilizado para uma série de outras finalidades, como por exemplo para descarga sanitária, lavagem de calçadas, jardinagem ou qualquer outra atividade doméstica. Não serve, é evidente, como água potável ou para ser utilizada na cozinha, para o preparo de alimentos", ressalva Adriano.
Verificou-se que os resultados obtidos por meio desse processo foram superiores às expectativas: as normas brasileiras determinam que se aplique, no máximo, 100 litros de esgoto por metro quadrado de superfície de areia. No entanto, chegou-se a aplicar três vezes mais volume de esgoto e o resultado obtido foi bastante superior ao definido pela legislação, garante o pesquisador.

Fonte: Jornal da Unicamp

Nenhum comentário:

+ LIDAS NOS ÚLTIMOS 30 DIAS

Arquivo do blog