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quarta-feira, junho 25, 2014

A “Esquerda Caviar” desconhece os pobres!

Dia 1° de abril de 2014 (popularmente conhecido como dia da mentira), fiquei sabendo do lançamento do primeiro livro de Flávio Quintela “Mentiram (e muito) para mim” o evento seria naquele mesmo dia, por volta das 18:30h na Livraria da Vila, no Shopping Higienópolis. Não conhecia o autor mas achei interessante a proposta do livro. “Soltei os pés” como dizemos nos Correios e entreguei as cartas o mais rápido que consegui pois estava na região do terminal Sapopemba e o evento seria do outro lado da cidade.

Fui vestido de carteiro mesmo, sabia que o ambiente é diferente do que encontro aqui na periferia, mas não carrego o tão ultimamente dito “complexo de vira-latas”. Na Livraria da Vila adquiri o meu livro e fui ao local reservado, onde o autor autografava. Na fila, conheci um rapaz que saia do trabalho como eu e fora direto para o evento, educadamente me pediu que o fotografasse com Flavio Quintela e gentilmente o fiz, o rapaz se chama Wilson, jovem, reacionário, aluno de Olavo de Carvalho e a simpatia em pessoa (nos tornamos amigos).
Flavio Quintela me recebeu como se fosse um amigo antigo, aquele que há muito tempo não via (fiquei surpreso). Fui lhe dizendo de onde vim e da satisfação de estar naquela noite o prestigiando no lançamento de seu primeiro livro e claro, disse-lhe que sou um dos tantos reacionários: pobre, favelado e reaça! Me perguntou por qual motivo não escrevia essa história (minha história), parou a fila de autógrafos, chamou sua esposa Alê Quintela que gentilmente me recebeu. A sensação que tive no momento foi de estar entre amigos. Fui prestigiar o autor em sua noite de glória e sai de lá me sentindo prestigiado. Posteriormente Quintela, em seu blog, escreveu sobre mim. Confesso que me emocionei com suas tão verdadeiras palavras dedicadas a mim (https://maldadedestilada.wordpress.com/2014/04/10/reacionarios-da-favela/).

Um pouco menos de dois meses se passaram daquela noite de autógrafos com Flavio Quintela, fiquei sabendo que a adolescente Isadora Faber, criadora da página no Facebook “Diário de Classe”, estaria em São Paulo para o lançamento do seu primeiro livro que leva como título o nome de sua página. Dessa vez o lançamento seria na Livraria Cultura do Conjunto Nacional na Avenida Paulista. Convidei o Wilson jovem reacionário que conheci dois meses atrás, combinamos de nos encontrar lá. Vi na descrição do evento que haveria uma conversa da autora com Gilberto Dimenstein e outros dois professores que até então desconhecia quem eram e onde trabalhavam.

A conversa foi no teatro Eva Herz, fiquei um tanto incomodado com os adultos naquele palco, fomos lá conhecer e escutar Isadora Faber, o evento era dela, no entanto, quem menos falou foi a menina. Alguns podem dizer que é tímida e de poucas palavras, lhes digo que “quiseram ter mais realeza do que o próprio rei” e silenciaram com seus egos inflamados a autora. Perguntas sem sentido, embasamento, parecia mais “o que é o que é” do que um diálogo com o autor (a), alguns naquele teatro estavam perdidos a começar pelo palco.

Poucos minutos ao final foram reservados às perguntas do público. Um dos questionamentos me surpreendeu bastante, Marcelo Centenaro (que até então não conhecia), perguntou a Isadora sobre um livro de Ayn Rand – “A Revolta de Atlas”, pois, a adolescente tinha postado na rede social uma foto com esse livro em mãos. Posteriormente conheci o Marcelo aqui pelo Facebook e descobri que ele é colunista do Reaçonaria e que inclusive tinha postado suas impressões sobre o evento, citando minha participação. (http://reaconaria.org/colunas/marcelocentenaro/lancamento-do-diario-de-classe/ ).

Levantei a mão pedindo a palavra, queria questionar Isadora. Dimenstein havia pedido que “quem fosse perguntar, falasse nome, profissão e de onde era”. Me apresentei: “Sou o Gil, carteiro, e moro em São Mateus.” Nesse momento Dimenstein me interrompeu: “Carteiro, como assim carteiro, o que um carteiro faz?” (Sic). Guardo mentalmente a fisionomia dele e complemento a pergunta que ele me fez: “Carteiro, como assim carteiro, o que um carteiro fazAQUI?” (o destaque é meu). Respondi o óbvio: “Carteiros entregam cartas!”. Entendo a reação, há pessoas que só ouvem falar de pobres, trabalhadores e afins nas rádios, tevê e jornais.

Perguntei a Isadora Faber sobre a presença da sua família em sua vida escolar, citei meu exemplo, pois, aqui em São Paulo nas escolas da rede municipal onde meus filhos estão matriculados foi retirado do calendário escolar o “Dia das Mães” e “Dia dos Pais”, substituídos pelo “Dia de quem cuida de mim” – travo até hoje uma “guerra” particular com a postura que essas escolas adotaram, inclusive, Reinaldo Azevedo publicou em seu blog o meu relato sobre o caso e noticiou na rádio Jovem Pan. (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/escolas-de-sp-acabam-com-o-dia-das-maes-e-institui-o-dia-dos-cuidadores-viva-o-fim-da-familia-prefeito-fernando-haddad/ ).

Mais uma vez fui interrompido por Dimenstein, ele queria saber mais sobre ”O Dia de Quem Cuida De Mim”, notei que ficou incomodado quando citei a revista Veja e Reinaldo Azevedo, Dimenstein já fora duramente criticado por Reinaldo. Isadora respondeu brevemente e Dimenstein com uma indireta para mim, chamou a “cuidadora” de Isadora (Mel Faber) para responder meu questionamento. Dona Mel disse ser participativa e me revelou que em Santa Catarina não celebram mais o “Dia das Mães e dos Pais” (a revolução cultural chegou lá primeiro). Fiquei triste pela notícia, porém satisfeito com a resposta. Acabaram ali as perguntas e fomos aos autógrafos e as fotos com Isadora.

Não consigo deixar de comparar os dois eventos que participei. De um lado Flavio Quintela me recebendo como um amigo em seu evento. Do outro lado Gilberto Dimenstein, espantado com a presença de um carteiro naquele ambiente. Refletindo um pouco mais, fica visível tal diferença de atitude. Quintela segue uma determinada linha política, Dimenstein segue outra. Quintela poderia ser rotulado como de direita, reacionário, conservador,” inimigo dos pobres”, etc. Já Dimenstein segue a linha da “Esquerda caviar” tão bem detalhada por Rodrigo Constantino. O esquerdista não sabe nem o que um carteiro faz…Carteiro entrega correspondência Sr. Gilberto. Aliás, carteiros, pobres, estudantes como eu consomem cultura, lêem, debatem, estudam, se esforçam para ser o melhor que puderem para si e para os seus!

Sou o Gil Diniz, retirante nordestino, carteiro, pobre, favelado, casado e pai de dois filhos, sou um dos milhões de reacionários que não vendem sua dignidade para partido algum!

Fonte: Reaçonaria

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